AgroFraude: “Golpe do Grão” movimentou mais de R$ 120 milhões na venda de grãos

Megaoperação nacional denominada AgroFraude desarticula quadrilha especializada em fraudes eletrônicas no agronegócio; mais de 40 pessoas são investigadas por golpe na venda de grãos

A Polícia Civil de Goiás deflagrou, nesta terça-feira (7), a Operação AgroFraude, uma das maiores ações já realizadas contra crimes virtuais no agronegócio brasileiro. A investigação revelou uma rede criminosa altamente organizada que, ao longo de cinco anos, aplicou o chamado “golpe do falso intermediário” na comercialização de grãos, principalmente milho, movimentando mais de R$ 120 milhões em transações fraudulentas.

O “Golpe do Falso Intermediário” começou a ser investigado após diversas denúncias de produtores rurais lesados. Segundo a Polícia Civil, os criminosos se passavam por compradores legítimos junto a corretores de grãos, obtendo informações reais sobre os produtos — como fotos, vídeos, qualidade, quantidade e localização.

De posse desses dados, os integrantes da quadrilha se apresentavam como vendedores a outros corretores e compradores, fechando negócios fraudulentos. Os pagamentos eram feitos diretamente para contas dos golpistas, e as vítimas só percebiam o prejuízo após o não recebimento da mercadoria.

Mais de 10 produtores foram vítimas apenas em Rio Verde (GO), com prejuízo estimado em R$ 1 milhão, mas o esquema se estendia por todo o país, com atuação simultânea em nove estados e no Distrito Federal.

Abrangência da operação

A operação foi conduzida pelo Grupo Especial de Investigações Criminais (Geic) de Rio Verde (GO) e mobilizou centenas de policiais em dez unidades federativas. Foram cumpridas mais de 80 medidas judiciais, incluindo:

  • 41 mandados de prisão temporária
  • 46 mandados de busca e apreensão domiciliar
  • bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens

As ações ocorreram em Cuiabá e Várzea Grande (MT), Brasília (DF), Paraguaçu Paulista (SP), Cascavel (PR), Joinville (SC), Portão (RS), Manaus (AM), Rio Branco (AC) e São Gonçalo do Piauí (PI).

Durante as diligências, foram apreendidos veículos de luxo, eletrônicos e documentos, que ajudarão a rastrear o destino dos valores desviados. A base principal da quadrilha estaria localizada em Mato Grosso, segundo o delegado Matheus Dutra.

AgroFraude: “Golpe do Grão” movimentou mais de R$ 120 milhões na venda de grãos

Organização criminosa sofisticada

A investigação identificou mais de 40 pessoas diretamente envolvidas, com divisão clara de funções dentro do grupo:

  • Operadores telemáticos: responsáveis pela engenharia social e coleta de dados.
  • Operadores financeiros: encarregados de movimentar o dinheiro entre contas e empresas de fachada.

As movimentações financeiras eram incompatíveis com as rendas declaradas, evidenciando o caráter ilícito das transações.

Os investigados responderão por:

  • Estelionato qualificado pela fraude eletrônica (Art. 171, §2º-A do Código Penal)
  • Associação criminosa (Art. 288 do Código Penal)
  • Lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98)
AgroFraude: “Golpe do Grão” movimentou mais de R$ 120 milhões na venda de grãos

Impacto no agronegócio e alerta aos produtores

O golpe na venda de grãos atingiu principalmente pequenos e médios produtores, corretores de grãos e empresas de intermediação agrícola, comprometendo a confiança nas negociações virtuais do setor. A Polícia Civil alerta para que produtores redobrem a atenção em transações eletrônicas, verificando a identidade dos compradores e vendedores, exigindo contratos formais e consultando cadastros oficiais.

Segundo as autoridades, trata-se de uma das maiores operações de combate a fraudes virtuais no agro, e as investigações continuam para identificar novos envolvidos e recuperar os valores desviados.

A Operação AgroFraude expõe uma realidade preocupante: a crescente sofisticação de golpes digitais no agronegócio brasileiro, que movimentam cifras milionárias e prejudicam a credibilidade de todo o sistema de comercialização rural. O caso serve de alerta para o setor, que deve investir em segurança digital, verificação de dados e capacitação de profissionais para evitar novas fraudes.

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