A saturação da demanda doméstica por carne bovina, somada à dificuldade do atacado em absorver novos reajustes, tem provocado um forte recuo nos preços no mercado do boi gordo, intensificando a preocupação entre os pecuaristas.
A arroba do boi gordo, que chegou a atingir R$ 360 no pico das negociações, agora recua para cerca de R$ 310, gerando preocupação entre os pecuaristas e reflexões sobre os rumos do mercado no curto prazo. Nas regiões produtoras do Norte do Brasil, o cenário é ainda mais desafiador, com negociações abaixo de R$ 300 em diversas localidades.
De acordo com a Safras & Mercado, o avanço nas escalas de abate tem sido determinante para a continuidade dessa tendência de baixa. “A saturação da demanda doméstica de carne bovina, aliada à dificuldade do atacado em absorver novos reajustes, explica esse movimento”, destaca Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria.
Pelos dados da Scot Consultoria, os preços do boi gordo caíram novamente nesta sexta-feira (6/12), chegando em R$ 330/@ (no prazo, valor bruto) no mercado paulista, uma baixa de R$ 5/@ sobre quinta-feira (5/12). O “boi-China” acompanhou a tendência baixista, e fechou perdendo os mesmos R$ 5/@, batendo R$ 335/@, de acordo com a Scot.
Preços médios do boi gordo pelas praças pecuárias do país:
- São Paulo: R$ 326,25
 - Goiás: R$ 316,43
 - Minas Gerais: R$ 315,88
 - Mato Grosso do Sul: R$ 322,84
 - Mato Grosso: R$ 304,47
 
Contexto atual do mercado
O mercado físico apresenta baixa liquidez, refletindo um embate entre frigoríficos e pecuaristas. De um lado, as indústrias têm adotado uma postura cautelosa, testando preços mais baixos. Do outro, os produtores mostram resistência, especialmente aqueles com animais terminados em confinamento, o que aumenta a tensão nas negociações.
No atacado, os preços permanecem firmes, mas a demanda doméstica parece atingir o limite. “A população está priorizando proteínas mais acessíveis, como o frango, mesmo com a entrada do 13º salário em circulação”, pontua Iglesias.
- Quarto dianteiro: R$ 20,50/kg
 - Quarto traseiro: R$ 27/kg
 - Ponta de agulha: R$ 19,50/kg
 
Impactos regionais e nas escalas de abate
Os frigoríficos, ao ajustarem a velocidade das linhas de produção e pularem dias de abate, conseguiram manter escalas de 7 a 13 dias úteis, dependendo da região. Isso aliviou a pressão sobre a oferta, contribuindo para a redução nos preços.
- Pará: maior escala, com 13 dias úteis programados.
 - Rondônia e Tocantins: 9 a 11 dias úteis, em média.
 - São Paulo: escalas atendendo 9 dias úteis, com abates reduzidos.
 
Essas manobras refletem a cautela dos frigoríficos diante do consumo doméstico enfraquecido e da pressão internacional por preços mais competitivos.
Expectativas para o mercado
Apesar do cenário desafiador, há perspectivas de melhora no consumo de carne bovina até o final de dezembro, período que tradicionalmente registra maior demanda. Segundo a Scot Consultoria, essa melhora pode ajudar a sustentar os preços da arroba, mas o otimismo é moderado.
No campo internacional, o acordo Mercosul-União Europeia reacende as esperanças para as exportações brasileiras, mas também traz desafios quanto à adaptação aos padrões ambientais e sanitários exigidos.
E agora, o que esperar do mercado do boi gordo?
A queda para R$ 310/@, após o pico de R$ 360, reflete uma conjuntura de demanda interna saturada e ajustes estratégicos da indústria frigorífica. O momento exige cautela por parte dos pecuaristas, que precisam monitorar de perto os movimentos do mercado, especialmente no fim do ano.
Por outro lado, a recente recuperação das pastagens, favorecida pelas chuvas, pode trazer alívio para o manejo do rebanho, oferecendo maior flexibilidade nas negociações futuras. Ainda assim, o mercado interno precisa de estímulos para retomar o equilíbrio entre oferta e demanda.
O que se desenha, portanto, é um cenário de adaptação e resiliência, com os pecuaristas se ajustando às dinâmicas de um mercado cada vez mais competitivo e sensível às oscilações econômicas e climáticas.
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