Amendoim deixa de ser vilão e vira o novo aliado de quem quer crescer no treino

Nova visão científica reposiciona a leguminosa como peça-chave na nutrição funcional; saiba como transformar este produto do agro em um aliado estratégico na dieta

Historicamente relegado ao papel de simples petisco calórico em mesas de bar, o amendoim (Arachis hypogaea) vive um momento de redempção nutricional. Estudos recentes e diretrizes de órgãos internacionais estão reposicionando esta leguminosa — muitas vezes confundida com oleaginosa — como um componente estratégico para a saúde humana, especialmente no ganho de massa magra e na proteção cardiovascular.

Para o agronegócio, isso representa uma oportunidade de valorização do produto. Para o consumidor, significa acesso a uma fonte de nutrição densa e acessível. Mas afinal, como equilibrar o alto valor energético do amendoim com seus benefícios funcionais?

O Gigante Proteico do Campo

O amendoim se destaca por sua impressionante densidade nutritiva. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que cada 100 gramas do grão contêm aproximadamente 25,8g de proteína. Para fins comparativos, essa concentração supera proporcionalmente a do ovo de galinha (cerca de 12,4g na mesma quantidade), tornando-o um pilar essencial para dietas baseadas em plantas.

No entanto, a nutrologia moderna faz uma ressalva importante sobre a “biodisponibilidade”. Especialistas explicam que, embora abundante, a proteína vegetal do amendoim não possui todos os aminoácidos essenciais na proporção ideal, diferentemente das fontes animais.

A estratégia recomendada por nutrólogos, como Dr. Murillo Brandão Júnior, é o “blend proteico”: combinar o amendoim com outras fontes vegetais (como arroz, feijão ou ervilha) ao longo do dia. Isso garante um perfil completo de aminoácidos, potencializando a síntese muscular — uma excelente notícia para o crescente mercado vegetariano e vegano.

Gorduras que Protegem o Coração

Amendoim deixa de ser vilão e vira o novo aliado de quem quer crescer no treino

O antigo temor quanto às gorduras do amendoim tem sido derrubado pela ciência. A composição lipídica do grão é rica em ácidos graxos mono e poli-insaturados — as mesmas “gorduras boas” encontradas no azeite de oliva.

Segundo diretrizes da Associação Americana do Coração (AHA), a substituição de gorduras saturadas por essas opções insaturadas na dieta pode levar a uma melhoria significativa nos níveis de colesterol sérico, reduzindo a incidência de doenças cardíacas e derrames. O segredo não está em eliminar a gordura, mas em escolher a qualidade correta.

Além dos Macronutrientes: Ação Anti-inflamatória

O valor do amendoim vai além das proteínas e gorduras. Ele é um reservatório de compostos bioativos e micronutrientes essenciais:

  • Complexo Antioxidante: É rico em vitamina E, resveratrol (o mesmo antioxidante do vinho) e flavonoides. Estes compostos combatem o estresse oxidativo e possuem potente ação anti-inflamatória.
  • Minerais Estratégicos: Fonte relevante de magnésio (vital para a contração muscular), fósforo, zinco e vitaminas do complexo B.
  • Controle Metabólico: O consumo regular, dentro das porções corretas, está associado à melhora da sensibilidade à insulina, atuando como fator protetor contra o diabetes tipo 2.

O Paradoxo do Peso: Amendoim Emagrece?

Parece contraditório que um alimento tão calórico possa auxiliar no emagrecimento, mas a chave reside na saciedade.

Devido ao seu alto teor de fibras, proteínas e gorduras boas, o amendoim possui um tempo de digestão mais lento. Isso significa que uma pequena porção pode manter a fome controlada por mais tempo, evitando “beliscos” em alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes.

A Regra de Ouro da Moderação: Para colher esses benefícios sem ganho de peso indesejado, a palavra de ordem é controle de porção. A recomendação geral gira em torno de 30g a 40g por dia (o equivalente a um punhado pequeno na concha da mão). O erro mais comum do consumidor é adicionar o amendoim à dieta sem retirar outras fontes calóricas menos saudáveis.

Do Grão à Pasta: Qual a Melhor Forma de Consumo?

A versatilidade do amendoim permite diversas aplicações, mas nem todas são iguais do ponto de vista nutricional:

  1. Amendoim Torrado (in natura): É a forma mais integra. Preserva melhor os nutrientes e não contém aditivos, sendo a opção ideal para quem busca pureza.
  2. Pasta de Amendoim: Ganhou enorme popularidade no mundo fitness. Pode ser uma opção prática e saudável, desde que o rótulo contenha apenas um ingrediente: amendoim torrado e moído. Deve-se evitar versões com adição de açúcar, óleos hidrogenados ou conservantes artificiais.

Alerta ao Consumidor e Produtor: Segurança Alimentar

Apesar dos inúmeros benefícios, o amendoim exige cuidados rigorosos na pós-colheita. A qualidade do grão é fundamental para evitar a presença de aflatoxinas (toxinas produzidas por fungos em condições inadequadas de armazenamento). Para o consumidor, a dica é sempre optar por marcas confiáveis e com selo de qualidade da ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas) ou certificações equivalentes.

Além disso, é vital lembrar que o amendoim é um alérgeno potente. Pessoas com sensibilidade podem sofrer reações graves, como anafilaxia. O consumo também não é indicado para crianças menores de dois anos devido ao alto risco mecânico de engasgo com o grão inteiro.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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