Afagro alerta para risco de precarização da Defesa Agropecuária

A ausência de servidores administrativos obrigará o deslocamento de fiscais estaduais agropecuários e técnicos agrícolas para tarefas burocráticas, muitas vezes apenas para manter escritórios abertos e não interromper o atendimento à população.

A Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) manifesta profunda preocupação com a descontinuidade iminente do serviço de apoio administrativo nas Inspetorias de Defesa Agropecuária (IDAs) e no nível central da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação (Seapi). O contrato que garante 150 auxiliares administrativos nessas unidades expira na terça-feira (30/9/2025) sem que a administração tenha providenciado em tempo hábil um processo licitatório para garantir a continuidade da prestação do serviço. A previsão é de que o restabelecimento da contratação leve pelo menos noventa dias. Nesse período, a ausência de servidores administrativos obrigará o deslocamento de fiscais estaduais agropecuários (médicos veterinários, engenheiros agrônomos, engenheiros florestais) e técnicos agrícolas para tarefas burocráticas, muitas vezes apenas para manter escritórios abertos e não interromper o atendimento à população.

Essa “medida emergencial” de alteração da rotina compromete diretamente a qualidade do trabalho de defesa agropecuária, gerando riscos sanitários relevantes. Atividades essenciais, como a mitigação de risco para doenças de grande impacto econômico, como Febre Aftosa, Peste Suína Clássica e Influenza Aviária, bem como o acompanhamento de certificações de propriedades livres de brucelose e tuberculose e de granjas de reprodução de aves e suínos, correm o risco de serem classificadas como “não prioritárias”. Essa situação fragiliza o serviço de defesa sanitária, colocando em xeque conquistas históricas do Estado e abrindo brechas para prejuízos irreversíveis ao agronegócio gaúcho e, por consequência, ao brasileiro.

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Para conseguir cobrir esse desfalque de administrativos, também há previsão de redução das convocações das equipes de fiscalização de fronteiras, o que fragiliza os controles contra o ingresso ilegal de animais no território brasileiro e enfraquece o apoio prestado pelo Serviço Agropecuário Oficial às forças de segurança no combate a crimes de abigeato e às fraudes no agronegócio, além de limitar a participação em forças-tarefa de segurança alimentar promovidas pelo Ministério Público Estadual. Trata-se de um retrocesso preocupante que compromete não apenas a sanidade agropecuária, mas também a segurança do produtor rural e a credibilidade do Estado frente a parceiros comerciais. Além dos riscos, a solução improvisada acarretará gastos adicionais ao erário, estimados em mais de R$ 400 mil em diárias até o final do ano, sem contar despesas com deslocamentos, combustíveis e veículos, em um claro exemplo de má gestão de recursos públicos.

É importante lembrar que o agronegócio representa quase 40% do PIB do Rio Grande do Sul. Negligenciar a defesa agropecuária significa comprometer não apenas a segurança sanitária, mas também a base econômica do Estado, que sustenta milhares de empregos e é responsável por grande parte da geração de renda e de divisas. Cabe à Seapi a responsabilidade de proteger esse patrimônio estratégico, e isso não pode ser colocado em risco por decisões equivocadas ou pela falta de planejamento.

A Afagro alerta que a adoção de medidas efêmeras e emergenciais, como a anunciada contratação de temporários para desempenhar as mesmas atribuições dos Fiscais Estaduais Agropecuários, não resolve a crônica defasagem de pessoal da Seapi. Pelo contrário, amplia a precarização do serviço e demonstra a ausência de planejamento estratégico em uma área vital para a economia do Rio Grande do Sul.

O setor agropecuário, responsável por parcela significativa da riqueza e do emprego no Estado, depende de uma Defesa Agropecuária forte, estável e tecnicamente preparada. Por isso, a Afagro defende com firmeza a necessidade de uma estrutura permanente, construída via concurso público, capaz de dar sustentação às demandas atuais e futuras.

A defesa sanitária, o controle de fronteiras, o apoio à segurança rural e a saúde pública devem ser tratadas como prioridade.

O Rio Grande do Sul conquistou reconhecimento internacional graças à seriedade do seu serviço agropecuário. É dever do Estado preservar e fortalecer essa estrutura, sob pena de colocar em risco um dos pilares do desenvolvimento econômico e social gaúcho.

Fonte: Afagro

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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