Beef on dairy: Bezerros mestiços nascem mais saudáveis e se desenvolvem melhor, aponta PUCPR

Estudo destaca que animais cruzados entre Angus e Holandesa – conhecido como beef on dairy – apresentam mais peso ao nascer, menor incidência de diarreia e melhor desempenho durante a fase de aleitamento

A busca por mais eficiência e sustentabilidade nas fazendas leiteiras brasileiras está impulsionando uma prática já consolidada em países como Estados Unidos e nações da Europa: o cruzamento entre raças leiteiras e de corte, conhecido como beef on dairy. Uma pesquisa conduzida pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) traz dados concretos sobre os benefícios desse modelo no Brasil, especialmente quando o cruzamento envolve animais das raças Angus e Holandesa.

O estudo, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUCPR, revelou que os bezerros mestiços (Angus × Holandesa) nascem com mais peso e menos propensão a doenças, quando comparados aos de raça pura Holandesa. A pesquisa avaliou 379 animais, sendo 89 mestiços e 290 holandeses puros, todos criados sob as mesmas condições em uma fazenda leiteira de grande porte no Paraná.

Resultados expressivos: mais peso e menos doenças

Segundo os dados levantados, os bezerros mestiços nasceram com uma média de 40 kg, enquanto os holandeses atingiram 36 kg, um ganho de 10% a mais no peso ao nascer. Além disso, os mestiços apresentaram 2,95 vezes menos chances de serem diagnosticados com diarreia durante a fase de aleitamento — um indicativo claro de maior robustez imunológica.

Outro destaque do estudo foi o desempenho superior dos mestiços durante o período de criação. Eles ganharam mais peso, apresentaram melhor resposta à alimentação e demandaram menos intervenções veterinárias.

“Compreender os efeitos do cruzamento sobre a saúde e o desempenho desses animais é essencial para subsidiar decisões de manejo, independentemente da aptidão do gado”, afirma Ruan Daros, professor da PUCPR.

Beef on dairy: Técnica avança no Brasil com apoio de cooperativas

O beef on dairy se baseia na produção de carne de qualidade a partir de rebanhos leiteiros, integrando dois pilares da agropecuária. O modelo ganha força no Brasil não apenas por seus resultados técnicos, mas também por incentivos comerciais: cooperativas paranaenses já bonificam produtores que enviam bezerros mestiços, especialmente os Angus, aos frigoríficos.

A estratégia também oferece solução para um desafio antigo: o destino dos bezerros machos da raça Holandesa, que historicamente possuem baixo valor de mercado por sua menor aptidão para corte.

Manejo adequado é essencial para maximizar resultados

Apesar dos benefícios do cruzamento, os pesquisadores alertam que o desempenho dos animais depende diretamente do manejo desde os primeiros dias de vida. Isso inclui cuidados como:

  • Nutrição adequada, com dieta líquida (leite), concentrado (grãos) e volumoso (silagem ou pastagem);
  • Oferta de colostro em quantidade, qualidade e tempo ideais nas primeiras horas de vida, garantindo imunidade;
  • Ambiente limpo e ventilado, com espaço apropriado e mão de obra qualificada.

“Esses cuidados são essenciais não apenas para garantir um desempenho otimizado em curto e longo prazo, acarretando bonificação ao produtor, mas também para assegurar o bem-estar dos animais envolvidos em toda a cadeia de produção”, destaca Michail Moroz, doutorando da PUCPR e autor principal do estudo.

Reconhecimento internacional

O artigo científico com os resultados foi publicado na revista internacional Dairy, sob o título “Saúde e desempenho de bezerros beef on dairy (Angus × Holandês) e bezerros da raça Holandesa durante a fase de criação”. A pesquisa foi conduzida por Michail Sabino Moroz, Camila Cecilia Martin (Universidade Positivo) e Ruan Rolnei Daros (PUCPR), e pode ser acessada no link: https://doi.org/10.3390/dairy6030020.

Com respaldo científico e interesse crescente do mercado, o beef on dairy se consolida como uma alternativa promissora para aumentar a rentabilidade, reduzir perdas e promover práticas sustentáveis nas propriedades leiteiras brasileiras.

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