Agro deve crescer 16,7% em 2023, mas 2024 terá queda, aponta Ipea

A estimativa de crescimento para o setor agropecuário em 2023 foi revisada para 16,7%, o que se justifica principalmente pela revisão dos resultados dos trimestres anteriores e por estimativas mais positivas para a produção de cana-de-açúcar e de bovinos no ano. E para 2024?

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou sua projeção, divulgada na segunda-feira, 18, para o valor adicionado (VA) do setor agro brasileiro em 2023, elevando-a de 15,5%, conforme divulgado na Nota de Conjuntura nº 29 da Carta de Conjuntura nº 60, para 16,7% com base nas novas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) e nos resultados mais recentes das Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais, do Leite e da Produção de Ovos de Galinha – todas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Após um crescimento expressivo em 2023, que pode inclusive vir a ser o maior do setor na série histórica do Sistema de Contas Nacionais, a perspectiva para o ano seguinte é negativa. Neste cenário para 2024, a estimativa foi revista de um crescimento de 0,4% para uma queda de 3,2% após a divulgação dos primeiros Prognósticos de Safra do IBGE.

Sertanejo Amado Batista vende mais de 25.000 bovinos; Vídeo

VA do setor agropecuário em 2023

A estimativa de crescimento para o VA do setor agropecuário em 2023 foi revisada para 16,7% (gráfico 1), o que se justifica principalmente pela revisão dos resultados dos trimestres anteriores e por estimativas mais positivas para a produção de cana-de-açúcar e de bovinos no ano. As taxas de crescimento interanuais do primeiro e segundo trimestres tiveram suas altas revistas de 18,8% e 17,0% para 22,9% e 20,9%, respectivamente.

A principal justificativa para a revisão do crescimento nos trimestres anteriores foi a sequência de revisões positivas para as estimativas de crescimento das produções de soja e milho, que devem apresentar expansão de 26,9% e 18,9% respectivamente (a tabela 1 mostra as revisões por produto). Os resultados dessas duas culturas foram determinantes para o bom desempenho do setor apresentado nos dois primeiros trimestres do ano. No que se refere às culturas que apresentam parte significativa de sua colheita no final do ano, destaca-se a cana-de-açúcar, que teve sua estimativa de produção revista de alta de 8,6% para crescimento de 13,5%.

Esse bom desempenho esperado foi importante para o crescimento apresentado pelo setor no terceiro trimestre e também deve contribuir positivamente para o último trimestre do ano. Em sentido contrário, a previsão para a produção de trigo sofreu elevada revisão, saindo de um crescimento esperado de 8,2% para uma queda de 11,3%. Segundo o IBGE, a revisão se deu por conta do excesso de chuvas durante o ciclo, reduzindo a produtividade em estados com produção relevante como o Rio Grande do Sul e o Paraná.

No caso dos produtos da pecuária, todos apresentam alta no resultado acumulado do ano até o momento, com destaque para a produção de bovinos, que cresceu 10,0% de janeiro a setembro em comparação com igual período do ano anterior. A manutenção do ritmo de abates de bovinos foi o principal motivo pelo qual revisamos a nossa previsão, saindo de alta de 7,0% para um crescimento de 10,3%.

VA do setor agropecuário em 2024

Após um crescimento expressivo em 2023, que pode inclusive vir a ser o maior do setor na série histórica do Sistema de Contas Nacionais, a perspectiva para o ano seguinte é negativa. Para 2024, nossa expectativa foi revista de um cenário próximo à estabilidade para uma queda de 3,2% no VA do setor. A estimativa foi feita com base, principalmente, nos novos dados do Prognóstico de Safra do IBGE. A pesquisa conta com estimativas negativas para a produção de diversas culturas importantes para a lavoura. Entre as cinco principais culturas, são esperadas quedas de 9,5% na produção de milho, 5,4% na produção de cana-de-açúcar e 4,4% na produção de algodão.

Soja e café, em contrapartida, devem apresentar expansão de 0,6% e 8,4%. Após um ano de crescimento elevado para a produção de soja, as estimativas para 2024 apontam uma alta esperada de apenas 0,6%, o que não deve ser suficiente para contrabalançar o resultado negativo das demais culturas.

No sentido contrário, a pecuária deve ter um ano positivo, com todos os segmentos apresentando crescimento, assim como em 2023. A contribuição positiva da pecuária pode amenizar o resultado ruim esperado para a lavoura principalmente se o ritmo de abate de bovinos se mantiver por boa parte de 2024. O segmento, que possui o maior peso na pecuária, tem sido destaque em 2023, e seu bom desempenho recente nos levou a rever nossa estimativa de produção para o ano seguinte de uma alta de 0,1% para uma alta de 3,1%.