O perfilhamento do capim, que envolve o crescimento de novos brotos a partir do caule da planta, não apenas influencia a capacidade de rebrota, mas também determina a qualidade nutricional da pastagem ao longo do tempo.
No dinâmico cenário do agronegócio brasileiro, cada decisão conta, especialmente no manejo de pastagens. Um aspecto frequentemente negligenciado, porém crucial, é o primeiro pastejo e seu impacto fundamental no perfilhamento do capim. O perfilhamento do capim, que envolve o crescimento de novos brotos a partir do caule da planta, não apenas influencia a capacidade de rebrota, mas também determina a qualidade nutricional da pastagem ao longo do tempo.
Compreender como esse processo ocorre e como pode ser estimulado ou prejudicado por diferentes práticas de manejo é essencial para maximizar a produção de forragem e assegurar a saúde contínua do pasto. Neste contexto, exploraremos a importância do perfilhamento no primeiro pastejo, destacando suas implicações cruciais para a sustentabilidade e a eficiência produtiva das explorações pecuárias.
Antes de mergulharmos nas complexidades do manejo moderno de pastagens, é essencial compreender como as práticas evoluíram ao longo dos anos. A professora Janaína Marcelo, em seu esclarecedor episódio da série “Seu Pasto é Lavoura”, desmistifica um mito arraigado na pecuária: a necessidade de deixar o pasto sementar antes do primeiro pastejo.
“É um mito que precisamos quebrar. Não há mais razões válidas para permitir que o pasto semente antes do primeiro pastejo”, explica Janaína com convicção. Ela ressalta que avanços significativos em sementes de alta qualidade e práticas de adubação eficazes eliminaram as justificativas para tal prática obsoleta.
A central para entender essa mudança é o conceito de perfilhamento. Este processo, que envolve o crescimento de novas folhas e brotos no capim, é essencial para manter a saúde e a produtividade da pastagem. “Cada perfilho adiciona folhas, aumentando a área de superfície para fotossíntese. Quanto mais perfilhos, mais alta será a taxa de crescimento e, consequentemente, a produção de forragem”, enfatiza Janaína.
Importância do perfilhamento no pasto
O perfilhamento desempenha um papel crucial no desenvolvimento das pastagens. Durante o primeiro pastejo, a planta forrageira inicia a ocupação do solo, sendo fundamental evitar que o pasto sementeie. Caso contrário, o capim resultante terá baixa qualidade, alta fibra e baixo teor de proteína, o que dificulta sua digestão pelo gado e acarreta em prejuízos financeiros.
A produtividade do pasto está diretamente ligada ao perfilhamento das plantas, que é influenciado por três fatores principais: fosfato, nitrogênio e luz. É essencial que a luz solar penetre até a base das touceiras para estimular o crescimento de novos brotos e folhas, aumentando a capacidade de fotossíntese e a produção de forragem.
Tempo correto para o primeiro pastejo
O momento ideal para o primeiro pastejo não requer que o pasto sementeie. Deve-se realizar o manejo quando a planta atinge a altura recomendada, como os 70 cm ideais para o capim BRS Zuri. Antes de permitir o pastejo, é aconselhável realizar o teste do arranquio para verificar se o capim está suficientemente enraizado e não será arrancado junto com a raiz.
Em solos bem manejados, como os arenosos ou argilosos com aplicação adequada de calcário e adubação fosfatada, o risco de arrancar o capim é minimizado. Caso o capim esteja firme, é possível iniciar o pastejo com animais leves para um desponte inicial, promovendo assim um crescimento mais vigoroso da pastagem.
Impactos do primeiro pastejo mal planejado
A negligência no manejo adequado durante o primeiro pastejo pode resultar em consequências significativas. “Se deixarmos o pasto sementar, ocorre um crescimento desordenado com excesso de caules e sementes. Isso leva a um capim fibroso, pobre em nutrientes e de baixa palatabilidade para o gado”, explica a especialista. Tal cenário não apenas diminui a qualidade da pastagem, mas também compromete a eficiência da conversão alimentar do gado, impactando diretamente nos resultados financeiros.
A importância da luz no processo
Além das considerações sobre sementes e adubação, Janaína ressalta a importância crítica da luz para o perfilhamento eficiente. “Sem uma exposição adequada à luz solar, os benefícios dos nutrientes como fósforo e nitrogênio são significativamente reduzidos. A luz desempenha um papel fundamental na promoção do crescimento vegetativo e da fotossíntese”, enfatiza.
Ela destaca que a chegada de luz à base das touceiras é essencial para estimular a formação de novos brotos no capim. “Quando o pasto sementeia antes do primeiro pastejo, ocorre um sombreamento excessivo que prejudica esse processo crucial”, explica a especialista. Esse cenário resulta em pastagens com poucos perfilhos, comprometendo tanto a produtividade quanto a qualidade nutricional da forragem.
Além do manejo cuidadoso da altura e do teste de arranquio, Janaína sugere a aplicação estratégica de adubos, como o nitrogênio, após o primeiro pastejo. “Isso proporciona um impulso adicional ao perfilhamento, estimulando o crescimento vigoroso das novas plantas e ocupando eficientemente os espaços vazios na pastagem”, destaca.
Em síntese, a abordagem correta ao primeiro pastejo não apenas otimiza a produtividade das pastagens, mas também promove a sustentabilidade a longo prazo no agronegócio. “É essencial abandonar práticas antiquadas de deixar o pasto sementar em favor de uma gestão baseada em ciência e tecnologia”, finaliza Janaína.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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