
Mercado físico apresenta acomodação, com frigoríficos operando com escalas confortáveis e exportações sustentando preços do boi gordo
O mercado do boi gordo iniciou a semana de forma lenta e cautelosa, com preços acomodados e frigoríficos ainda avaliando o comportamento da demanda e das vendas no mercado interno. Embora o cenário seja de estabilidade, a expectativa entre pecuaristas é de reação com a virada do mês, quando o fluxo de salários deve impulsionar a reposição no atacado e no varejo.
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, o ambiente de negócios segue com tentativas pontuais de compra em patamares mais baixos, refletindo a postura defensiva das indústrias. “As escalas de abate ainda apresentam relativo conforto, especialmente entre os grandes frigoríficos, que contam com boa oferta de animais oriundos de parcerias e boi a termo”.
Apesar da postura mais contida nas compras, não há pressão significativa sobre os preços, já que a oferta de animais terminados permanece restrita, característica típica do período de entressafra, segundo informações da Scot Consultoria .
Exportações seguem firmes e sustentam o mercado
O desempenho das exportações de carne bovina continua sendo um dos principais pilares de sustentação do mercado. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou, em setembro (até o dia 20), 294,7 mil toneladas de carne bovina in natura, gerando receita de US$ 1,65 bilhão, com média diária de US$ 82,7 milhões .
Em comparação com setembro de 2024, houve alta de 52,9% no valor médio diário exportado, 23,6% na quantidade e 24,4% no preço médio por tonelada. Esses números reforçam o protagonismo do mercado externo, especialmente diante da demanda chinesa e do bom desempenho em novos mercados.
Cotações do boi gordo nas principais praças pecuárias
As principais regiões produtoras do país abriram a semana com estabilidade nas cotações do boi gordo, segundo levantamento conjunto de Safras & Mercado, Agrifatto e Scot Consultoria:
Praça Pecuária | Preço da Arroba | Variação Diária |
São Paulo | R$ 302,97 (Safras) / R$ 305 (Scot) / R$ 310 (Agrifatto) | Estável |
Goiás | R$ 287,14 | Leve alta |
Minas Gerais | R$ 285,88 | Estável |
Mato Grosso do Sul | R$ 318,75 | Leve baixa |
Mato Grosso | R$ 294,14 | Estável |
No caso do boi-China, as negociações permanecem em torno de R$ 308/@ em São Paulo, com poucos negócios concretizados na abertura da semana .
Mercado atacadista e expectativa para o início do mês
No atacado, os preços também apresentam acomodação, com o quarto traseiro cotado a R$ 23,00/kg, o dianteiro a R$ 17,00/kg e a ponta de agulha a R$ 16,50/kg .
A entrada dos salários na economia, no início de outubro, deve estimular a demanda interna, o que pode levar a uma reposição mais intensa entre atacado e varejo e abrir espaço para valorização da arroba.
Perspectivas
Mesmo com o mercado futuro apresentando certa pressão, a expectativa entre analistas é que o boi gordo encontre sustentação nas próximas semanas. As exportações aquecidas e o retorno da demanda interna devem ser fatores determinantes para uma virada positiva.
Enquanto isso, pecuaristas seguem cautelosos, segurando os lotes e aguardando melhores oportunidades de venda. A estratégia é “ficar na sombra”, observando o mercado, enquanto os frigoríficos definem suas ofertas para o início do mês.
Resumo do cenário:
- Mercado físico: estável e sem grandes negócios.
- Escalas: confortáveis, com 8 a 9 dias de abate.
- Exportações: firmes e crescentes, sustentando preços.
- Demanda interna: expectativa de melhora com a entrada dos salários.
- Cotações médias: São Paulo entre R$ 305 e R$ 310/@; Goiás e MT próximos de R$ 290/@.
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