Associações investem em carne certificada para aumentar lucro

As experiências de várias raças foram apresentadas durante o I Seminário Técnico Internacional da Raça Senepol

Com a demanda por carne bovina de qualidade crescente, os pecuaristas brasileiros estão em busca de alternativas que permitam atender o mercado, mas também que sejam mais rentáveis. Essa foi a tônica do primeiro dia do “I Seminário Técnico Internacional da Raça Senepol”, que reúne quase 400 pessoas do Brasil e de diversos países da América Latina, entre criadores, pesquisadores, especialistas em mercado, no Parque de Exposições de Uberlândia/MG.

Durante o painel sobre o cenário econômico e tendências da pecuária de corte, os especialistas alertaram para a necessidade de monitorar os preços de mercado e de incorporar cada vez mais tecnologias ao sistema de produção, tanto na área de genética, nutrição, sanidade, para ter uma melhor gestão do negócio.

O diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, destacou que existem ferramentas para minimizar as oscilações de preço. “Este é um bom momento para investir na bolsa de valores e para travar o preço da arroba utilizando o seguro, fugindo assim de ter prejuízo com as atuais oscilações de mercado.”, diz Torres.

Importância da IATF

Como genética tem um forte impacto no aumento da produtividade do rebanho, o presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), Sérgio Saud, reforçou a necessidade de investir em tecnologias, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Um levantamento feito em uma propriedade rural de pecuária de corte mostrou que, a taxa de prenhez saltou de 52% para 90,5% quando a técnica foi aplicada de forma ressincronizada. “A IATF eleva significativamente a rentabilidade do negócio pecuário, pois o produtor consegue aumentar a taxa de concepção das vacas e ter bezerros mais pesados à desmama.”, diz Saud.

Esses índices têm maior resultado quando associados a um correto manejo nutricional e sanitário. O zootecnista e ex-presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), Lauriston Bartelli, alertou que, em momentos de crise econômica, alguns produtores optam por deixar de investir em nutrição na tentativa de reduzir os custos de produção, mas acabam perdendo dinheiro no final do processo. “Sem nutrição adequada, o gado fica mais tempo no pasto, fica com o acabamento de carcaça ruim e o produtor deixa de ganhar a bonificação paga pelo frigorífico.”, aponta Bartelli.

O presidente da Nova Assocon – Associação dos Confinadores, Alberto Pessina, ressaltou que a demanda por carne no mundo é crescente, mas atendê-la vai exigir dos pecuaristas um sistema de gestão eficiente. “Temos o desafio de elevar a produtividade, em um momento que as exigências ambientais são cada vez maiores e há uma redução de terras disponíveis para a pecuária.”, ressalta Pessina.

Carne Certificada

Saindo das tendências de mercado, o I Seminário Técnico Internacional da Raça Senepol destacou como as associações de criadores vêm conseguindo agregar valor às raças com os programas de certificação da carne. Foram compartilhadas as experiências da Associação Brasileira de Hereford e Bradford, apresentadas pelo CEO da entidade Fernando Lopa; da Associação Brasileira de Angus, destacada pelo gerente Nacional do Programa Angus Fábio Medeiros; e da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, abordada pelo gerente executivo André Locateli.

Todos reforçaram que, ao criar um programa de certificação de carne, é preciso ter claro qual será o mercado-alvo. Além disso, é preciso manter um padrão de qualidade e ter regularidade na entrega do produto. “O consumidor é quem dita as regras, por isso, entender o que ele quer é garantia do sucesso.”, explica Medeiros.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol), Pedro Crosara, a entidade também terá sua certificação de carne, que englobará de ponta a ponta da produção, ou seja, certificará desde a produção de genética até a carne que chega ao consumidor.

Programa de Qualidade

O representante da CNA Paulo Vicente Nogueira apresentou o Programa de Qualidade da entidade, que reúne os selos de certificação de diversas raças e têm garantido melhores bonificações aos produtores.

A experiência do cooperativismo explorando nichos do mercado de carne foi tema da palestra da gerente do departamento técnico da CooperAliança, de Guarapuava/PR, Marina Araújo Azevedo.

Com 25.800 cabeças abatidas por ano, a entidade pretende elevar para 40 mil esse número até 2020 e, para isso, está construindo uma planta frigorífica para que possa, além do abate, fazer o processo de desossa e cortes. A cooperativa funciona há 10 anos no Paraná e surgiu com o objetivo de melhorar a rentabilidade do produtor, agregando mais valor ao negócio. “Conseguimos ter uma melhor margem de lucro por estarmos nas duas pontas da cadeia: fazenda e indústria.”, revela Marina.

Outros painéis do I Seminário Técnico Internacional da Raça Senepol tratarão de Manejo/Sanidade; Programa de Melhoramento Genético do Senepol – PMGS, Provas Zootécnicas e Avaliação de Desempenho; Melhoramento Animal: Avaliação e seleção genética; Genômica Aplicada. O evento integra a programação do “Mega Encontro Internacional do Senepol – Do Pasto ao Prato”, que ocorre entre os dias 30 de agosto e 10 de setembro, com mostra de animais, dia de campo, leilão, degustação de carne Senepol, projeto Senepol Solário.

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