Algumas regiões já vivem condição de ‘seca extrema’

Dados colhidos comprovam que a estação chuvosa foi irregular na maior parte do centro-sul do Brasil; Goiás prevê queda de 20% na produtividade da safrinha

A Agência Nacional das Águas (Ana) divulgou no início desta semana o relatório do Monitor de Secas referente ao mês de março. O mapa divulgado chama atenção para importantes áreas produtoras do país, que com a irregularidade das estação chuvosa apontou condições para seca entre fraca até moderada, como em São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Apesar dos dados referentes ao mês de março, pouca coisa mudou nos últimos 20 dias e as condições de seca e previsões climáticas seguem levantando muita preocupação para o milho safrinha. Os dados comprovam que a estação chuvosa foi irregular na maior parte do centro-sul do Brasil. 

seca extrema na estacao das aguas
Fonte: Agência Nacional das Águas

De acordo com o mapa, o estado de São Paulo apresenta a condição mais crítica, com seca de intensidade grava ou extrema em todo o estado. No Noroeste de São Paulo, a Ana aponta para seca excepcional. “Isso acabou refletindo em diversos campos, como por exemplo no volume dos reservatórios da capital paulista que estão com índices inferiores ao mesmo período do ano passado”, acrescenta a Climatempo. 

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) emitiu alerta para risco de queda da umidade relativa do ar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que a taxa fique acima de 60% – nesta quinta, Rio Preto registrou 39%. Também nesta quinta, a cidade teve a madrugada mais gelada do ano: fez 16,5 graus.

Em Minas Gerais, apesar da Ana destacar apenas uma área com condição mais grave, Fábio Salles Meirelles Filho, presidente da Aprosoja MG, afirma que a situação é crítica em todo o estado. “Secou praticamente todo o estado, as últimas chuvas – pontuais – ajudaram, mas não foram suficientes”, afirma ao Notícias Agrícolas.

No estado de Goiás, já previsto pela Aprosoja GO uma queda de 20% na produtividade da safrinha. De acordo com Adriano Barzotto, presidente da Aprosoja Goiás, 65% do estado fez o plantio muito fora da janela, já começando a safra esperando lavouras apresentando bastante problemas. Todas as regiões enfrentaram uma estiagem de 15 dias no mês de abril e no final de semana foram registrados acumulados entre 10mm e 30mm, volume que alívia a condição, mas ainda não resolve o problema.

incendios no interior de sao paulo
Foto: Divulgação

Monitor do clima coloca interior de São Paulo em condição de ‘seca extrema’

Gustavo Chavaglia, presidente da Aprosoja SP, confirma que o cenário segue sendo de muita preocupação, considerando que as últimas chuvas foram registradas entre os dias 15 e 17 no estado, mas de forma muito irregular, sem levar alívio ao produtor. Os modelos meteorológicos apontavam para chuvas neste início de semana, mas que até o momento também não se concretizaram. 

“Previsões não são precisões e acabou que o produtor ficou aguardando chuvas e elas não vieram. Ainda é preocupante sim, São Paulo torce por chuva. Algumas áreas mais adiantadas podem estar já estar salvas, produções plantadas depois da janela depois da janela ideal estão sofrendo muito. Alguns produtores tiveram contemplação de chuvas e outras não, então neste momento é difícil mensurar tudo”, afirma. 

A falta de chuvas nos últimos meses fez a região de São José do Rio Preto entrar na chamada “seca extrema” em março, segundo o Monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas (ANA). O indicador aponta para risco de escassez de água. Segundo o diretor de recursos hídricos da bacia do Turvo-Grande, do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Luis Henrique Gomes, com chuvas abaixo da média histórica, a tendência é que entre agosto e setembro a região noroeste do Estado de São Paulo possa ter uma situação pior que no ano passado em relação ao racionamento de água. “Nossas chuvas estão abaixo da média histórica. Talvez em agosto e setembro tenhamos uma questão mais crítica do que no ano anterior. Estamos tendo uma baixa recuperação”.

Falta de chuvas causa incêndios

Com a estiagem e a falta de chuvas um outro problema que também preocupa é dos incêndios em vegetação na região. Segundo o chefe de divisão de prevenção de incêndio da Defesa Civil de Rio Preto, Marcio Garcia de Albuquerque, nos três primeiros meses de 2021, a maioria dos focos de incêndio foi em terrenos baldios. “São aquelas pessoas que limpam o terreno e não descartam o lixo de maneira correta, mas colocam fogo. Agora, em relação a incêndios em áreas de plantação, ainda não tivemos muitas queimadas”.

Porém, a expectativa da Defesa Civil de Rio Preto é que os incêndios voltem a crescer com o decorrer da estiagem, visto que a pastagem fica seca, sendo mais suscetível a focos de queimadas. “Por isso, recomendamos que as pessoas não coloquem fogo em folhas secas. Na cidade, se o morador ser flagrado em reincidência será multado. Além disso, evite jogar bituca de cigarro em local inadequado como na beira da rodovia”.

Adaptado de Diário da Região e Notícias Agrícolas

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