
Desembargadora Jane Maria Köhler Vidal destaca as desigualdades estruturais do campo e o protagonismo feminino para transformar cultura e economia.
No contexto da Expointer, a desembargadora Jane Maria Köhler Vidal traz à tona a pauta sobre as mulheres no agronegócio que enfrentam conquistas históricas, desafios persistentes e uma violência simbólica que precisa ser confrontada. Para se ter ideia, segundo ela, a cada seis horas uma mulher morre por motivo de gênero, um retrato brutal que exige reflexão e ação.
Para a magistrada, o feminicídio é o grau máximo da violência contra a mulher e suas raízes estão fincadas em estereótipos arcaicos. “Começa quando se estimula o homem a ser campeão e a menina a ir colocar a barriga no fogão”, afirma. Quando uma mulher quebra esse padrão e busca afirmação, muitas vezes é desqualificada: “chamam-na de ‘nervosa'”, lamenta.
Conforme Jane, esse rompimento com papéis tradicionais exige reconhecimento. “Todas as mulheres precisaram conquistar o direito de ir à escola, de votar, de trabalhar, de possuir um cartão de crédito.” Cada uma dessas vitórias representa avanço de autonomia e cidadania.
A desigualdade no campo espelha a estrutura patriarcal. “Há um machismo estrutural em toda a sociedade e o campo reflete isso também. Apesar dos avanços, é preciso avançar ainda mais e o caminho passa pela educação e qualificação profissional. Temos que, por exemplo, estudar, nos aprimorar para nos tornarmos verdadeiras profissionais, com realização pessoal e profissional”, observa.
Jane também destaca que a Expointer revela esse avanço, pois mulheres que antes eram invisíveis, consideradas meras ajudantes, especialmente no período colonial, ocupam hoje posições de destaque na produção agropecuária. Elas têm protagonismo de fato, com relevância econômica e cultural crescente.
Por fim, a desembargadora lembra que o campo, enquanto expressão de nossas raízes, carrega desigualdades históricas. A transformação, portanto, passa pela educação e conscientização. É, afirma Jane, esse processo que muda culturas e nele, o papel de instituições acadêmicas como a Ulbra é fundamental, capacitando homens e mulheres para construir uma sociedade de respeito e garantir o pleno desenvolvimento feminino.
A participação de Jane Maria Köhler Vidal na 48ª Expointer foi através de uma palestra, promovida pelo curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), no espaço Casa da Ulbra (quadra 45) na feira, que ocorreu na noite desta terça-feira (2).
Reconhecimento à rede de solidariedade

Em um gesto de valorização, a desembargadora recebeu um reconhecimento da Ulbra por sua atuação solidária junto à Justiça e corpo docente. Ela mobilizou sua rede de contatos para viabilizar atendimento aos acolhidos pela Ulbra, vítimas das enchentes que castigaram o Rio Grande do Sul em 2024. A ação possibilitou a emissão de cerca de 4 mil certidões de óbito e nascimento para famílias que haviam perdido documentos. A Ulbra foi abrigo para mais de 8 mil pessoas e mais de 3 mil animais.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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