As mulheres à frente das duas maiores associações de equinos do Brasil

Liderança feminina transforma a gestão da ABQM e da ABCCMM, fortalecendo o papel das mulheres no setor agro e na equinocultura.

O universo da equinocultura no Brasil, historicamente marcado por lideranças masculinas, vive um momento de transformação. Pela primeira vez, duas das maiores associações de criadores de cavalos do país são comandadas por mulheres. Trata-se de um marco inédito que reflete não apenas o avanço da representatividade feminina no agronegócio, mas também o fortalecimento do setor diante de novos desafios e perspectivas.

De um lado, Mônica Regina Ribeiro de Castro Cunha, natural de Presidente Prudente (SP), assumiu em 2025 a presidência da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM). Do outro, Cristiana Gutierrez, à frente desde 2022 da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), conduz uma gestão focada em inovação e valorização da raça mais numerosa da América Latina. Juntas, as duas associações representam mais de 400 mil criadores pelo país.

Mônica Cunha: pioneirismo no Quarto de Milha

Formada em Jornalismo, com MBA em Gestão Empresarial, Mônica Cunha é a primeira mulher a presidir a ABQM, associação que reúne os criadores do Quarto de Milha no Brasil. Vinda de uma família tradicional da raça — seu pai, Geraldo Ribeiro, é pioneiro e fundador do Rancho QM —, ela cresceu no ambiente do cavalo e construiu sua trajetória como amazona versátil, competindo em nove modalidades diferentes e sendo a primeira mulher a disputar provas de Apartação no país.

Mônica Cunha, presidenta da ABQM, uma das maiores associações de equinos. Fotos: Divulgação/Miriani Nunes

Além da experiência como dirigente, Mônica também acumula feitos expressivos nas pistas. Em 2021, durante campeonato realizado em Araçatuba, sagrou-se campeã nacional ABQM e AQHA em Apartação com a égua Sandy Abra, de sua criação, e ainda foi reservada campeã nacional com o animal Cat Rey. A conquista teve repercussão nacional e internacional, já que a AQHA (American Quarter Horse Association) é a maior e mais tradicional entidade mundial do Quarto de Milha.

Antes de assumir a presidência, Mônica já havia participado ativamente da entidade, sendo membro do Conselho de Administração por três mandatos consecutivos. Na eleição de 2019, recebeu 583 votos, a maior votação da história da entidade até então.

Na gestão atual, sua prioridade tem sido unir o setor e aproximar a ABQM de outras associações de raças equinas, fortalecendo parcerias que impactam diretamente a cadeia produtiva do agronegócio. Em setembro de 2025, por exemplo, liderou uma comitiva da ABQM em viagem aos Estados Unidos para estreitar laços com a American Quarter Horse Association (AQHA), reforçando o intercâmbio internacional e a valorização da genética nacional.

Cristiana Gutierrez: tradição e modernização no Mangalarga Marchador

À frente da maior associação de equinos da América Latina, com mais de 25 mil associados ativos e presença internacional em países como Alemanha, Itália, Estados Unidos e Argentina, Cristiana Gutierrez se tornou em 2022 a primeira mulher a presidir a ABCCMM.

Cristina Gutierrez, presidenta da ABCCMM, uma das maiores associações de equinos.

Médica por formação, com 38 anos de carreira, Cristiana também é produtora rural e titular do Haras Morada Nova, em Inhaúma (MG). Sua família cria a raça há mais de 35 anos, consolidando um trabalho de gerações no desenvolvimento do Mangalarga Marchador.

Em sua posse, destacou o compromisso em dar continuidade a uma gestão de resultados, mantendo o respeito aos associados e investindo na evolução técnica da raça. Entre as ações de sua gestão, chama atenção a implantação de medidas de controle antidoping em competições, sinalizando uma postura firme em favor da ética e da credibilidade do setor.

Além da presidência da ABCCMM, Cristiana também exerce papel estratégico como presidente da Comissão Nacional de Equideocultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ampliando sua influência no fortalecimento da cadeia equina no país.

O fato de duas mulheres estarem à frente das maiores entidades equinas do Brasil simboliza não apenas uma conquista pessoal, mas um avanço estrutural para o agronegócio equestre. Mônica e Cristiana representam a quebra de barreiras em um setor que, embora tradicional, abre espaço cada vez maior para lideranças femininas.

Suas gestões a frente das maiores associações de equinos, mostram que é possível aliar tradição e inovação, valorizando a história das raças, mas também introduzindo práticas modernas de gestão, parcerias internacionais e políticas de bem-estar animal. Com isso, elas reforçam o protagonismo do cavalo brasileiro no cenário mundial e consolidam um novo capítulo da equinocultura nacional.

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