China adia restrições sobre investigação das importações de carne bovina, Trump faz exclusão do tarifaço, e 13º salário; analistas veem cenário positivo para exportações e consumo interno
A arroba do boi gordo permanece firme em R$ 325 para o chamado “boi-China” — padrão de exportação com exigências sanitárias específicas — e todos os fatores do mercado indicam uma possível alta nas próximas semanas. O cenário favorável é impulsionado por dois acontecimentos internacionais de peso: o adiamento da investigação chinesa que poderia restringir as importações e o fim do tarifaço norte-americano, que volta a abrir portas para a carne brasileira nos EUA.
Investigação chinesa adiada mais uma vez
O Ministério do Comércio da China prorrogou novamente — pela segunda vez — a investigação sobre os possíveis impactos das importações de carne bovina em sua produção local. Agora, a análise segue até 26 de janeiro de 2026, diante da “complexidade do caso”.
A medida evita, ao menos temporariamente, o risco de imposição de barreiras comerciais como tarifas, cotas ou exigências sanitárias adicionais, que poderiam afetar diretamente grandes exportadores como Brasil, Argentina e Austrália.
A analista Beatriz Bianchi, da consultoria Datagro, alerta que o prolongamento gera incertezas, mas também mantém o canal de exportações aberto. “Temos uma China muito bem ofertada internamente, com uma produção robusta. Mas o adiamento sinaliza que ainda há interesse em manter a fluidez do comércio”, avalia.
Já para Even Rogers Pay, da consultoria Trivium China, o prazo curto da extensão sugere que as autoridades chinesas ainda não chegaram perto de uma conclusão. “Pode ser que todos precisem dessas semanas extras para finalizar as conclusões, especialmente considerando o fim de ano e os feriados”, comentou à Reuters.
EUA aliviam tarifas e animam mercado
Paralelamente, os Estados Unidos anunciaram a retirada de tarifas adicionais sobre mais de 200 produtos brasileiros, incluindo a carne bovina. O movimento cria um ambiente promissor para os pecuaristas brasileiros e amplia as oportunidades de diversificação de mercados — reduzindo a dependência da China.
Segundo os analistas da Agrifatto, a continuidade das exportações in natura para os EUA, aliada ao alívio da pressão chinesa, sustenta os preços da arroba neste fim de ano e pode acelerar o ritmo de embarques em dezembro.
Cotações estáveis e tendência de alta
De acordo com levantamento da Scot Consultoria, os preços da arroba nesta terça-feira (25/11) foram os seguintes:
- Boi gordo comum em SP: R$ 320,00
- Boi-China em SP: R$ 325,00
- Vaca gorda: R$ 302,00
- Novilha terminada: R$ 312,00
Já a média entre “boi comum” e “boi-China” calculada pela Agrifatto ficou em R$ 322,50/@ em São Paulo. Nas 16 outras praças monitoradas, a arroba seguiu em R$ 306,10.
Consumo interno também deve reagir
No mercado interno, há expectativa de aumento no consumo de carne bovina, com a injeção do 13º salário, pagamento da folha de novembro e os empregos temporários típicos das festas de fim de ano. Essa demanda sazonal, somada à boa oferta para exportação, cria uma “tempestade perfeita” para puxar os preços para cima nos próximos dias.
No atacado, os cortes bovinos já mostram firmeza:
- Quarto traseiro: R$ 25,75/kg
- Quarto dianteiro: R$ 19,25/kg
- Ponta de agulha: R$ 18,75/kg
Expectativas para dezembro: otimismo cauteloso no mercado do boi gordo
Ainda que haja apreensão com os desdobramentos da investigação chinesa, os analistas concordam que o cenário atual oferece mais fatores altistas do que baixistas para o boi gordo neste final de 2025. O câmbio, que fechou em R$ 5,3756, também ajuda a manter as exportações atrativas.
“A combinação de fim do tarifaço, prorrogação da investigação chinesa e aumento do consumo interno deve sustentar — e possivelmente elevar — os preços nas próximas semanas”, resume o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
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