
Série de ataques de onça mata bezerros em propriedades da Fercal, no Distrito Federal, acende alerta entre pecuaristas e mobiliza órgãos ambientais
O clima de tensão tomou conta da comunidade rural da Fercal, no Distrito Federal, após uma sequência de ataques atribuídos a uma onça-pintada. Em menos de uma semana, cinco animais foram mortos — quatro bezerros e uma vaca — em sítios próximos, gerando pânico entre os moradores e prejuízo para os criadores.
O primeiro ataque foi registrado na quarta-feira (3), quando dois bezerros e uma vaca foram encontrados mortos no Sítio Recanto da Paz. Dias depois, na sexta (5), outro bezerro foi atacado em uma propriedade vizinha. No fim de semana, mais dois episódios reforçaram o temor: um animal foi encontrado dilacerado no sábado (6) e outro no domingo (7), novamente no sítio de Cid Marques, produtor rural que divulgou imagens mostrando os bezerros mortos no chão com graves ferimentos.
Segundo relatos, os ataques ocorreram sempre próximos à sede das propriedades, o que aumentou o medo dos trabalhadores e familiares. “Agora, os animais ficarão confinados em cerca elétrica. O ataque, dessa vez, foi em local diferente, mas também perto da sede”, disse o proprietário Cid Marques, destacando que nunca havia presenciado situação semelhante em mais de 10 anos vivendo na região.
Onça mata bezerros e investigação é aberta
Equipes do Ibama estiveram nos locais para analisar pegadas, ferimentos e possíveis registros nas câmeras de segurança instaladas após os primeiros ataques. Apesar da expectativa, nenhuma imagem conseguiu identificar o predador. A análise das marcas sugere a presença de um ou dois grandes felinos.
O órgão, em conjunto com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e o Batalhão da Polícia Militar Ambiental do DF, estuda a montagem de uma força-tarefa para monitoramento e possível captura do animal, caso novos ataques sejam confirmados.
O que dizem os especialistas
Para o biólogo Roberto Cabral, situações como essa são reflexo do avanço humano sobre o habitat natural das onças. “Muitas vezes, foi a gente que invadiu o território desses animais e acabou com a disponibilidade de alimento. Sem outra alternativa, eles se voltam para os animais domésticos para sobreviver”, explicou.
O especialista também reforçou que as onças não oferecem risco direto aos humanos, já que o ser humano não faz parte de sua dieta natural, sejam elas pintadas ou pardas. “É importante tranquilizar as pessoas. Esse tipo de ataque pode ser controlado com medidas de manejo adequadas”, completou.
Medidas emergenciais e temor no campo
Enquanto aguardam uma resposta oficial, os pecuaristas têm adotado estratégias próprias de proteção. Cercas elétricas, confinamento noturno e monitoramento constante viraram rotina. No entanto, o prejuízo já preocupa. Bezerros jovens representam investimento no futuro da produção e, com os ataques, criadores calculam perdas que vão além do valor de mercado, envolvendo também a insegurança de manter a atividade.
Os ataques na Fercal mostram um dilema cada vez mais comum no Brasil: a convivência entre pecuária e fauna silvestre. O caso expõe a necessidade de políticas públicas que conciliem a proteção de espécies ameaçadas, como a onça-pintada, com a segurança e o sustento das famílias rurais. Enquanto o mistério sobre o felino não é esclarecido, os moradores da região seguem em alerta — e com as câmeras voltadas para o campo.
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