Alimento artificial garante nutrição de abelhas durante adversidades climáticas

As abelhas rainhas e suas larvas se alimentam de geleia real, que é composta pela secreção das glândulas hipofaríngeas das abelhas operárias jovens.

As adversidades climáticas, assim como atingem as lavouras de soja, milho ou até mesmo a pecuária, também causam sérios prejuízos para a apicultura, principalmente durante o clima seco, chuvoso ou frio. Nesses períodos, as abelhas com dificuldades para encontrar alimentos naturais ficam desnutridas.

Para se precaver, os apicultores podem adotar a alimentação artificial, conforme orienta a analista de Inteligência Fernanda Bichels, do Sistema de Inteligência Setorial do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SIS/Sebrae).

Antes disso, ela destaca que a escassez de “comida” para as abelhas atrapalha o desenvolvimento de suas asas e glândulas, em seu tempo de vida e ainda favorece o surgimento de doenças. A produção de geleia real e a capacidade de postura da rainha também são afetadas pela desnutrição.

“As abelhas se alimentam basicamente do que encontram nas flores. Elas utilizam o néctar para a fabricação do mel, e o pólen é coletado e misturado com algumas de suas enzimas para formar uma massa proteica”, relata Fernanda, em entrevista à equipe SNA/RJ.

A analista de Inteligência explica que as abelhas operárias se alimentam do néctar, do mel produzido e do pólen: “O néctar é a substância aquosa que os vegetais secretam por meio de suas glândulas especializadas, e é fonte de água e carboidratos. O mel é composto principalmente por açúcar, que é transformado em energia, e o pólen é formado por suplementos minerais, vitaminas e proteínas”.

As abelhas rainhas e suas larvas, continua Fernanda, “se alimentam de geleia real, que é composta pela secreção das glândulas hipofaríngeas das abelhas operárias jovens”.

“Em geral, é comum faltar alimento em períodos secos, chuvosos ou frios. Por isso, a nutrição desses insetos é afetada pelas mudanças climáticas em diversos casos, como depois de uma mudança drástica de temperatura, que resulta na diminuição da produtividade da rainha; após uma elevação da temperatura, que pode provocar o aumento da temperatura interna da colmeia, acarretando na diminuição da população e em problemas com o armazenamento de alimento”, pontua a analista de Inteligência do SIS/Sebrae.

Ela ainda destaca outros problemas, como a diminuição no regime de chuvas, que deixa o solo seco, causando a queda na produção do néctar para a alimentação desses insetos. “Os desequilíbrios no clima acarretam na diminuição das floradas, o que impacta diretamente na nutrição das abelhas”, resume.

A ‘COMIDA’ DOS INSETOS

Conforme o relatório “Alimentação artificial de abelhas: opção para combater a desnutrição”, do SIS/Sebrae, para realizar o manejo da alimentação artificial, é necessário conhecer a “comida” das abelhas, que é composta por água, carboidratos (açúcares), proteínas, vitaminas, sais minerais e lipídios (gorduras). Todos esses nutrientes são obtidos pelo consumo de água, mel e pólen das flores.

Sem a natural, a alimentação alternativa pode ser produzida pela combinação dos seguintes elementos, de duas formas diferentes:

* Líquida: usando xaropes, ou caldas, que estimulam o crescimento dos enxames. São originados a partir de alimentos secos, em calda de água, açúcar, glicose e mel;

* Pastosa: obtida a partir da mistura de mel ou xarope ou açúcar invertido e alimentos secos, até obtenção de consistência pastosa. Auxiliam no crescimento e na manutenção do enxame e no estímulo à postura da rainha.

“A nutrição artificial pode ser oferecida em alimentadores coletivos ou individuais. Os coletivos são práticos e não requerem muita manutenção: são cochos grandes colocados a 50 metros de distância do apiário. Os alimentadores individuais podem alimentar uma colmeia, sendo colocado dentro dela, entre quadros ou no fundo. A principal vantagem é a de alimentar e medicar as colmeias mais necessitadas”, destaca o relatório do SIS/Sebrae.

O documento ainda indica algumas receitas líquidas e pastosas, que apresentam os nutrientes necessários às abelhas, como o xarope proteico (uma mistura com 55% de açúcar, 40% de água e 5% de proteína vegetal texturizada – farinha de soja ou levedura de cerveja, por exemplo), e a pasta energética, com mel ou xarope e açúcar mascavo.

De acordo com o SIS/Sebrae, o mel utilizado na alimentação artificial deve ser do próprio apiário e oriunda de uma colheita anterior, para evitar doenças de outros locais.

CONSUMO DE MEL

Quando questionada se poderia haver algum tipo de receio na hora de consumir o mel produzido por abelhas que “comeram” alimentos artificiais, a analista Fernanda Bichels defende a importância de se atentar para o fato de que as abelhas não produzirão um mel à base dos suplementos.

“A alimentação artificial objetiva garantir um enxame forte e, quando chegar à época da florada, para que existam abelhas campeiras suficientes para efetuarem a coleta do néctar. Não há razão para que o consumidor conclua que o mel será artificial”, afirma.

Fernanda pondera, no entanto, que “a qualidade da nutrição decorrente da alimentação artificial vai depender do extremo cuidado com a composição do alimento artificial”. “Se for mal preparado, ele impactará no volume de produção do mel, pois as abelhas estarão enfraquecidas.”

Por equipe SNA/RJ

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