
Preço do boi gordo recua em julho e acende alerta no mercado; Oferta maior e demanda enfraquecida pressionam arroba, que já acumula queda nas praças monitoradas pelo Cepea
Os preços do boi gordo seguem em queda no mês de julho, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Os gráficos mostram que, após atingir picos no mês de abril, o valor da arroba iniciou trajetória descendente e acumula recuo desde o fim de junho, especialmente nas praças do estado de São Paulo.
Nos últimos 6 meses, o preço da arroba chegou a ultrapassar os R$ 325/@ em abril, mas passou a cair de forma gradual, com destaque para a forte retração no mês de julho, quando o indicador se aproxima dos R$ 305/@.
Queda se intensificou nas últimas semanas
A análise dos últimos 30 dias evidencia essa tendência com maior nitidez: o preço, que girava entre R$ 315 e R$ 318/@ até meados de junho, caiu rapidamente após o dia 17, atingindo mínimas próximas a R$ 293/@ no início de julho. Apesar de uma leve recuperação pontual nos últimos dias, os preços ainda estão bem abaixo dos patamares registrados no mês anterior.
Oferta aumentou com pastagens secas e início do confinamento
Segundo os pesquisadores do Cepea, o aumento da oferta de bois para abate tem sido um dos principais fatores de pressão sobre os preços. A chegada do período seco deteriorou as pastagens, o que leva muitos pecuaristas a acelerar as vendas de animais. Além disso, o início das entregas dos primeiros lotes confinados começa a reforçar ainda mais a disponibilidade de boi gordo no mercado.
Por outro lado, a demanda interna segue relativamente enfraquecida, com o consumo ainda abaixo do esperado para o período. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda tem sido suficiente para manter o mercado pressionado.

Estabilidade pontual não reverte tendência
Embora nesta semana os negócios tenham ocorrido com preços mais estáveis em comparação com o período anterior, a tendência ainda é de cautela. Segundo o Cepea, não há sinais claros de reversão no curto prazo, especialmente diante da continuidade do clima seco e da pressão do confinamento.
Resumo agroclimático – impacto nas pastagens e na oferta
De acordo com o boletim Agroclima, o mês de julho tem sido marcado por estiagem em grande parte das regiões produtoras, o que agrava a condição das pastagens e obriga o pecuarista a reduzir o tempo de retenção dos animais. A situação deve se manter nas próximas semanas, com previsão de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas, cenário que tende a manter a oferta aquecida e os preços pressionados.
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