
Escalas cheias, consumo fraco e frango encalhado mantêm pressão sobre a arroba do boi gordo; Para quem tem animais padrão exportação, o “boi-China”, os valores seguem em R$ 315/@; confira
O mercado do boi gordo vive um momento de pausa estratégica, quase como uma “quarentena” forçada, à espera da resolução de um fator externo que tem bagunçado as engrenagens da cadeia de proteína animal: a gripe aviária. Embora não afete diretamente o gado, a doença tem provocado embargos temporários às exportações de carne de frango, aumentando o estoque interno dessa proteína e impactando os preços de todo o setor.
Diante disso, o boi gordo vê sua valorização travada, mesmo com exportações de carne bovina em ritmo acelerado. Para quem tem animais padrão exportação, o “boi-China”, os valores seguem em R$ 315/@, diante das exportações alcançando novos recordes.
Mercado físico do boi gordo: pressão contínua e escalas folgadas
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, as escalas de abate seguem confortáveis, com média de 8 a 9 dias úteis, o que reduz a urgência de compra por parte dos frigoríficos. A condição atual das pastagens, enfraquecidas com a chegada da seca, limita a capacidade de retenção dos pecuaristas, o que empurra a boiada para o mercado em um momento de baixa liquidez.
A cotação da arroba na maior parte do país se mantém estável, mas com viés de baixa. Confira as principais cotações atuais:
- São Paulo: R$ 304,00/@ (boi comum); R$ 315,00/@ (boi-China)
- Mato Grosso do Sul: R$ 301,02/@
- Mato Grosso: R$ 298,78/@
- Minas Gerais: R$ 289,29/@
- Goiás: R$ 286,07/@
A Agrifatto confirma que nas principais praças monitoradas (17 ao todo), não houve alteração significativa nas cotações no início da semana, evidenciando a calmaria do mercado. Entretanto, seis dessas regiões registraram queda na última sexta-feira (23), como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso.
Consumo interno e reposição ainda fracos
No atacado, os preços da carne bovina seguem estáveis, mas o ambiente de negócios continua delicado. A demanda por cortes dianteiros, mais baratos, domina, enquanto a ponta de agulha e o traseiro enfrentam baixa liquidez, reflexo direto da menor capacidade de compra do consumidor brasileiro.
- Quarto traseiro: R$ 23,90/kg
- Dianteiro: R$ 19,00/kg
- Ponta de agulha: R$ 17,80/kg
Apesar disso, a distribuição em São Paulo apresentou melhora leve nesta segunda (26/5), com expectativa de maior movimentação a partir de quarta-feira (28), impulsionada pelo fechamento de faturas e pagamentos a servidores.
Exportações aquecidas, mas sem força para puxar o mercado
Mesmo diante do cenário interno moroso, as exportações brasileiras de carne bovina seguem aquecidas e caminham para novo recorde em 2025, o que poderia ser um suporte importante para os preços. Porém, a pressão exercida pela carne de frango represada no mercado interno — por conta de embargos sanitários motivados pela gripe aviária — impede que essa força exportadora se traduza em valorização imediata.
Mercado futuro aponta melhora
Na B3, os contratos futuros mostram otimismo para o segundo semestre, tradicionalmente mais favorável para o consumo. O contrato de junho/25 subiu 1,53%, fechando a R$ 311,25/@, enquanto o de agosto/25 avançou 1,20%, para R$ 324,65/@, sinalizando expectativas positivas mesmo com o atual marasmo no físico.
O boi gordo está em compasso de espera. Escalas de abate cheias, consumo desaquecido e concorrência indireta com o frango encalhado colocam o pecuarista em alerta. Apesar do bom desempenho nas exportações e da recuperação tímida na distribuição interna, o mercado físico ainda deve enfrentar pressão nos próximos dias, até que os efeitos da gripe aviária se dissipem e a reposição ganhe ritmo.
Fique atento às movimentações do mercado e acompanhe as atualizações diárias para uma tomada de decisão estratégica.
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