Levantamento combinou informações de 7,8 milhões de imóveis rurais no Brasil, a partir do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com os dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE.
Complementando seu portfólio de análises e indicadores que permitem uma melhor compreensão do cenário agropecuário nacional, a Agroicone acaba de lançar o IDR-CAR, Índice de Desenvolvimento Rural para o CAR (Cadastro Ambiental Rural), que visa mensurar o desenvolvimento socioeconômico no contexto dos imóveis rurais no país.
O levantamento tem como objetivos ser uma ferramenta para pesquisa em agropecuária e políticas públicas, além de um suporte para a tomada decisões no âmbito privado e mitigação das mudanças climáticas, explicam Leila Harfuch, Lauro Marques Vicari e Gustavo Dantas Lobo, pesquisadores da Agroicone responsáveis pelo trabalho.
“O IDR-CAR é um avanço de inteligência territorial proposto pela Agroicone, baseado na incorporação de mais uma camada de análise na pesquisa da agropecuária sustentável, e, talvez, a mais negligenciada – a composta pelas pessoas – e, ao mesmo tempo, a mais importante na agenda da transição para um mundo mais sustentável”, define Leila.
O indicador possibilita explorar dados socioeconômicos em nível mais granular, alcançando o imóvel rural, e está baseado em quatro dimensões: Educação, Infraestrutura Coletiva, Infraestrutura Domiciliar e Renda.
Os dados, produzidos por meio da sobreposição dos limites dos CARs e da malha de setores censitários coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para o Censo Demográfico 2022, foram analisados sob a ótica dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas). Foram considerados critérios como: alfabetização: percentual de moradores que sabem ler e escrever; a renda média do responsável do domicílio; e as características dos domicílios: espécie do domicílio (se permanente ou improvisado), tipo de domicílio (casa, apartamento ou outro), tipo de abastecimento de água (rede geral, poço ou nascente), nível de acesso à água (dentro do domicílio; no terreno etc.), destinação do esgoto (rede geral, vala ou rio etc.), destinação do lixo (coletado por serviço de limpeza ou outros) e acesso a banheiro (existência de banheiro no domicílio ou terreno).
Além da observação de vulnerabilidades de cada território brasileiro, que auxilia na elaboração de políticas públicas, o IDR-CAR pode também ser empregado para a tomada de decisões em negócios, permitindo observar oportunidades em regiões mais desenvolvidas. “Uma instituição financeira, por exemplo, que tenha interesse em expandir a sua atuação no território A ou B, pode valer-se do indicador e suas dimensões de análise para avaliar e comparar municípios por seus graus de desenvolvimento”, observa Vicari.
Os ganhos analíticos com o IDR-CAR também podem ser observados na perspectiva do município, complementa Lobo, ao permitir compreender a heterogeneidade intramunicipal e o seu reflexo no indicador proposto para os CARs. “Um dos ganhos da metodologia é atribuir aos imóveis rurais uma informação mais granular no território, permitindo capturar as realidades locais e, com isso, observar a existência de grande heterogeneidade naquela região, uma vez que apenas o uso de dados municipais para a construção de um indicador não permitiria visualizar tais diferenciações”, pondera o pesquisador.
Já Leila enfatiza a contribuição do indicador para a construção de políticas públicas para auxiliar no combate às mudanças climáticas. “Sabemos, por exemplo, que detectar situações de degradação de pastagens é fundamental para desenhar ações que auxiliem na mudança de trajetórias produtivas e na mitigação dos riscos climáticos. Fazer esta detecção caracterizando as realidades socioeconômicas no território é um importante avanço estratégico, que pode ser alcançado pelo uso do IDR-CAR, que permite apontar as vulnerabilidades das populações por trás desta situação”, finaliza.
Fonte: Agroicone
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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