Agro deve ser a força motriz da economia brasileira em 2023

Segundo análise de especialistas, mesmo com a desaceleração da economia, agropecuária possivelmente vai ser o maior fator de impulso para o crescimento do país

Foi nítida a perda de potência da atividade econômica no quarto trimestre de 2022, segundo avaliação de analistas após a divulgação pelo IBGE na manhã desta quinta-feira (2) dos dados do Produto Interno Bruto (PIB). A economia contraiu 0,2% no quarto trimestre ante o trimestre anterior, mas fechou com crescimento de 2,9% no ano fechado. Os especialistas disseram que o impacto da política monetária contracionista já aparecem e que devem permanecer no início de 2023.

Rafaela Vitória, economista chefe do Banco Inter, ponderou que, apesar do bom crescimento no acumulado do ano (2,9%), a maior parte da alta foi concentrada no 1º semestre do ano, ainda refletindo a retomada do consumo das famílias pós pandemia e o ciclo investimentos que estava em curso.

Nesse PIB anual, a Mirella Hirakawa da AZ Quest, destacou que o principal driver foram os Serviços. Na ótica da demanda, o destaque foi do consumo das famílias, com uma alta de 4,3%. Um dado negativo pelo lado da oferta no ano passado foi o desempenho da Agropecuária, com uma queda de 1,7%, explicada principalmente pela soja, com contração de 11,4%. Mas Mirella alertou que os levantamentos recentes da safra atual já apontam para uma direção contrária.

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Foto: Isabella Luiza

“Olhando para a frente, a Agropecuária possivelmente vai ser o maior fator de impulso para o crescimento da economia ao longo de 2023”, previu Mirella. A AZ Quest deve fazer em breve uma revisão para cima da projeção do PIB de 2023, tanto por conta da estimava para o Agro quanto pelo carrego estatístico de 0,2% do PIB do ano passado.

Danilo Passos, economista da WHG, disse que a dinâmica da economia exposta nos dados do IBGE já era esperada, com no Serviços e Agro trazendo contribuição positiva do lado da oferta – e a Indústria em contração. “Quando a gente pensa nesses fundamentos de médio prazo, tudo aponta para um crescimento mais fraco neste ano. O que pode ajudar a segurar a onda, principalmente no primeiro semestre é o PIB agrícola”, afirmou.

Daniel Sinigaglia, economista da Garde, disse que números do PIB vieram em linha a expectativa e reforçaram a visão de um crescimento mais baixo para 2023. “Projetamos crescimento de 1,2% no ano, na esteira da forte expansão da atividade agrícola, que deve incidir mais fortemente sobre o primeiro trimestre.”

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Foto: Enga. Civil Amanda Apolinario Matos

Perspectivas do setor

De acordo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), maior entidade representativa do setor agrícola do país, o Produto Interno Bruto (PIB) do agro encerrou o ano de 2022 com uma queda de 4,1% em relação ao ano anterior, decorrente da quebra da safra de soja e do aumento dos preços dos defensivos agrícolas e fertilizantes provocado, principalmente, pela guerra da Rússia e Ucrânia.

Contudo, novas projeções da CNA indicam que o agronegócio brasileiro, que é o motor da economia no setor externo, deve voltar a crescer nesse ano de 2023. A CNA indicou que o PIB do agronegócio deve terminar o ano de 2023 com um crescimento de 2,5% em relação a 2022. A estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) é ainda maior, com um crescimento de 8% no mesmo período.

Tais projeções se traduzem pela expectativa da safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas, vez que, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tal safra deve alcançar 296,2 milhões de toneladas – o que corresponderá a um aumento de 12,6% em relação ao resultado de 2022 ou 33,1 milhões de toneladas de grãos.

Foto: Fazenda Porangaba

O agronegócio no Brasil tem se mostrado um dos segmentos econômicos de maior evolução e capacidade de gerar riquezas e reduzir as disparidades sociais. Hoje, a cadeia produtiva é responsável por mais que a metade das exportações e por cerca de 26% do produto interno bruto brasileiro, mesmo considerando a crise instalada com a pandemia do COVID-19.

A atividade agrícola para exportação tem sido um importante propulsor para o crescimento do produto interno brasileiro. O agronegócio hoje é responsável por 52,2% de tudo exportado no Brasil, e este resultado está ligado à alta produtividade motivada por incrementos tecnológicos usados no campo.

Com Informações da Infomoney

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