Agrônomos paulistas lutam contra praga na divisa com MS

Engenheiros agrônomos iniciam trabalho na divisa com o Mato Grosso do Sul para prevenir entrada de praga; caruru pode chegar a dois metros de altura e produzir até 500 mil sementes

No início do mês de março, engenheiros agrônomos da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) dividiram-se em três equipes para dar início ao trabalho preventivo para evitar que a praga Amaranthus palmeri (caruru palmeri ou caruru gigante) afete lavouras em municípios que fazem divisa com o Mato Grosso do Sul. A ação envolveu as regionais de Jales, Andradina, Dracena e Presidente Venceslau, as quais serão responsáveis pela continuidade do monitoramento.

As ações de monitoramento focaram-se nas culturas da soja, do milho e do algodão. Ao todo, 42 propriedades na região foram vistoriadas e produtores receberam orientações e materiais informativos acerca dos eventuais danos que podem ocorrer caso a praga chegue ao Estado de São Paulo. “É uma praga extremamente agressiva e que apresenta resistência contra os herbicidas. Caso essa planta, que pode chegar a dois metros de altura e produzir até 500 mil sementes, seja encontrada em alguma área, nós da Defesa Agropecuária precisamos ser notificados”, explicou Mariléia Ferreira, engenheira agrônoma e gerente do Programa Estadual de Contingência Fitossanitária (PECONF).

Além das propriedades, os servidores estiveram em nove revendas onde também orientaram os revendedores de produtos agropecuários e fixaram materiais informativos.

O início das atividades foi motivado após publicação de nota técnica do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) que informou a detecção da praga quarentenária presente (PQP) em propriedade rural no distrito de Porto Caiuá, no município de Naviraí.

“O saldo dessa primeira ação é muito positivo, uma vez que pudemos estar corpo a corpo com diversos produtores que entenderam a importância da notificação para a sanidade de suas lavouras”, comenta a gerente do programa que tem como objetivo, estabelecer as medidas de prevenção e vigilância para rápida detecção da presença de PQP’s no Estado.

planta caruru gigante - alerta sao paulo
Foto: Divulgação

“A Defesa Agropecuária trabalha para garantir a sanidade das culturas e a produtividade para o agricultor paulista e o trabalho de prevenção da entrada de pragas é o que nos possibilita continuar garantindo a sustentabilidade do agronegócio paulista”, acrescenta.

Amaranthus palmeri

O Amaranthus palmeri é uma planta daninha exótica, de crescimento rápido e extremamente agressiva. Além de apresentar resistência aos herbicidas, sua capacidade de dispersão é muito alta. As plantas fêmeas podem produzir de 200 mil a 500 mil sementes por planta, dependendo das condições do ambiente. Um detalhe a ser observado é que as plantas fêmeas podem produzir sementes viáveis, mesmo não sendo polinizadas pelas plantas machos.

Atualmente, uma espécie está causando grande preocupação dos produtores e da comunidade científica – a Amaranthus palmeri, conhecida popularmente como caruru gigante. Trata-se de uma planta daninha originária de regiões áridas do Centro-Sul dos Estados Unidos e Norte do México e que está presente em vários países do mundo.

As espécies de caruru já identificadas no Brasil têm flores masculinas e femininas na mesma planta
As espécies de caruru já identificadas no Brasil têm flores masculinas e femininas na mesma planta

Inicialmente, esta espécie de planta daninha ocorria principalmente em olerícolas, tendo se tornado, nos últimos anos, a principal daninha do algodoeiro nos Estados Unidos, em função de suas características biológicas e da resistência a herbicidas de diferentes sítios de ação. Recentemente, a espécie foi identificada no Brasil, mais especificamente no Mato Grosso do Sul.

O crescimento é muito rápido (médias de 2 a 3 cm por dia). Dependendo das condições de desenvolvimento, uma única planta pode produzir de 200 mil a 600 mil sementes, mas há casos em que esse número pode ultrapassar um milhão de sementes.

As sementes possuem tamanho extremamente reduzido, em formato de disco ou arredondado, medindo de 1 a 2 mm, o que facilita muito sua dispersão. Aves e mamíferos têm sido relatados como meios de disseminação da espécie, mas, uma vez estabelecido o problema, assumem grande importância nas atividades humanas, destacando-se o transporte de máquinas, insumos, resíduos e colheitas, tanto dentro quanto fora das propriedades.

caruru gigante - alerta sao paulo1
Foto: Divulgação
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