
Indicadores mostram estabilidade no boi gordo em São Paulo (R$ 310–R$ 315/@, com negócios pontuais a R$ 320/@), bezerro mais firme no MS e reposições travadas pelo clima. Veja tabelas, falas de analistas e cenários para o 4º trimestre.
O mercado de reposição entrou na segunda quinzena de setembro com um recado claro: o bezerro encostou nos R$ 420/@ e voltou a operar perto das máximas do ano, enquanto o boi gordo mantém um comportamento lateral em São Paulo, com baixa liquidez no físico. Segundo o Cepea, a estabilidade decorre de escalas de abate abastecidas por gado próprio e contratos, reduzindo a urgência de compras no spot e mantendo a negociação em lotes pequenos.
Indicadores mostram estabilidade no boi gordo em São Paulo (R$ 310–R$ 315/@, com negócios pontuais a R$ 320/@), bezerro mais firme no MS e reposições travadas pelo clima. Veja tabelas, falas de analistas e cenários para o 4º trimestre.
Onde estão os preços agora
- Bezerro (MS, arroba): a parcial de setembro voltou acima de R$ 420/@, aproximando-se do pico de 2025 (abril acima de R$ 430/@); a alta recente combinou leve avanço no preço por cabeça e queda do peso médio de venda (207,1 kg até 10/set).
- Boi gordo (SP, CEPEA/B3): na semana de 2 a 12 de setembro, o indicador “a prazo” oscilou entre R$ 314 e R$ 317/@; o “à vista” trabalhou ao redor de R$ 311–R$ 313/@.
- Mercado SP (consultorias): referência de R$ 315/@ (Boi China bruto) e registros pontuais a R$ 320/@; demais praças com estabilidade.
Tabela 1 — Indicadores-chave (semana de 8–12 de setembro de 2025)
Indicador | Valor de referência | Observação |
Bezerro, MS (R$/@) | ≈ R$ 420,5 | Parcial de setembro, próxima da máxima de 2025 |
Bezerro, MS (R$/cabeça) | R$ 2.894 (11/set) | Indicador Cepea por cabeça |
Boi gordo, SP (R$/@, a prazo) | R$ 314,5 (12/set) | Faixa de 314–317/@ na semana |
Boi “China”, SP (R$/@, bruto) | R$ 315 | Negócios pontuais a 320/@ |
Relação bezerro/boi (R$/@): 420,5 ÷ 314,5 ≈ 1,34 — mostra bezerro relativamente mais caro do que o boi pronto, típico de fase de virada de ciclo com perspectiva mais positiva para a cria do que para o abate no curtíssimo prazo.
O que explica a firmeza do bezerro
- Mecânica da arroba: com o peso médio de venda menor na parcial do mês, o preço por arroba tende a subir mesmo sem grande alta por cabeça.
- Ciclo pecuário: há expectativa de valorização do bezerro e redução do abate de fêmeas no horizonte, coerente com a transição de ciclo.
- Clima e pastagens: a escassez de capim em São Paulo “tem limitado a demanda” por categorias jovens; compradores mais conservadores e negócios travados descrevem o tom desta semana.
Por que o boi gordo não “anda”?
O Cepea aponta baixa liquidez e escalas preenchidas (contrato/gado próprio) como fatores que seguram as cotações no físico; em São Paulo, as negociações giraram entre R$ 310 e R$ 315/@, com pontuais a R$ 320/@. Em paralelo, as exportações de carne bovina começaram fortes em setembro, o que ajuda a dar piso para a arroba, mas ainda não detonou uma nova perna de alta no físico.
Tabela 2 — Vetores de preço para as próximas semanas
Forças de alta | Como atuam | Forças de baixa/limite | Como atuam |
Exportações em ritmo forte | Aumentam escoamento e reduzem oferta interna | Escalas abastecidas (contrato/gado próprio) | Tiram urgência do frigorífico no spot |
Sinal de “virada” do ciclo a favor da cria | Incentiva retenção; bezerro firme | Oferta de confinados concentrada | Pressiona boi pronto no curto prazo |
Consumo doméstico sazonal (fim de ano) | Suporta carcaças no atacado | Clima/pastagens piores que o normal | Travando reposição e achatando a demanda |
Falas dos analistas
- Cepea (11/set): mercado estável e baixa liquidez; escalas cheias com contratos/gado próprio reduzem compras no spot.
- Mariana Guimarães (Scot Consultoria): “Falta de capim tem limitado a demanda” e perfil conservador do comprador de reposição nesta semana.
- Ivan Formigoni (Farmnews): arroba do bezerro >R$ 420 na parcial e pico do ano em vista; curto prazo pode ter pressão do boi de confinamento, sem mudar a tendência de alta no longo prazo.
Cenários até dezembro
- Base (mais provável): Boi gordo lateral em SP (faixa R$ 310–R$ 320/@), com arranques curtos puxados por exportação/atacado; bezerro segue firme no MS, especialmente se as chuvas normalizarem.
- Altista: regularização de chuvas, reposição destrava e frigoríficos alongam escalas com mais spot; boi testa R$ 320+/@ de forma mais consistente.
- Baixista/pontual: oferta concentrada de confinados + clima ruim = pressão momentânea sobre o boi pronto e ritmo mais lento na reposição.
Estratégias práticas para o produtor
- Recria/engorda: manter compra escalonada e foco em ganho por área enquanto a chuva não firma; atenção ao custo de arroba produzida vs. relação bezerro/boi (~1,34).
- Venda do boi pronto: aproveitar janelas de melhora no atacado/exportação e fechar lotes quando o SP “a prazo” encostar em R$ 317–R$ 320/@.
- Hedge tático (B3): travas parciais para nov/dez podem proteger margem sem abrir mão de assimetria positiva se a chuva surpreender — calibrar com o histórico da fazenda e base local.
Em resumo
- Bezerro: firme e perto das máximas do ano.
- Boi gordo: estável em R$ 310–R$ 315/@ em SP, com negócios pontuais a R$ 320/@.
- Reposição: travada pelo clima e pelo perfil conservador do comprador.
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