
Mercado do boi gordo aquece em agosto com embarques históricos e deve manter firmeza com apoio do consumo interno em setembro; virada do mês promete novas altas nesta semana
O mercado físico do boi gordo brasileiro encerrou agosto em forte recuperação, após um período de acomodação no final de julho. A valorização da arroba foi sustentada principalmente pela demanda externa aquecida, que garantiu liquidez e preços firmes aos frigoríficos. O resultado foi uma alta de até 7,5% nos preços médios regionais, consolidando agosto como um dos meses mais positivos do ano para a pecuária de corte.
Segundo analistas, as exportações recordes de carne bovina foram o principal combustível dessa valorização, mas não o único. O cenário doméstico, ainda contido em agosto, pode ganhar protagonismo a partir de setembro, quando o pagamento dos salários tende a estimular o consumo de carne bovina, abrindo espaço para uma reposição mais ativa entre atacado e varejo.
Preços do boi gordo por região
Nas principais praças pecuárias do país, os números confirmam o avanço expressivo no mês. São Paulo (Capital) encerrou agosto com a arroba a R$ 310, valorização de 3,33% frente ao final de julho. Em Goiânia (GO), o salto foi de 7,02%, com a arroba a R$ 305.
Em Uberaba (MG), o preço atingiu R$ 305, um avanço de 5,17%. Já em Dourados (MS), a arroba chegou a R$ 315, aumento de 3,28% em relação a julho. No Mato Grosso (Cuiabá), a mesma cotação de R$ 315 significou alta de 6,78%, enquanto em Vilhena (RO) os preços subiram 7,55%, chegando a R$ 285/@.
Em alguns casos, sobretudo em lotes de animais terminados de maior qualidade, os preços chegaram a R$ 320/@ em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, conforme dados levantados pela Agrifatto. Isso demonstra que, além da força das exportações, a oferta de gado pronto para abate segue ajustada, o que aumenta o poder de barganha dos pecuaristas.
Atacado e consumo interno
O mercado atacadista acompanhou o movimento de valorização da arroba. O quarto traseiro foi cotado a R$ 22,90 por quilo, alta de 7,01% em relação ao final de julho. O quarto dianteiro também avançou, alcançando R$ 18,25/kg, aumento de 4,29%. Já a ponta de agulha permaneceu em R$ 17,25/kg, mantendo o equilíbrio entre oferta e demanda.
Esse comportamento reflete o ajuste no mercado doméstico, que ainda enfrenta concorrência com proteínas mais baratas, como o frango e a carne suína. Contudo, especialistas projetam que o consumo interno deve se fortalecer em setembro, quando a entrada dos salários favorece maior poder de compra da população e estimula a reposição de estoques no varejo.
Exportações recordes sustentam a alta
O grande destaque de agosto foi o desempenho das exportações. O Brasil embarcou 212,9 mil toneladas de carne bovina in natura (fresca, congelada ou refrigerada), com receita de US$ 1,192 bilhão até o dia 28 do mês. A média diária foi de US$ 74,55 milhões, o que representa alta de 70,1% em valor frente a agosto de 2024, além de crescimento de 34,7% no volume médio diário exportado e aumento de 26,3% no preço médio da tonelada, que alcançou US$ 5.602.
Esse resultado histórico reforça o protagonismo do Brasil no mercado internacional de carne bovina e explica a firmeza das cotações no mercado físico. Frigoríficos com foco em exportação aproveitaram o momento para avançar em suas escalas de abate, garantindo margem positiva mesmo diante da valorização da arroba.
Perspectivas para setembro
Para os primeiros dias de setembro, o ambiente de negócios deve permanecer sustentado. De um lado, a oferta de animais segue enxuta, já que muitos pecuaristas mantêm postura cautelosa e preferem ofertar lotes de maneira gradual, aguardando possíveis valorizações. De outro, a entrada dos salários tende a impulsionar o consumo interno, criando condições para novos ajustes nos preços da carne.
Analistas destacam que a combinação de demanda externa firme, consumo interno em recuperação e oferta ajustada tende a consolidar um cenário positivo no curto prazo. Assim, o mercado do boi gordo deve seguir com viés altista em setembro, mantendo o ritmo de valorização iniciado em agosto e reforçando o otimismo do setor pecuário.
O mês de agosto marcou a virada de fôlego para o boi gordo no Brasil, com alta de até 7,5% na arroba e exportações em nível recorde. Com um cenário de sustentação no mercado externo e perspectivas de aquecimento no consumo doméstico, a tendência é que setembro mantenha a firmeza nos preços. Para pecuaristas e frigoríficos, o momento representa um ciclo de oportunidades, mas também de cautela na gestão de oferta e negociações.
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