A maior feira do setor de máquinas agrícolas confirmou o fim da era dos fósseis e revelou quais tecnologias estão realmente prontas para substituir o diesel. HVO, hidrogênio, metano ou elétricos: quem venceu a corrida em Hannover?
O agronegócio mundial chegou à Agritechnica 2025 com uma das questões mais cruciais das últimas décadas: o que moverá os tratores do futuro? Com as metas globais de neutralidade de carbono se aproximando, e marcos importantes já fixados para 2045, a pressão para aposentar o diesel fóssil deu o tom do evento.
A principal feira mundial de máquinas agrícolas trouxe as respostas esperadas. Diferente de edições anteriores focadas em conceitos futuristas, a edição de 2025 foi marcada por equipamentos prontos para a produção, demonstrando que a transição energética deixou de ser uma promessa e se tornou realidade comercial nos estandes.
Para os fabricantes, ficou claro que o desafio superou a simples troca de motores. Os sistemas apresentados exigiram reformulações completas da arquitetura das máquinas, impactando peso e espaço. Para o produtor rural que visitou a feira, a discussão central foi a viabilidade operacional e os investimentos necessários na infraestrutura da fazenda para receber esses novos “combustíveis”. Diante do que foi exposto em Hannover, analisamos as principais alternativas que deixaram as pranchetas e chegaram ao mercado.
A Solução Imediata: Combustíveis Líquidos Alternativos
A feira consolidou a via mais rápida para a transição: manter o motor a combustão interna, trocando apenas o que vai no tanque.
- HVO (Óleo Vegetal Hidrogenado): Foi a grande estrela para o curto prazo. Confirmou-se como um combustível “drop-in”, usado em motores diesel padrão expostos sem necessidade de modificações (mediante aprovação) e misturado ao diesel fóssil. O alerta que permaneceu foi sobre sua alta demanda em outros setores, o que ainda limita a disponibilidade e pressiona os preços.
- Óleo Vegetal Puro (P100) e Sintéticos (E-fuels): Também marcaram presença. Enquanto o P100 exigiu adaptações visíveis nos motores devido à viscosidade, os E-fuels ainda se mostraram uma promessa cara e pouco escalável para o momento atual, devido ao processo de produção intensivo em energia.
O híbrido convencional: A hibridização de motores diesel fósseis com componentes elétricos foi vista na feira mais como uma tecnologia de transição pontual do que como uma solução definitiva para as metas de CO2.

A Realidade dos Gases: Metano e Hidrogênio
Os motores de combustão interna movidos a gás tiveram destaque, mas a feira evidenciou os desafios logísticos para o campo.
Os modelos a metano (GNL ou GNC) e hidrogênio apresentados exibiram tanques significativamente maiores para tentar equiparar a autonomia do diesel, confirmando a menor densidade energética desses combustíveis. Ficou claro para os visitantes que a pegada de carbono positiva dessas máquinas depende inteiramente de uma produção de gás com energia limpa, algo que ainda pesa no custo final.O Teto da Eletrificação: Confirmado o limite para os gigantes
A Agritechnica 2025 provou que a eletrificação total tem uma barreira física clara no agronegócio.
- Para os pequenos: A propulsão elétrica a bateria (BEV) dominou o segmento de máquinas até 100-130 cv. Tratores utilitários e carregadeiras elétricas foram abundantes, provando serem viáveis para operações que permitem recargas intervaladas.
- Para os gigantes: Não houve milagre. A necessidade de carga contínua em tratores pesados confirmou que baterias atuais seriam inviáveis por peso e custo. As Células de Combustível (FCEVs) apareceram como alternativa, mas ainda esbarraram na complexidade técnica e alto custo para adoção em massa.
O futuro é plural
A grande lição deixada pela Agritechnica 2025 foi a inexistência de uma “bala de prata”. Não houve um substituto universal único para o diesel nos pavilhões de Hannover.
O evento consagrou os motores multicombustíveis (flexíveis para diesel, biodiesel ou óleo vegetal) como a aposta mais segura para o presente. A feira deixou claro: a tecnologia vencedora não será apenas a mais limpa, mas a que equilibrar melhor a redução de emissões com o bolso e a realidade operacional do produtor rural.
Escrito por Compre Rural com informações do www.agritechnica.com
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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