
Enquanto as indústrias frigoríficas tentam pressionar os preços, os pecuaristas resistem à ideia de aceitar valores mais baixos, criando um cenário de negociações travadas e volatilidade no mercado do boi gordo.
O cabo de guerra entre pecuaristas e frigoríficos tem gerado tensões no mercado do boi gordo, resultando em movimentações estratégicas e incertezas sobre os rumos da arroba. Enquanto as indústrias frigoríficas tentam pressionar os preços, os pecuaristas resistem à ideia de aceitar valores mais baixos, criando um cenário de negociações travadas e volatilidade.
Segundo a Agrifatto, considerando uma “análise técnica clássica”, a confluência entre aumento do volume negociado (na B3) e queda nos preços (dos contratos futuros), “pode indicar uma reversão do movimento altista”.
Cenário atual e comportamento dos frigoríficos
De acordo com análises da consultoria Safras & Mercado, o mercado físico do boi gordo começou a semana com negociações limitadas. Muitos frigoríficos estão fora das compras, enquanto os que seguem operando tentam reduzir os valores pagos aos pecuaristas.
Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, afirma que o comportamento dos frigoríficos pode determinar os próximos passos:
“Os frigoríficos provavelmente abrirão o dia oferecendo preços mais baixos. Se o pecuarista aceitar esses preços, o jogo muda completamente.”
Além disso, diversas indústrias já anunciaram férias coletivas, medida que pode pressionar ainda mais o mercado nos próximos dias.
Preços médios da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país
- São Paulo: R$ 360,00/@
- Goiás: R$ 353,00/@
- Minas Gerais: R$ 334,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 342,00/@
- Mato Grosso: R$ 332,00/@
Indicador CEPEA/B3 e variações recentes
Segundo o CEPEA, o indicador do boi gordo registrou alta de 10,5% em novembro, encerrando o mês com a média de R$ 352/@. No entanto, nesta segunda-feira (2), o preço médio foi de R$ 351,80/@, marcando uma leve retração diária de -0,04%. Em dólar, a arroba ficou cotada a US$ 57,98.
Confira a evolução do indicador nos últimos dias:
- 02/12/2024: R$ 351,80/@ (-0,04%)
- 29/11/2024: R$ 351,95/@ (-0,04%)
- 28/11/2024: R$ 352,10/@ (-0,16%)
- 27/11/2024: R$ 352,65/@ (+0,18%)
Impacto no mercado futuro
Os preços futuros do boi gordo também sofreram forte pressão vendedora, atingindo limites de baixa na B3. O contrato de dezembro/24, por exemplo, caiu para R$ 319,80/@, menor patamar desde o final de outubro, segundo a Agrifatto. Esse movimento sinaliza um mercado descrente na manutenção dos preços atuais no primeiro semestre de 2025.
As variações semanais nos contratos futuros foram expressivas:
- Dezembro/24: -14,94%
- Janeiro/25: -15,95%
- Fevereiro/25: -15,57%
Apesar disso, a sexta-feira (29/11) apresentou uma leve recuperação, com o contrato de março/25 valorizando 1,75%, cotado a R$ 307,20/@.
Reflexos no mercado físico
Enquanto o mercado futuro sofre desvalorização, o preço nominal médio do boi gordo em São Paulo permanece em R$ 355/@, com o “boi-China” sustentando a demanda. Nas demais regiões monitoradas, a média ficou em R$ 320,90/@.
No entanto, o aumento do custo da carne no atacado tem gerado dificuldades para repasses. Pesquisadores do CEPEA destacam que a alta acumulada na carcaça bovina foi de 9,2% em novembro, alcançando R$ 23,92/kg na última apuração.
Quem ganha a disputa no mercado do boi gordo?
O mercado do boi gordo vive um momento crítico, com pecuaristas e frigoríficos em uma disputa que impacta tanto os preços atuais quanto as perspectivas futuras. Enquanto a oferta segue limitada, o comportamento dos agentes da cadeia determinará se o preço da arroba se mantém estável ou enfrenta novas quedas.
Quem ganha essa queda de braço? O desfecho dependerá da força dos pecuaristas em sustentar os valores atuais diante da pressão das indústrias. Por ora, o cenário segue marcado por incertezas e volatilidade
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Caravana do Agro percorre o país conectando produtores a oportunidades internacionais
Iniciativa já passou por 15 cidades brasileiras, interiorizando a cultura exportadora e ampliando o alcance do agro nacional no exterior.
Brasil recebe missão de auditoria do Japão para avaliação do Serviço Veterinário Oficial
A visita faz parte do processo de análise de risco conduzido pelo governo japonês, no âmbito das tratativas para a abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira.
Mapa realiza ação contra entrada irregular de produtos agropecuários no Noroeste do Rio Grande do Sul
Operação Ronda Agro LXXXIX do Vigifronteiras apreendeu mais de 50 toneladas de soja e quase 2.000 litros de produtos similares a agrotóxicos durante fiscalização.
Colheita de milho de Mato Grosso atinge 14,08% da área cultivada, diz Imea
No mesmo período do ano passado, produtores tinham colhido 37,57% da área, enquanto a média histórica para esta época é de 26,76.
Continue Reading Colheita de milho de Mato Grosso atinge 14,08% da área cultivada, diz Imea
Gastos de terceiro mandato de Lula crescem em ritmo de quase o dobro da receita
Com gastos crescendo acima da receita, o governo pode encerrar 2025 com déficit primário (sem contar juros para rolar débitos) equivalente a 0,77% do PIB.
Continue Reading Gastos de terceiro mandato de Lula crescem em ritmo de quase o dobro da receita
PCC está entre os maiores “proprietários de terra” do Brasil com mais de 511 mil hectares
Investigações apontam que a facção criminosa PCC utilizava fazendas para lavagem de dinheiro, logística de tráfico e, em volume de terras, rivalizava com os gigantes do agronegócio brasileiro; já são mais de 511 mil hectares bloqueados pela Justiça