Arroba do boi gordo segue estável, mas cenário aponta para alta com 13º e exportações

Preços seguem firmes nas principais praças, enquanto pagamento do 13º salário e retomada da demanda nos EUA e China abrem caminho para valorização da arroba do boi gordo

Apesar das recentes tentativas de pressão por parte dos frigoríficos, o mercado físico do boi gordo se mantém estável nas principais regiões pecuárias do país. Nesta quarta-feira (26), os preços da arroba apresentaram pequena variação ou permanecem inalterados, sustentados por oferta controlada, estoques ajustados e expectativas de melhora no consumo interno com a entrada da primeira parcela do 13º salário.

Segundo analistas da Agrifatto e da Scot Consultoria, o pagamento extra deve estimular a procura por carne bovina, especialmente por cortes nobres, o que pode impulsionar uma retomada de alta no curto prazo.

Cotações do boi gordo por região

De acordo com a consultoria Safras & Mercado, os preços médios da arroba do boi gordo nesta quarta-feira (26) foram:

  • São Paulo: R$ 321,83
  • Goiás: R$ 315,00
  • Minas Gerais: R$ 312,94
  • Mato Grosso do Sul: R$ 317,27
  • Mato Grosso: R$ 299,78 

Já os dados da Scot Consultoria mostram 14 dias de estabilidade nos preços do boi comum e do boi-China em São Paulo, com os seguintes valores brutos (prazo):

  • Boi gordo comum: R$ 320/@
  • Boi-China: R$ 325/@
  • Vaca gorda: R$ 302/@
  • Novilha gorda: R$ 312/@ 

Oferta limitada e cortes nobres em alta

A escassez de vacas, bois inteiros e novilhas no mercado, tanto para abate quanto para desossa, contribui para a manutenção das cotações, mesmo diante de uma tentativa de alguns frigoríficos de comprar abaixo da referência.

A oferta de boi castrado segue regular, mas ainda insuficiente para formação de escalas confortáveis — que se mantêm, em média, em até 7 dias. Além disso, o interesse por cortes grill, como picanha e filé mignon, já começa a crescer em função das festividades de fim de ano .

No mercado atacadista, porém, houve queda nos cortes com osso:

  • Quarto traseiro: R$ 25,50/kg (↓ R$ 0,25)
  • Quarto dianteiro: R$ 19,00/kg (↓ R$ 0,25)
  • Ponta de agulha: R$ 18,50/kg (↓ R$ 0,25) 

Já os cortes desossados, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, “apresentam consistente movimento de alta, sobretudo aqueles mais procurados neste período do ano”.

Fatores externos reforçam viés de alta

Além do consumo interno, dois acontecimentos no mercado internacional fortalecem a expectativa de recuperação dos preços do mercado boi gordo:

  1. EUA removeram a tarifa retaliatória sobre a carne bovina brasileira, o que abre espaço para aumento das exportações ao mercado norte-americano.
  2. China adiou a decisão sobre a salvaguarda das importações brasileiras de carne bovina para janeiro de 2026, o que reduz a incerteza e pode facilitar negociações no curto prazo .

Segundo a Agrifatto, “com o ambiente externo menos tenso, as exportações brasileiras tendem a ganhar ritmo e os preços encontram mais espaço para se firmar”.

Expectativas para o mercado futuro

Na B3, o contrato com vencimento em dezembro/25 fechou o dia em R$ 319,30/@, com alta de 0,63% em relação ao pregão anterior. A estabilidade nos papéis reflete um mercado ainda cauteloso, mas atento aos sinais de recuperação vindos tanto do consumo interno quanto do front externo.

O mercado do boi gordo segue em compasso de espera. Apesar da tentativa de pressão nos preços, os fundamentos continuam sólidos, com demanda externa aquecida, consumo interno potencializado pelo 13º salário e uma oferta enxuta. Tudo isso sustenta a expectativa de uma virada positiva nas cotações nas próximas semanas.

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