As capineiras não são mais as mesmas

Quem se lembra daquelas capineiras na fazenda de leite, só era fornecida na época da seca, para ajudar na produção e garantir nutrição dos animais. Onde foram parar?

O nome capineira nos remete a uma área da propriedade, usualmente cultivada com capim-Elefante, as capineiras, o qual tem o seu crescimento explorado na estação chuvosa para ser fornecido na estação seca sob baixíssimo valor nutritivo. Este cenário permaneceu (em alguns casos ainda permanece) por décadas em muitas fazendas leiteiras, motivado pela divulgação feita por instituições de pesquisa de que o capim-Elefante era a opção ideal para alimentar vacas em lactação.

Como a cadeia leiteira teve uma reviravolta nas duas últimas décadas, produtores tiveram que tomar medidas para permanecer na atividade. Uma delas foi a busca pela intensificação, para aumentar a produtividade, principalmente em regiões de terras caras.

Para intensificar, se faz necessário confinar as vacas e, desse modo, o capim-Elefante maduro teve que ser substituído pela silagem de milho, pois aquele modelo de produção arcaico já não se permite.

Neste novo cenário nutricional, os capins frescos começaram a ter um novo espaço na dieta de vacas em lactação. Agora, não como fonte de forragem principal, mas como secundária (baixa inclusão na dieta). Estes resultados são claramente vistos pelo recente levantamento que fizemos sobre dietas praticadas em fazendas leiteiras.

Cento e quarenta e nove propriedades sob sistema intensivo, localizadas nos 6 estados que mais produzem leite (RS, SC, PR, SP, MG e GO) foram entrevistadas. Quarenta e sete fazendas (32%) responderam que usavam diariamente forragem fresca picada na ração das vacas, com inclusão média de 5%.

Ou seja, estas propriedades estavam cultivando capins tropicais, principalmente aqueles pertencente ao grupo do gênero Cynodon (Tifton-85 e Coastcross), mas com uma perspectiva diferente daquela praticada num recente passado, momento em que a exploração da biomassa era preconizada.

Por quê este cenário mudou tão rapidamente? Porque não há mais espaço para erros quando se trabalha com sistemas intensivos. A vaca moderna é exigente, o “sistema” é exigente. Os aspectos agronômicos devem andar ao lado dos nutricionais e vice-versa. Portanto, as capineiras não são mais as mesmas. São unidades de produção de forragem que buscam um balanço entre produtividade e valor nutritivo. Ou seja, elas fazem jus ao sistema na qual elas estão inseridas.

Fonte: Milk Point

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM