“Agro não precisa invadir terra indígena para crescer”

Marcello Brito afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que o julgamento vai mostrar qual país o Brasil quer ser no futuro; Confira!

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito disse na noite desta segunda-feira (30/8), no programa Roda Viva, da TV Cultura, que o agronegócio brasileiro não precisa invadir terras indígenas para crescer.

Apesar de não ter dito se apoia ou não a tese do “marco temporal” para a demarcação de terras indígenas, que terá o julgamento retomado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana, Brito afirmou que o julgamento vai mostrar qual país o Brasil quer ser no futuro.

“O agro não precisa invadir terra indígena para crescer”, disse o presidente da Abag no programa de classificação. Sem citar a fonte dos dados, Brito afirmou que o agronegócio brasileiro ocupa 70 milhões de hectares com cultivos, e 170 milhões com pecuária, além de áreas de floresta que foram degradadas. Segundo ele, há espaço para aumento de produção através de uma melhor produtividade.

A tese do “marco temporal” defende que só podem ser consideradas áreas indígenas naquelas já ocupadas pelos chamados povos originários até 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição. Produtores rurais têm defendido a manutenção do “marco temporal”.

O presidente da Abag não disse se defende a tese, mas afirmou que o julgamento deixará “justiçados e injustiçados”. Sobre outro tema caro ao setor, o projeto da regularização fundiária, aprovado pela Câmara dos Deputados no começo do mês, Brito afirmou que as mudanças que tornem mais fácil a regularização de terras são necessárias para facilitar o financiamento ao produtor.

“Quando você tem uma terra, um lote, na cidade ou no campo, que não consegue comprovar uma propriedade, não consegue financiar, ou consegue apenas com juros muito altos”, comentou. “(As mudanças na regularização) Não é para acabar com o desmatamento ilegal, como as pessoas falam. É uma questão econômica, do desenvolvimento do país.”

O projeto de lei 2.633, aprovado pela Câmara, é criticado por especialistas na área ambiental, que considera que ele fragiliza a regularização de terras. O texto precisa ser analisado pelo Senado.

Voto de confiança

Marcello Brito afirmou, ainda, que “o voto de confiança” dado a integrantes do poder político não foi honrado, embora não tenha citado nomes. A Abag foi uma entidades das que assinou manifesto de associações representativas de subsetores do agronegócio solicitando pacificação entre os poderes, e a favor da democracia, nesta segunda-feira.

“O voto de confiança foi dado, e a confiança não foi retribuída”, disse Brito no Roda Viva . O presidente da Abag afirmou ainda que, neste momento, como entidades não podem se omitir. “Talvez a gente tenha sido condescendente por um tempo longo demais. A omissão não se admite em tempos de pressão como agora.”

A Abag havia confirmado que assinaria um manifesto pela pacificação do país que, entre outras entidades, conta com adesões da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Este manifesto, que levou os bancos públicos Banco do Brasil e Caixa a manifestarem a intenção de deixar a Febraban, teve a publicação adiada. Como entidades do agro, porém, divulgaram um texto próprio.

Brito afirmou que como necessário ser centradas no agravamento da desigualdade social, que tem levado milhões de brasileiros à pobreza e à fome. O presidente da Abag reduziu a importância de divergências entre entidades do setor com relação ao governo.

Segundo Brito, como entidades que assinaram o manifesto a favor da democracia – a Abag entre elas – olham o Brasil para “além de 2022”, mas evitou fazer críticas a órgãos que se manifestaram a favor do presidente Jair Bolsonaro.

“Eu tenho grandes amigos sojicultores, ea gente senta e conversa. Uns se sentem representados de uma forma, outros de outra”, afirmou ele. No começo do mês, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Antônio Galvan, manifestou apoio aos atos de 7 de setembro, apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Ele foi alvo de operação da Polícia Federal no último dia 20, que investigou suspeitos de envolvimento com uma organização dos protestos, que nas primeiras convocações, pediam o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Fonte: Estadão Conteúdo

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