Os preços da arroba voltaram a sofrer pressões negativas e, depois da queda do dólar, embargo nas exportações e escalas alongadas o mercado opera com sinal vermelho!
O mercado físico de boi registrou preços de estáveis a mais baixos nesta quinta-feira, 24, com as indústrias trabalhando de forma independente pelas praças pecuárias avaliadas pela nossa equipe. O fato dos frigoríficos ainda operar com escalas de abate relativamente confortáveis, atendendo entre cinco e sete dias úteis em média, permite que testem novas ofertas de compras.
Ao que tudo indica, o cenário no curto prazo é de sinal vermelho para os preços da arroba, que devem enfrentar grande pressão negativa, tanto para os animais voltados ao mercado externo, quanto para aqueles que atendem ao mercado interno. Você precisa ver, abaixo, os fatores e motivos que merecem atenção nos próximos dias, antes de negociar seus lotes de animais para abate, independente da categoria.
Sinal vermelho é ligado
A partir desta quinta-feira, 24 de março, entrou em vigor a suspensão temporária das importações chinesas de carne bovina oriunda de um grande frigorífico de Goiás – a unidade da JBS em Mozarlândia. O novo embargo chinês à carne produzida no frigorífico da líder mundial em proteína animal, anunciado na quarta-feira (22/3), criou um ambiente de tensão no mercado pecuário brasileiro.
Pelo menos em Goiás, os pecuaristas locais já sentem o peso da nova decisão chinesa. Segundo apurou a Scot Consultoria, a notícia de veto à unidade da JBS contribuiu para que as indústrias locais abrissem o mercado lançando preços menores.
Em Goiânia, a cotação do boi gordo caiu R$ 4/@ nesta quinta-feira, e a vaca gorda sofreu retração diária de R$ 2/@, de acordo com o levantamento da Scot. Dessa maneira, a referência para boi, vaca e novilha gordos está em R$ 310/@, R$ 285/@ e R$ 305/@ (preços brutos e a prazo).
Pela primeira vez na história, o boi gordo brasileiro superou a casa dos US$ 71 neste mês de março, quebrando o recorde anterior, de US$ 69,06/@, alcançado em 5 de novembro de 2010, informa o economista Yago Travagini, analista de mercado da Agrifatto, com sede na capital paulista.
“Pelo que estamos observando há, sim, um processo de redução desse ritmo intenso das exportações e já está afetando os preços futuros. O contrato com vencimento em maio/22 caiu de R$ 340/@ para R$ 327/@ em questão de semanas. No entanto, ainda não significa que serão resultados horríveis; devemos somente frear o ímpeto de recorde atrás de recorde como foi neste 1º trimestre“, apontou o analista em entrevista ao Portal DBO.
Fatos importantes para ficar atento neste momento
Apontamos alguns fatores que o pecuarista precisa ficar atento neste momento:
- Escalas de abate confortáveis;
- Queda na demanda externa, principalmente pela China;
- Embargo chinês em planta da JBS;
- Problema logístico das exportações frente a Guerra na Ucrânia;
- Queda do dólar e valorização da arroba brasileira frente aos seus concorrentes;
- Possível aumento da oferta de animais, principalmente das fêmeas com a desvalorização da cria.
Giro do boi gordo pelas praças pecuárias
No mercado paulista, a pressão de baixa na arroba se intensificou nesta quinta-feira, refletindo sobretudo os avanços nas escalas de abate, apontou a Scot Consultoria. A maior oferta de fêmeas resultou em queda de R$1/@ de vaca gorda no comparativo diário, agora valendo R$ 295/@, informa a Scot.
No entanto, os preços do boi gordo e da novilha pronta para abater seguiram estáveis nesta quinta-feira, nas praças paulistas, apregoados, respectivamente, em R$ 337/@ e R$ 330/@ (valores brutos e a prazo).
“Os compradores (de São Paulo) têm ofertado preços menores para todas as categorias”, relata a Scot.
Sendo assim, em São Paulo, conforme supracitado, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 342,64/@, na quinta-feira (24/03), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 308,25/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 306,25@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 329,37@.
A Agrobrazil, app parceiro do pecuarista, informou negociação pontual na casa de R$ 350,75/@ em Assis, no estado paulista. O preço foi composto de R$ 305,00/@ + R$ 45,75/@ (bonificações). Confira a imagem abaixo!
- Cinquenta cidades terão segundo turno na disputa pelas prefeituras
- Maior feira de pecuária paulista se fixa como uma das principais do Brasil
- Vai um café? Com preços nas alturas, especialista revela a razão por trás do recorde histórico
- Mais de R$ 20 milhões em espécie são apreendidos pela PF no 1º turno das eleições
- Banco do Brasil lança novo programa de sustentabilidade na pecuária
Cepea vive uma montanha russa e tem novo recorde
O Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, vive uma montanha russa com as cotações variando diariamente, entre posições acima e abaixo, conforme é possível observar no gráfico. Diante disso, o mercado saltou de R$ 345,30/@ para o valor recorde de R$ 352,05/@. Acumulando uma alta de 2,62% o Indicador segue valorizado, em um momento que todo o cenário aponta para pressão negativa dos preços.
As vendas fragilizadas e um difícil escoamento dos produtos continuam marcando o atacado paulista. Com mais um mês se encerrando, as previsões de melhora nesse mercado no curtíssimo prazo vão se tornando mais improváveis, o que resultou em mais um reajuste negativo na carcaça casada, que está sendo negociada na média de R$ 20,30/kg, uma desvalorização de aproximadamente 1% no comparativo diário.