
“Uma sociedade bem-informada e engajada pode superar essas manipulações, exigindo e promovendo ações que realmente contribuam para o desenvolvimento sustentável e a justiça social no Brasil”, resumem os autores do artigo.
Se você ainda não assistiu ao vídeo da APROSOJA (MT), deveria assistir. Esse vídeo tem como mote central a pergunta: “Você colocaria fogo no seu próprio patrimônio? Os produtores rurais também, não”.
O agronegócio brasileiro, que é um dos mais avançados e produtivos do mundo, sofre impactos negativos com as queimadas. A imagem do setor é prejudicada, especialmente no cenário internacional, onde cresce a pressão por práticas sustentáveis e responsáveis.
As queimadas descontroladas causam danos diretos às propriedades agrícolas, afetando a produtividade e causando perdas econômicas significativas. Além disso, as áreas afetadas podem ter o solo empobrecido e a biodiversidade local comprometida, o que afeta o ciclo produtivo.
Não é possível atribuir a culpa exclusivamente aos agricultores ou ao agronegócio. As queimadas resultam de uma combinação de fatores, incluindo ações criminosas, falta de fiscalização eficaz, e até mesmo políticas públicas deficientes em certas regiões.
Infelizmente, as queimadas muitas vezes são politizadas, com grupos de interesse utilizando o tema para culpar o agronegócio de forma generalizada. Isso pode ser uma estratégia para desviar a atenção de problemas mais complexos ou de outros culpados reais.
O Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. No entanto, a fiscalização precisa ser reforçada para prevenir e punir atividades ilegais relacionadas às queimadas.
O agronegócio brasileiro tem investido cada vez mais em práticas sustentáveis, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e a agricultura de baixo carbono, que ajudam a reduzir a necessidade de queimadas e a conservar o meio ambiente.
Muitas vezes, grupos políticos ou interesses particulares destacam as queimadas como uma estratégia para culpar setores específicos, como o agronegócio, desviando a atenção de outras causas igualmente ou mais importantes, como o desmatamento ilegal, a grilagem de terras, e a falta de fiscalização efetiva.
A polarização do debate sobre as queimadas pode criar uma falsa dicotomia, onde certos setores são retratados como vilões e outros como vítimas ou heróis, simplificando de forma exagerada uma questão que é, na realidade, muito mais complexa.
Quando o tema das queimadas é usado politicamente, a informação pode ser apresentada de forma distorcida ou incompleta, levando a uma percepção errônea por parte da sociedade. Isso pode dificultar a formação de uma opinião pública bem-informada e comprometida com soluções de longo prazo.
Além disso, há um risco de que recursos e atenção sejam desviados de soluções efetivas, como o fortalecimento da fiscalização ambiental, o desenvolvimento de políticas públicas integradas para a conservação, e o apoio a práticas agrícolas sustentáveis.
O uso político pode levar à criminalização de setores produtivos que, embora tenham um papel na questão, também são essenciais para a economia do país. Isso pode gerar conflitos desnecessários e dificultar a colaboração entre governo, sociedade civil e setor privado na busca de soluções.
A politização constante pode levar à erosão da confiança da sociedade nas instituições, dificultando a implantação de políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável, pois as pessoas passam a ver todas as iniciativas como parte de uma agenda política em vez de soluções genuínas.
E como a sociedade pode reagir?
Primeiro, buscar informações confiáveis. É crucial que a sociedade busque informações de fontes confiáveis e variadas, para entender a complexidade dos problemas ambientais e evitar ser manipulada por narrativas simplistas ou sensacionalistas.
Os cidadãos podem se engajar ativamente no debate, exigindo transparência e ações concretas dos governos e outras instituições, além de apoiar iniciativas que promovam a sustentabilidade e a justiça social.
Apoiar políticas que integrem o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental é essencial para quebrar o ciclo de uso político e realmente avançar na resolução dos problemas.
Os produtores rurais têm um papel crucial na prevenção e no combate às queimadas ilegais no Brasil. Além de serem muitas vezes vítimas dessas queimadas, eles também estão na linha de frente da preservação ambiental e do uso sustentável da terra.
Portanto, fique de olho: o problema é real, mas, o uso político das queimadas e de outros temas ambientais pode ser uma estratégia poderosa para manipular a opinião pública e desviar a atenção de problemas mais profundos e urgentes.
Uma sociedade bem-informada e engajada pode superar essas manipulações, exigindo e promovendo ações que realmente contribuam para o desenvolvimento sustentável e a justiça social no Brasil.
Oxalá nos proteja!
Autores:
Charlene de Ávila. Advogada. Mestre em Direito. Consultora Jurídica em propriedade intelectual na agricultura de Néri Perin Advogados Associados
Néri Perin. Advogado Agrarista especialista em Direito Tributário e em Direito Processual Civil pela UFP. Diretor Administrativo da Néri Perin Advogados Associados
Nota: As informações acima são de responsabilidade dos autores e não necessariamente são as do Portal Compre Rural
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