
FDA autoriza uso de porcos geneticamente modificados para a produção de carne, ou seja, com edição genética para combater a peste suína clássica e reforçar segurança alimentar global
A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, aprovou pela primeira vez o uso de porcos geneticamente modificados com a tecnologia CRISPR-Cas9 para a produção de carne destinada ao consumo humano – recentemente os primeiros cavalos nasceram na Argentina. O avanço, considerado um marco na biotecnologia alimentar, tem como principal objetivo aumentar a resistência dos animais à peste suína clássica, uma das doenças virais mais devastadoras da suinocultura mundial.
Os porcos foram desenvolvidos pela Pig Improvement Company (PIC), uma empresa britânica que atua em parceria com a Genus, líder global em genética animal. A modificação genética foi projetada para eliminar um receptor celular comumente atacado pelo vírus da peste suína clássica (PSC), conferindo aos animais resistência significativa a todas as cepas conhecidas da doença.
A PSC é altamente contagiosa, podendo causar febre, dificuldade respiratória e problemas reprodutivos nos suínos. Estimativas apontam que entre 2016 e 2020, a doença gerou perdas de até US$ 1,2 bilhão à indústria suína dos EUA.
Com o uso da ferramenta de edição genética CRISPR, os cientistas conseguiram realizar a modificação ainda nos embriões dos animais, que são implantados em porcas jovens. Dessa forma, a característica genética de resistência é transmitida para as próximas gerações, sem comprometer a segurança alimentar ou o sabor da carne.
Aprovado os porcos geneticamente modificados para consumo humano a partir de 2026
Embora o FDA já tenha autorizado em 2020 a comercialização dos porcos GalSafe, da empresa Revivicor — modificados para eliminar o açúcar alfa-gal, ligado a reações alérgicas —, essa é a primeira vez que uma modificação genética voltada especificamente à resistência contra doenças animais é aprovada com o objetivo de melhorar a saúde dos rebanhos e a eficiência produtiva.
A comercialização da carne proveniente desses suínos geneticamente modificados nos Estados Unidos está prevista para início em 2026. Até lá, a PIC e a Genus buscam também aprovações regulatórias em mercados-chave como México, Canadá e China, que juntos respondem por uma parcela expressiva da produção e consumo global de carne suína.
Como funciona a produção de carne suína nos EUA
Os Estados Unidos são o terceiro maior produtor de carne suína do mundo, atrás apenas da China e da União Europeia. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), mais de 125 milhões de suínos são abatidos por ano no país, sendo os principais estados produtores Iowa, Minnesota, North Carolina, Illinois e Indiana.
A produção é caracterizada por sistemas integrados e altamente tecnificados, que operam em larga escala com controle rígido de sanidade, genética e nutrição animal. Muitas granjas são verticalizadas, ou seja, controlam todas as fases — da reprodução até o abate e distribuição.
O consumo per capita de carne suína nos EUA gira em torno de 23 a 25 kg por habitante ao ano, sendo uma das principais fontes de proteína animal da população. Além disso, os EUA também são grandes exportadores de carne suína, atendendo mercados exigentes como Japão, Coreia do Sul e México.
A introdução dos porcos geneticamente modificados ao sistema norte-americano promete reduzir perdas sanitárias, aumentar a produtividade e reduzir o uso de antibióticos, contribuindo para uma cadeia mais eficiente, segura e sustentável.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.