Aprosoja Brasil afirma que a safra de soja 2023/2024 deve ser esquecida

Ao longo de todo o ciclo da safra de soja, os agricultores foram prejudicados pela entidade devido a condições climáticas desfavoráveis, incidência de doenças e preços significativamente baixos.

Desafios climáticos e desvalorização de preços marcam a safra 2023/24 para a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), que considera esse período como um capítulo a ser esquecido. Em comunicado, a entidade destaca que os agricultores enfrentaram uma série de contratempos ao longo do ano.

No início do ciclo da soja, a falta de umidade foi um problema generalizado, exceto no Sul do país, onde as chuvas foram excessivas. Para evitar possíveis impactos no plantio da segunda safra de milho, alguns produtores optaram por semear a soja em solo com pouca umidade, resultando em baixo desenvolvimento das plantas.

Movidos pelo desejo de colher, pagar despesas e minimizar prejuízos, alguns agricultores precisaram realizar até três replantios, acarretando custos adicionais com sementes, defensivos, combustíveis e mão de obra.

Embora as chuvas tenham finalmente chegado, proporcionando alívio aos produtores de soja, a quantidade superou as expectativas em algumas regiões. A Aprosoja destaca a dualidade de desafios enfrentados pelos agricultores ao longo do ciclo, ressaltando as complexidades e incertezas que marcaram essa temporada agrícola.

Assim, associado ao excesso de umidade, surgiram desafios adicionais, como a propagação da ferrugem-asiática, anomalias e a presença de pragas, como a mosca branca, resultando em impactos significativos na produtividade.

As perdas de soja foram acentuadas nos diversos estados. Conforme levantamento da Aprosoja-MT, a safra 2023/24 está projetada para registrar uma queda de 21% em Mato Grosso, refletindo o cenário desfavorável.

Para além do maior estado produtor, a Associação destaca que, em janeiro, o governo de Tocantins declarou situação de emergência devido à estiagem. Diante disso, a Aprosoja-TO estima uma perda de pelo menos 20% na safra de soja 2023/24.

Em fevereiro, foi a vez do governo de Goiás decretar emergência em 25 municípios. As projeções da Aprosoja-GO indicam uma redução de, no mínimo, 15% no potencial produtivo em comparação com as estimativas iniciais, que apontavam para 17,5 milhões de toneladas. Este quadro reforça os desafios enfrentados pelos produtores em diferentes regiões do país durante o ciclo agrícola.

Desvalorização nos preços

Para a Aprosoja Brasil, o declínio nos preços revela-se como o aspecto mais preocupante da safra 23/24, superando até mesmo a quebra na produção. “Essa situação adiciona uma camada extra de dificuldade para os produtores conseguirem quitar seus investimentos e cumprir compromissos financeiros”.

A entidade destaca que em Mato Grosso, a saca de soja está sendo comercializada a valores que variam entre R$ 80 e R$ 105. “Mesmo para os agricultores que tiveram uma colheita bem-sucedida, os números simplesmente não fecham”.

A Associação dos Produtores aponta que parte do problema reside na discrepância entre o mercado e a realidade das plantações. “Considerando a significativa demanda global por soja, os preços deveriam, teoricamente, estar se comportando de maneira oposta ao atual, amenizando, em parte, os impactos climáticos desta safra”.

No entanto, na perspectiva da entidade, os dados relacionados à safra estão sendo artificialmente inflados, adotando um cenário excessivamente otimista, “favorecendo os compradores e prejudicando tanto os produtores quanto o país”. Este quadro reforça a complexidade e desafios enfrentados pelos agricultores diante do atual panorama econômico.

Aprosoja reafirma projeção de safra

Conforme anunciado em janeiro, a Aprosoja mantém sua confiança na estimativa de que a safra 23/24 de soja atingirá cerca de 135 milhões de toneladas.

“Os relatos dos agricultores espelham a realidade vivenciada no campo, a qual difere significativamente das estimativas atuais de empresas privadas e órgãos oficiais. O feedback dos produtores indica que, mesmo em plantações visualmente saudáveis, os grãos não estão se desenvolvendo de maneira adequada, devido a anomalias presentes, resultando na redução do peso dos grãos, e as colheitadeiras estão registrando uma produtividade muito inferior à estimativa inicial”.

Diante dos desafios apresentados, a Aprosoja Brasil destaca que está realizando ações junto à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), instituições financeiras e Ministério da Agricultura, buscando garantir que as soluções para auxiliar os produtores estejam disponíveis o mais rápido possível.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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