O mercado físico do boi gordo continua enfrentando pressão nos preços, com negociações abaixo da referência média; Arroba atingiu o fundo do poço? Pecuarista sonha com R$ 300/@.
O mercado físico do boi gordo continua enfrentando pressão nos preços, com novas negociações ocorrendo abaixo da referência média ao longo da última semana do mês de julho. Apesar da grande pressão exercida pela ponta compradora, o mercado esbarra na lacuna existente na oferta de animais para abate – cenário comum entre o primeiro e segundo giro do confinamento. Dentro da porteira, o menor ímpeto do pecuarista se reflete no sonho de ver o boi retomar o patamar de R$ 300/@. É possível esse valor nesse ano ainda?
Apesar do sonho do pecuarista, infelizmente, não há fatores que justifiquem a retomada desses valores ao longo do ano de 2023, principalmente diante do momento vivido pelo Ciclo Pecuário. Entretanto, no curtíssimo prazo, a expectativa é de que a primeira quinzena de agosto seja um momento crucial para o mercado, ajudando a aliviar o acúmulo de carne nas câmaras frias, que é resultado de um mês de julho fraco em termos de vendas. Essa situação é influenciada pela sobreoferta no mercado de frango, o que teve um papel decisivo nesse movimento.
“Embora as escalas de abate tenham crescido de forma paulatina, as indústrias frigoríficas brasileiras continuam limitando a realização de novas compras de gado gordo com intuito de se adequar ao descompasso entre oferta e demanda na carne bovina”, afirmam os analistas da S&P Global Commodity Insights.
Preços da arroba nesta quinta-feira
Em algumas regiões, como São Paulo, as escalas de abate avançaram mesmo com os preços da arroba em patamares mais baixos, relatou o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
A Scot Consultoria, em seu relatório diário, informou que nas praças pecuárias paulistas, a cotação da arroba do boi gordo está estável na comparação feita dia a dia. Entretanto, a pressão baixista ainda ronda o mercado, com ofertas abaixo da referência, mas sem negócios até o momento. O boi gordo está sendo negociado em R$235,00/@, a vaca em R$207,00/@ e a novilha em R$225,00/@, preços brutos e a prazo.
Já o INDICADOR DO BOI GORDO CEPEA/B3, apresentou um novo recuo nos preços médios do boi gordo, acumulando uma desvalorização de 5,04% na comparação mensal. Sendo assim, os preços fecharam a última quinta-feira cotados a R$ 241,40/@. Confira o gráfico abaixo e acompanhe o comportamento dos preços ao longo dos últimos 30 dias úteis.
Ainda segundo as consultorias, é unânime a informação que o “boi China” -animal jovem abatido com até 30 meses de idade – está sendo negociado em R$240,00/@, preço bruto e a prazo. Ágio de R$5,00/@ em relação ao boi comum. Entretanto, ressaltam alguns analistas, a demanda por esse animal segue abaixo do esperado, mas justificado pelo menor ímpeto chines nas compras brasileiras.
Custos de produção caem na parcial do ano
Pesquisas realizadas pelo Cepea em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) mostram que, no balanço do primeiro semestre de 2023, os custos de produção da pecuária de corte dos sistemas de cria e de recria-engorda recuaram.
Segundo pesquisadores, esse resultado esteve atrelado ao movimento de queda nos preços de insumos para suplementação e dieta do rebanho. Esse cenário traz certo alívio aos pecuaristas, sobretudo diante da queda nos valores de negociação da arroba do boi gordo ao longo deste ano.
No acumulado de 2023 (de dezembro/22 até a parcial de julho/23), a média do Indicador do boi gordo CEPEA/B3, estado de São Paulo, registra baixa de 9,04%, em termos reais.
Giro do Boi Gordo pelo Brasil
- Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 235;
- Em Dourados (MS), a arroba foi indicada a R$ 236;
- Em Cuiabá (MT), a arroba foi indicada a R$ 211;
- Enquanto em Goiânia (GO), a indicação foi de R$ 215 para a arroba do boi gordo;
- Em Uberaba (MG), a arroba foi precificada em R$ 230.
Boi no atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina se mantiveram estáveis no dia de hoje. Existe a expectativa de alguma recuperação dos preços ao longo da primeira quinzena do mês. No entanto, isso deve ocorrer de forma gradual, considerando o impacto da entrada dos salários na economia e o aumento da demanda em função do Dia dos Pais.
“A oferta de mercadoria disponível nas câmaras frigorificas segue elevada, mas, a redução no ritmo dos abates diários e a chegada do mês de agosto (marcada pelo fim das férias escolares) deve ajudar a enxugar estoques”, prevê a S&P Global.
Mesmo assim, o cenário não sugere uma valorização agressiva dos preços, uma vez que as proteínas concorrentes ainda enfrentam uma situação complicada, de acordo com Iglesias.
- O quarto traseiro permaneceu precificado em R$ 17,00 por quilo;
- Já o quarto dianteiro ainda é cotado a R$ 12,65 por quilo;
- Enquanto a ponta de agulha continua sendo precificada a R$ 12,50.
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