
Escalas curtas, consumo interno em alta e disputa entre indústrias impulsionam preços do boi gordo em praças importantes do país; veja a cotação da arroba e o que esperar
O mercado físico do boi gordo voltou a registrar firme valorização em diversas praças pecuárias brasileiras nesta segunda quinzena de outubro, com cotações que já alcançam R$ 324 por arroba em Mato Grosso do Sul — maior média do país — e valores próximos a R$ 320/@ em São Paulo, segundo levantamento da Datagro e consultorias como Agrifatto e Cepea.
A escalada reflete um comportamento mais agressivo dos frigoríficos menores nas compras, em um momento de oferta limitada e escalas de abate curtas, cenário que inverteu a pressão do mercado e consolidou o viés de alta.
Escalas apertadas sustentam a alta
De acordo com o Cepea/Esalq, as negociações seguem firmes e em tendência de alta desde o início de outubro, com negócios em São Paulo entre R$ 305 e R$ 315, chegando pontualmente a R$ 320/@.
A instituição destaca que, embora parte da demanda dos frigoríficos ainda seja suprida por contratos com confinadores, as escalas de abate estão curtas e a procura no mercado de balcão aumentou.
A diferença entre a arroba e o equivalente a 15 quilos de carcaça é hoje a menor do ano, reforçando a boa rentabilidade para o pecuarista.
Frigoríficos de menor porte puxam as compras
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, os frigoríficos de menor porte continuam operando com escalas reduzidas e, por isso, atuam de forma mais agressiva nas compras de gado, o que ajuda a sustentar o avanço das cotações. Já as grandes indústrias ainda contam com confinamentos próprios e parcerias, o que suaviza um pouco o impacto sobre suas operações.
Mesmo assim, a menor oferta de animais prontos e o avanço da demanda interna, impulsionada pela entrada do 13º salário e o aumento do consumo de carne nas confraternizações de fim de ano, devem manter o mercado aquecido no curto prazo.
Mato Grosso do Sul lidera preços e São Paulo segue firme
O Indicador do Boi Gordo Datagro aponta que o Mato Grosso do Sul mantém a cotação média mais alta do país, com R$ 317,89/@, seguido por São Paulo, com R$ 309,37/@.
No entanto, as consultorias alertam que o ritmo de alta vem se espalhando: Rondônia, Tocantins, Pará e Bahia também registraram avanço nos preços ao longo da última semana, segundo a Agrifatto. “O chicote mudou de mãos”, avaliam os analistas da empresa, destacando que os frigoríficos agora jogam na defensiva e a pressão baixista praticamente desapareceu.
Mercado futuro e exportações
Na B3, o contrato de outubro/25 fechou a R$ 312,15/@, com leve queda de 0,4%, após sequência de ganhos. Apesar da correção técnica, o cenário segue positivo diante do equilíbrio entre oferta restrita e demanda consistente.
No mercado externo, após o feriado da Semana Dourada na China, os importadores asiáticos voltaram às negociações com cautela, pressionando os preços, mas os valores da carne bovina no atacado chinês mostram recuperação, atingindo US$ 9,21/kg, alta de 15% frente à mínima registrada em março.
Expectativas para as próximas semanas
Analistas projetam que o mercado seguirá firme até o final de outubro, sustentado pela demanda doméstica aquecida e oferta limitada de animais terminados.
A entrada gradual do período chuvoso tende a reduzir o ritmo de abate, o que deve prolongar o movimento de valorização em diversas praças. “Com escalas curtas e frigoríficos mais ativos, é provável que vejamos a arroba testar novas máximas nas próximas semanas”, projeta a Agrifatto.
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