
País desponta como potência tropical no avanço da bioeconomia e deve liderar transição da economia fóssil para a verde, chamada de bio-competitividade.
Em um cenário onde a população mundial deverá atingir cerca de 11 bilhões de pessoas até 2050, a pressão por segurança alimentar, energética e por insumos sustentáveis se intensifica. Dentro desse panorama desafiador, o Brasil emerge como uma potência estratégica, não apenas na produção de alimentos, mas também como protagonista na transição da economia fóssil para a bioeconomia verde. A nova tendência que já mobiliza discussões no setor é a “bio-competitividade”, conceito que coloca o agronegócio brasileiro no centro de uma revolução global.
Mais do que uma palavra da moda, bio-competitividade representa a capacidade de gerar produtos agrícolas, alimentares e não alimentares, com alta eficiência e valor agregado, com base no uso inteligente dos recursos naturais. Trata-se de uma resposta à demanda por soluções que aliem produtividade, sustentabilidade e inovação.
Hoje, o mundo produz aproximadamente 10 bilhões de toneladas de produtos agroindustriais, dos quais 6 bilhões são alimentos e 4 bilhões correspondem a produtos não alimentares – como celulose, algodão, borracha e diversos insumos industriais. É nesse segundo bloco que reside uma das maiores oportunidades para o Brasil.
Graças ao fabuloso poder da fotossíntese nos trópicos, o país ocupa uma posição privilegiada. Seu clima, solo e biodiversidade possibilitam uma produção intensiva e diversificada, que coloca o Brasil não só como maior fornecedor de proteína animal do mundo, mas também como líder nas cadeias produtivas de soja, milho e cana-de-açúcar.
Essa autossuficiência em insumos para ração animal, por exemplo, influencia diretamente o preço global da carne, o que muitas vezes gera tensões geopolíticas com outros países produtores.
Se antes o agronegócio era visto apenas como fornecedor de alimentos, hoje ele é também motor da inovação em energia e indústria. O país já é referência em biocombustíveis como biodiesel, etanol de cana e milho, biometano e biogás, derivados tanto de resíduos quanto de gramíneas. Essas fontes energéticas renováveis são consideradas peças-chave para setores como o de aviação, onde cresce a demanda por combustíveis sustentáveis (SAF).
Segundo especialistas, o Brasil tem condições técnicas e climáticas de liderar essa corrida. No entanto, investimentos robustos e políticas públicas consistentes são necessários para acelerar essa transição.
Além disso, a bioeconomia vem transformando não apenas a matriz energética, mas também setores como cosméticos, farmacêuticos, construção civil, transportes e até o setor naval e aéreo. A demanda global por bioprodutos — materiais e insumos derivados de processos agrícolas ou florestais — está aumentando exponencialmente.
Um dos marcos dessa transformação foi o salto de produtividade após a ascensão da China como potência agrícola e industrial. Com tecnologia e inovação, o país asiático reconfigurou seu agro, o que impactou diretamente o modelo brasileiro.
Impulsionado por esse movimento global, o agronegócio nacional também elevou sua eficiência e valor agregado, o que contribuiu para o fortalecimento da balança comercial brasileira. Hoje, o agro não só responde por uma fatia significativa do PIB como promove encadeamentos produtivos que vão do campo à cidade.
Apesar de todos os avanços, a bio-competitividade exige mais do que produção em larga escala. Ela pressupõe uma nova mentalidade estratégica, focada na integração entre produtividade agrícola, conhecimento científico, inclusão social e responsabilidade ambiental.
O Brasil tem potencial inigualável para liderar essa transição, mas ainda precisa fortalecer o debate sobre a importância dos produtos agrícolas não alimentares, que atualmente recebem pouca atenção nas discussões públicas.
Neste novo capítulo do agro mundial, o Brasil é apontado como o país tropical mais competitivo do planeta. Sua diversidade de biomas, clima favorável e avanço tecnológico fazem dele uma plataforma de bioindústrias a céu aberto.
Para consolidar essa liderança, no entanto, é necessário olhar além das commodities tradicionais e investir em ciência, tecnologia, infraestrutura e políticas públicas estáveis. O conceito de bio-competitividade pode ser a chave para destravar esse potencial e transformar o país não apenas no celeiro do mundo, mas também na indústria verde do futuro.
A transição está em curso — e o Brasil tem tudo para ser protagonista. O que falta, agora, é garantir que esse debate ganhe força, consistência e visão de longo prazo. Afinal, o futuro da agricultura será bio… e competitivo.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Sandro Batista faz história como o primeiro a conquistar dois títulos do Iron Cowboy
O peão conquistou a vitória ao parar em quatro dos cinco touros na final em Americana, garantindo um prêmio de R$ 123 mil
Como o conflito entre Israel e Irã afeta o agronegócio do Brasil
Escalada militar no Oriente Médio pode elevar os custos de insumos agrícolas, além de gerar incerteza sobre exportações para países islâmicos.
Continue Reading Como o conflito entre Israel e Irã afeta o agronegócio do Brasil
Arco recebe inscrições de ovinos de todo o Brasil para a Expointer 2025
Podem se inscrever associados de todo o Brasil até o dia 28 de julho. A entidade espera receber expositores de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, além dos gaúchos.
Continue Reading Arco recebe inscrições de ovinos de todo o Brasil para a Expointer 2025
Imagem com mais de 20 aviões alinhados em pista de fazenda em Goiás chama atenção
Vídeo de evento rural com mais de 20 aeronaves em fazenda de Goiás chama atenção nas redes
Continue Reading Imagem com mais de 20 aviões alinhados em pista de fazenda em Goiás chama atenção
O Porto do café brasileiro: Santos responde por 71% do valor das exportações nacionais
Patrocinadora do Coffee Dinner & Summit, Autoridade Portuária de Santos destaca liderança do complexo logístico no escoamento global do café.
Etanol é mais competitivo em relação à gasolina em 6 Estados, diz ANP
Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo.
Continue Reading Etanol é mais competitivo em relação à gasolina em 6 Estados, diz ANP