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Algodão: Lagarta-do-cartucho tem solução

Controle por baculovírus recebe chancela de pesquisadores de universidades e fundações; ganho econômico em 34 campos analisados surpreendeu especialistas

São Paulo (SP) – Já tida por produtores como uma das pragas de controle mais difícil no algodão, a Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar, encontrou um adversário de peso para impedir seu avanço sobre lavouras da pluma: os baculovírus. É o que afirmam seis pesquisadores, quatro deles ligados a universidades públicas e fundações de renome do agronegócio. O grupo de especialistas conduziu uma série de estudos avançados em torno de um novo bioinseticida à base de baculovírus.

Participaram dos ensaios, em nível de campo e laboratório, os pesquisadores Geraldo Papa (Unesp-SP), Lucia Vivan (Fundação MT), Germison Tomquelski (Fundação Chapadão-MS) e Marco Tamai (Universidade do Estado da Bahia), além dos especialistas Janayne Resende e Marcelo Lima, ambos da australo-americana AgBiTech. A AgBiTech é hoje a maior produtora mundial de baculovírus. Presente há três anos no Brasil, a empresa investe no desenvolvimento do manejo biológico de pragas na agricultura.

Na avaliação do grupo de pesquisadores, o controle da Spodoptera frugiperda com emprego de baculovírus reduz significativamente a população da lagarta no algodoeiro. Para eles, a ação de bioinseticidas à base de baculovírus reforça a proteção das maçãs da planta e potencializa o efeito de inseticidas químicos.

Marcelo Lima, gerente de pesquisa & desenvolvimento da AgBiTech, ressalta que a série de estudos realizada com apoio dos pesquisadores teve foco no inseticida biológico Cartugen®, lançado recentemente no Brasil. Somente na safra 2018-19, adianta Lima, o grupo de pesquisas constatou a eficácia desse bioinseticida em 34 áreas comerciais de algodão, na Bahia, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em Goiás.

Acréscimo de receitas – Conforme atestaram os pesquisadores à AgBiTech, as aplicações de Cartugen® no algodoeiro protegem efetivamente as estruturas reprodutivas das plantas, em primeira e segunda posições. Os autores dos ensaios concluíram ainda que na comparação ao manejo padrão do produtor, ancorado somente nos inseticidas químicos, o bioinseticida da empresa transferiu ganho médio de 13,3 estruturas reprodutivas por metro linear cultivado.

Figura 1. Porcentagem de retenção de estruturas reprodutivas na primeira e segunda posições de frutificação do algodoeiro – Manejo com inserção do Baculovírus comparado com o manejo do produtor somente com inseticidas químicos. Fonte: AgBiTech (Dados da Bahia auditados pela SGS do Brasil).
Figura 2. Média de incremento do número de estruturas reprodutivas do algodoeiro por metro linear dos talhões com inserção de Baculovírus em relação aos talhões sem inserção do Baculovírus = manejo do produtor). Fonte: AgBiTech (dados auditados pela SGS do Brasil).

O diretor geral da AgBiTech para a América Latina, Adriano Vilas Boas, explica que os baculovírus compõem hoje o maior grupo de vírus com efeito predatório sobre insetos conhecido pela agrociência. Segundo o executivo, esses produtos são portadores de uma matriz proteica, com pH alcalino, que ao ser ingerida pelas lagartas libera partículas virais diretamente no intestino dos insetos. “Inicia-se assim a infecção das lagartas”, explica Vilas Boas. Graças a essas características, diz o executivo, baculovírus foram reconhecidos pelo IRAC – Comitê Internacional de Ação à Resistência de Inseticidas – no grupo 31 de tecnologias com novo modo de ação.

Ainda de acordo com dados fornecidos pelos pesquisadores à empresa, além dos diferenciais agronômicos entregues pelo produto Cartugen® ao algodoeiro, chamou a atenção o registro de um ganho econômico representativo obtido nas 34 áreas analisadas. No balanço dos ensaios, revela a AgBiTech, apurou-se acréscimo de receitas situado entre US$ 175 por hectare e US$ 197 por hectare da pluma, descontado o investimento adicional da ordem de US$ 21 por hectare.

Lagartas no ataque – Nas lavouras-alvo do estudo da AgBiTech, conforme revela Marcelo Lima, os pesquisadores observaram que o ataque da Spodotera frugiperda ocorreu principalmente da parte mediana do algodoeiro até o ponteiro. Segundo as análises, a fase mais crítica da ação da praga se deu entre a formação dos botões florais e o aparecimento dos primeiros capulhos, com redução significativa da produção de fibras.

“Notamos que esse problema se mantém mesmo nas plantas transgênicas de primeira e segunda gerações, pois suas estruturas reprodutivas contêm menor teor da toxina ‘Bacillus thuringiensis’. Esses locais são os preferidos pelas lagartas para se alimentar”, finaliza Lima.

Figura 3. Resultados de experimentos demonstrando a forte preferência alimentar de Spodoptera frugiperda pelas estruturas reprodutivas do algodoeiro. Fonte: AgBiTech
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