Boi gordo atinge R$ 338/@, mas fecha semana de olho no “problema China” 

Apesar das altas registradas em importantes praças pecuárias, boi gordo encerra a semana sob alerta com possível retração das compras chinesas, provocada por resíduos de fluazuron em carne brasileira

Cenário de valorização com nuances de preocupação. O mercado físico do boi gordo segue oscilando entre altas regionais e estabilidade, em um momento que combina fundamentos positivos — como o aumento do consumo interno e exportações recordes — com sinais de alerta vindos do maior comprador da carne brasileira: a China.

No Mato Grosso do Sul, os negócios chegaram a R$ 338/@, um dos maiores valores registrados no país nos últimos meses, segundo relatos do mercado. Momento positivo na pecuária Sul matogrossense.

Outras praças também apresentaram elevações ou manutenção nos preços, com destaque para:

  • São Paulo: R$ 325,08
  • Goiás: R$ 316,07
  • Minas Gerais: R$ 311,76
  • Mato Grosso: R$ 306,86 .

Exportações em alta, mas pressão cambial afeta margem

Conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou mais de 448 mil toneladas de carne bovina em outubro, um recorde histórico. O volume foi impulsionado pela diversificação dos destinos e pelo fortalecimento da imagem do Brasil como principal fornecedor global da proteína bovina .

A China se mantém como principal destino, respondendo por mais de 53% do total embarcado em 2025. Ainda assim, o recuo do dólar — cotado a R$ 5,3480 — tem reduzido as margens de exportação, especialmente nas vendas com contratos em moeda estrangeira .

“Problema China”: barreiras sanitárias reacendem cautela

Apesar dos números robustos nas exportações, o mercado opera com atenção redobrada após a detecção de resíduos de fluazuron acima do limite permitido em cargas enviadas à China. O produto é um inibidor de crescimento de carrapatos, e sua presença pode comprometer acordos sanitários com o país asiático. A repercussão imediata foi a redução na atuação de frigoríficos e um tom mais defensivo no mercado futuro.

“A expectativa é de que haja retração nas compras chinesas no curtíssimo prazo”, alerta Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado. “O mercado futuro já precificou esse movimento, e aguarda-se o resultado da investigação conduzida pela China” .

Oscilação nos contratos futuros do boi gordo

Enquanto o físico ensaiou valorização no início de novembro, o mercado futuro recuou. O contrato de curtíssimo prazo (novembro/25) na B3 fechou em queda de 1,38%, cotado a R$ 328/@, segundo levantamento da Agrifatto .

Atacado mostra firmeza com expectativa de curto prazo positiva

No mercado atacadista, os preços se mantêm firmes, sustentados pelo aumento do consumo doméstico típico do fim de ano. Entre os principais cortes, os valores seguem em patamares elevados:

  • Quarto traseiro: R$ 25,00/kg
  • Quarto dianteiro: R$ 18,75/kg
  • Ponta de agulha: R$ 17,75/kg .

Tendência é de valorização moderada no mercado do boi gordo, com atenção ao cenário internacional

A consultoria Agrifatto prevê manutenção da tendência de valorização no curto prazo, especialmente devido à dificuldade de formação de escalas por parte de frigoríficos de menor porte. No entanto, o comportamento do mercado internacional, especialmente o desfecho da investigação chinesa, será determinante para o ritmo de valorização nas próximas semanas.

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