Levantamento da ANA indica aumento de 225% na área irrigada por pivôs no País entre 2010 e 2022. Da área equipada com pivôs, 92% está concentrada em seis estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) lançou nesta terça-feira, 7 de novembro, o Mapeamento Atualizado da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil. na edição nº 4 do Boletim do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH). O novo levantamento atualiza esse mapeamento com dados referentes a 2022 e aprimora, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o cálculo de indicadores da dinâmica agrícola nas áreas irrigadas por pivôs centrais.
Participaram da solenidade de lançamento o diretor-presidente interino da ANA, Filipe Sampaio; a superintendente de Fiscalização da Agência, Viviane Brandão; a diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Larissa Rêgo; e a titular da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Jordana Girardello.
O diretor-presidente interino da ANA ressaltou a importância de se acompanhar a evolução da agricultura irrigada no Brasil, que possui interface com a temática de recursos hídricos. “O monitoramento das áreas irrigadas é essencial para prover o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) com evidências adequadas para tomada de decisão dos órgãos e das entidades competentes“, afirmou Sampaio.
Aumento da área irrigado por pivôs e distribuição por estado
Segundo o Mapeamento Atualizado da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil, o País superou os 30 mil pontos-pivôs em 2022, ocupando uma área equipada de 1,92 milhão de hectares. Em comparação com 2019, ano que foi considerado para a publicação do Atlas Irrigação 2021, houve um aumento de 370 mil hectares (+24%) e em relação a 2010 o incremento foi superior a 1 milhão de hectares (+225%). Atualmente, apenas seis Estados concentram 92,5% da área equipada de pivôs.
Dentre os biomas, o Cerrado responde por 70,4% (1,35 Mha) da área total de pivôs centrais – de forma geral, essa concentração ocorre em função da expansão da agricultura para áreas de maior déficit hídrico, da estrutura fundiária de grandes e médias propriedades, da adequação desse sistema para grandes áreas relativamente planas e para os tipos de solos predominantes.
Além disso, entre 2010 e 2022, o ritmo médio de crescimento foi de 80,6 mil hectares ao ano, com tendência de aceleração. Conforme supracitado, atualmente, somente seis estados concentram 92,5% da área equipada de pivôs. São eles:
- Minas Gerais (29,2%);
- Goiás (16,3%);
- Bahia (15,3%);
- São Paulo (12,9%);
- Rio Grande do Sul (10,2%); e
- Mato Grosso (8,6%).
Maiores concentrações de pivôs por município
O Mapeamento Atualizado também informa os 30 municípios brasileiros com maior área equipada com pivôs em hectares (ha). Os cinco maiores são: Paracatu (MG), com 79,9 mil ha; Unaí (MG), com 72,7 mil ha; Cristalina (GO), com 65,6 mil ha; São Desidério (BA), com 56,5 mil ha; e Barreiras (BA), com 48,2 mil ha.
Conforme o novo mapeamento da ANA, o Cerrado responde por 70,4% da área total de pivôs centrais, que é de 1,35 milhão de hectares. Geralmente essa concentração ocorre devido à expansão da agricultura para áreas de maior déficit hídrico, da estrutura fundiária de grandes e médias propriedades, da adequação desse sistema para grandes áreas relativamente planas e para os tipos de solos predominantes. Mata Atlântica, Pampa, Caatinga e Amazônia respondem respectivamente por 11,1%, 9,4%, 5,4% e 3,7% da área equipada com pivôs.
Principais polos de agricultura irrigada
Da área total equipada com pivôs no Brasil, 57% (1,09 milhão de hectares) está localizada nos 15 Polos Nacionais de Agricultura Irrigada com predominância do uso de pivôs centrais. A área identificada como Grande Polo Nacional concentra 39% (743,3 mil hectares) da área equipada total em 2022, o que inclui os seguintes polos: Alto Rio Preto (DF/GO), São Marcos (DF/GO/MG), Alto Paracatu-Entre Ribeiros (MG), Alto Araguari-Paranaíba (MG), Guaíra-Miguelópolis (MG/SP) e Rio Pardo e Mogi Guaçu (SP).
Conforme o novo levantamento da ANA, na safra 2021-2022, em 56,5% da área ocupada por pivôs foi realizada safra dupla, sendo 37,2% no padrão safra-safrinha. A safra tripla ocorreu em
18,2% da área equipada e apenas em 8,7% da houve safra simples ou única. Esses resultados indicam que a agricultura irrigada viabiliza mais safras e elas tendem a ocorrer mais no período chuvoso e de transição para o período seco, aumentando a segurança hídrica da produção agrícola.
- Acesse a versão web e a versão mobile do Boletim do SNIRH nº 4.
- Acesse o mapa interativo do mapeamento de pivôs centrais em: https://portal1.snirh.gov.br/ana/home/webmap/viewer.html?webmap=c734b838a157487db5600f161ea827e0
A irrigação
A irrigação é a prática agrícola que utiliza um conjunto de equipamentos e técnicas para suprir a deficiência total ou parcial de água para as plantas. A técnica está presente no cotidiano das pessoas em gramados de campos de futebol e de condomínios residenciais. Além disso, a população consome alimentos produzidos em grande medida com o uso de irrigação, como: arroz, feijão, legumes, frutas e verduras.
A irrigação fornece a água de forma artificial para suprir o que não é atendido pelas fontes naturais de modo a garantir o desenvolvimento das culturas agrícolas. Cada tipo de cultivo necessita de uma quantidade de água, que também varia de acordo com as fases do seu desenvolvimento e com o clima local.
Conclusão
Os mapeamentos de áreas irrigadas no Brasil são essenciais para prover o sistema de gestão de recursos hídricos com evidências para tomadas de decisão. A conversão de áreas em demanda por água ganha relevante precisão quando são agregados indicadores adicionais de dinâmica agrícola, como o número de colheitas, a duração de cada ciclo e as datas de plantio/colheita.
Frente às mudanças do clima, a irrigação tende a ser impactada pelo aumento potencial da necessidade de irrigar, mas é ao mesmo tempo uma importante medida mitigadora e de adaptação. Com um dos maiores potenciais de expansão do mundo, o Brasil segue com o desafio de monitorar a agricultura irrigada e orientar a sua expansão com segurança hídrica, de forma competitiva e sustentável
Boletins do SNIRH
Os Boletins do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos foram criados para apresentar as principais novidades e atualizações das informações sobre águas no Brasil, contribuindo para a difusão do conhecimento e a gestão dos recursos hídricos. Acesse todas as edições em: https://www.snirh.gov.br/portal/centrais-de-conteudos/central-de-boletins.
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