Avanço da Covid-19 reduz em 5% o preço dos fertilizantes

Segundo Cepea, menor demanda, maior oferta de matéria-prima da China e preços do petróleo reverteram tendência de alta no mercado em abril.

O avanço da pandemia de Covid-19 reduziu em 5% os preços dos principais fertilizantes intermediários usados nas lavouras brasileiras em abril. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), componentes como Nitrogênio, Fósforo e Potário (NPK) interromperam a alta verificada até março.

“O movimento baixista no mercado internacional esteve atrelado a incertezas quanto às demandas por insumos e alimentos e ao crescimento econômico, diante da pandemia”, diz trecho do relatório divulgado pela instituição.

Outro fator que contribuiu para a queda nas cotações dos nitrogenados foi o baixo patamar de preços do petróleo e do gás natural – usado na produção de ureia -, o que resultou em valores menores de adubos. No caso dos potássicos, parte do volume ofertado em 2019 ainda está estocado, pressionando as cotações do Cloreto de Potássio (KCl).

Os pesquisadores do Cepea observam que as restrições por conta da pandemia na Índia podem resultar na migração de culturas com menores exigências nutricionais. Por outro lado, a China, um dos principais fornecedores de matérias-primas no mercado de adubos, teve a situação normalizada em março, após interrupção na economia desde janeiro.

Mercado brasileiro

No mercado brasileiro, as cotações de fertilizantes dispararam na região sul do país, por conta da valorização de 8,86% do real frente ao dólar em abril. Segundo o Cepea, o adubo fosfatado teve valorização de 10% entre março e abril, enquanto os reajustes de fertilizantes nitrogenados e potássicos foram de 7% e 3%, respectivamente, na média das principais regiões produtoras do sul.

Em relação aos preços da saca de 60 kg da soja, a alta foi de 4% no período, impulsionados pela demanda aquecida, especialmente por parte do mercado internacional. Com isso, a relação de troca da saca pela tonelada de KCl se manteve estável de março para abril, em 19,34 sacas por tonelada do insumo.

Já para o MAP (componente mineral fosfatado utilizado como matéria-prima para outros fertilizantes), a relação de troca ficou desfavorável ao produtor da oleaginosa. Assim, para obter uma tonelada do adubo, o sojicultor precisou dispor de 25,76 sacas em abril, contra 24,29 sacas em março.

No caso do milho, houve recuo de 6% no preço da saca de 60 kg, devido à retração de compradores nos mercados interno e externo, receosos quanto à crise econômica. Por isso, em abril, produtores precisaram de 5,62 sacas de milho a mais do que em março para a compra de uma tonelada de ureia.

Cerrado

Em municípios como Sorriso (MT), Rondonópolis (MT), Rio Verde (GO), Uberaba (MG), Balsas (MA), Primavera do Leste (MT) e Campo Novo do Parecis (MT), que compõem a região do Cerrado, os adubos fosfatado e nitrogenado apresentaram incrementos médios nos preços de 7% e 6%, respectivamente. Já o fertilizante potássico, por sua vez, registrou desvalorização de 1%, por conta dos estoques de passagem.

Desta maneira, diante da alta média de 8% nas cotações da oleaginosa no Cerrado de março para abril, produtores precisaram de 21,16 sacas de soja para a compra de uma tonelada de KCl em abril, 1,89 saca a menos do que em março, segundo o Cepea. Para o MAP, a relação de troca se manteve estável, com um volume de 27 sacas por toneladas.

Com relação ao milho, os pesquisadores observam que a desvalorização de 4% na saca do cereal fez com que a relação de troca pela tonelada de ureia também ficasse desfavorável ao agricultor nas praças do Cerrado, passando de 43,30 sacas por tonelada em março para 47,70 sacas por tonelada em abril.

Fonte: Globo Rural

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM