Alternativa ajuda a reduzir o custo do confinamento

Com a fabricação da própria silagem de milho, não há a necessidade de comprar e transportar o produto de fora. Isso faz com que os custos com a alimentação do gado diminuam.

O período de seca exige que os criadores providenciem uma alimentação diferenciada para o gado. A silagem de milho, altamente nutritiva, é uma das principais opções.

Uma fazenda de gado no oeste do estado investe na fabricação da própria da silagem de milho para a alimentação dos animais.

A fazenda, em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, já está preparada para alimentar o gado de corte durante o período de estiagem, quando a oferta de pasto diminui.

A propriedade passa a contar com o sistema de confinamento e faz a fabricação da própria silagem. O principal ingrediente é o milho, que ocupou uma área de 250 hectares da fazenda. Para fazer o corte do milharal é preciso prestar atenção no ponto da espiga.

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A silagem de milho, altamente nutritiva, é uma das principais opções para alimentação do gado. — Foto: TVCA/Reprodução

Conforme Reginaldo Bonifácio de Oliveira, funcionário da fazenda, o plantio começa a ser feito em novembro.

“O milho aqui nós fazemos dois plantios por ano. Começamos a plantar em novembro e colhemos em janeiro e a gente vem medindo a matéria seca do milho, a umidade. Ele tem que estar no ponto de 33% a 37% de umidade”.

O próximo corte do milho está programado para alguns dias. A partir daí, a silagem é compactada em silos. Em cada um são armazenadas cerca de 2,5 toneladas da silagem.

“A nossa produção foi de 35 a 37 toneladas por hectare, em média, e isso nós conseguimos produzir silagem para as 28 mil cabeças de gado para o ano inteiro”, explicou o funcionário.

A silagem ela é o ponto forte do boi que ele come mais matéria seca do que grão. Então a silagem entra como volumoso para o gado. Acredito que diminui a parte do trato do gado porque nós já produzimos a silagem dentro da fazenda mesmo, o frete sai bem mais em conta”, diz.

Para o zootecnista Guilherme Augusto Reis, a silagem pode ser armazenada por um longo período.

“Aqui a gente tem uma silagem que foi colhida no início do ano passado, então isso mostra que o armazenamento pode ser feito em longos períodos. Então, a gente tem aqui uma silagem que é de qualidade, bem compactada, de um ano atrás. Na própria colheita, a colheitadeira já corta esse milho em partículas ideias que vai gerar em torno de dois centímetros, não pode ser nem muito pequena e nem muito grande por causa de problemas metabólicos do gado e de compactação. Com uma partícula muito grande, o trator que está compactando não vai conseguir fazer direito e fazer ter perdas. Além da perda técnica que a gente já tem em qualquer silagem, vai ter mais ainda, por causa dessa compactação, principalmente de umidade e vai ter bactérias que a gente não quer dentro da silagem fermentando junto e isso vai acarretar mais perdas ainda”.

Por dia são usadas em torno de 30 toneladas de silagem para alimentar o gado. Atualmente estão no cocho cerca de 5,5 mil cabeças, mas até o final do ano esse número vai aumentar. A previsão é confinar 30 mil animais. A vantagem da silagem de milho é que a fazenda consegue armazenar a matéria prima da ração sem perder os valores nutritivos que o milho possui para o gado.

“O principal motivo que a gente utiliza, principalmente o milho, que é o principal ingrediente para fazer a silagem, deve-se à qualidade dele. Toda essa qualidade do milho é trazida para a silagem, no armazenamento da silagem. O milho, a gente as vezes se pergunta: por que não usamos o milho in-natura? Fica inviável por causa do armazenamento. O milho a gente não conseguiria armazenar de outra forma, não conseguiria ter uma produção para o animal, então o artifício usado, principalmente na seca é usar esse milho, armazenado para fazer a silagem dele. Sendo feito o armazenamento bem feito, ele vai poder durar por longos períodos, a gente pode usar ainda esse milho ensilado. Todos esses benefícios que ele traz do milho o principal é o valor nutritivo. O valor nutritivo in-natura se for feito em silagem bem feita ele não perde nada na silagem. Então todo os valores nutritivos que o milho in-natura tem o animal vai estar consumindo da mesma forma e você tem um jeito de armazenar por uma grande período para fornecer para esses animais”, diz o zootecnista.

Além dos valores nutritivos para o gado, a fazenda também consegue economizar. É que com a fabricação da própria silagem de milho, não há a necessidade de comprar e transportar o produto de fora. Isso faz com que os custos com a alimentação do gado diminuam.

Essa redução é importante, já que para a fabricação da ração, a fazenda ainda usa outros ingredientes como caroço de algodão e o melaço da soja, que são misturados com a silagem. São fatores nutritivos com alta concentração energética e ao, mesmo tempo, econômicos.

“Além da qualidade e do desempenho do animal, que vai ter um desempenha melhor se comparado a outros volumosos, por exemplo o bagaço de cana, que até há pouco tempo a gente usava na fazenda. Além de ter um custo de produção, um custo menor por ser a nossa própria silagem, a gente vai ter um retorno maior, porque esse animal vai estar comendo um alimento de maior qualidade e vai estar convertendo mais, transformando em mais carne do que, por exemplo o bagaço de cana que é um elemento muito inferior a silagem e provavelmente sairia pra gente num preço bem parecido. Então além desse desempenho do boi, do gado, a gente também tem um retorno financeiro maior, um custo menor ou um custo parecido com os outros ingredientes, mas um retorno de desempenho bem maior”, explica o zootecnista.

Quem também utiliza a silagem de milho para alimentar o gado é o pecuarista Moacir Sansão. Na propriedade que fica em Arenápolis, a 259 km de Cuiabá, foram cultivados 130 hectares de milho para a fabricação de alimento para os animais em confinamento e semiconfinamento. Todo o processo da mistura para o produto final é feito na propriedade mesmo. A dieta é importante principalmente no período da seca.

“A silagem tem nos auxiliado muito na época da seca, que a gente tem tirado os animais das pastagens e colocado no confinamento e a gente consegue concentrar um grande número de animais numa estrutura pequena e que a gente consegue engordar esses animais na época da seca com o que há de melhor com a silagem de milho, então a gente consegue otimizar e engordar mais rápido e gerar mais rápido da fazenda”, diz o pecuarista.

A expectativa de produção com a área plantada é de 30 mil toneladas por hectare para alimentar mais de 2 mil cabeças de bois das raças nelore e angus. Uma quantidade considerada boa pelo produtor por causa da rotatividade de cultura, o que contribui também para a melhoria do solo. Além de manter uma refeição saudável para o gado, o produtor consegue com a silagem de milho uma engorda mais rápida e com isso a venda acelerada.

Fonte: G1

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