Boi gordo está acima de R$ 325/@, mas mercado trava à espera da “quebra do silêncio” da China

Resistência dos pecuaristas, melhora das pastagens e rumores sobre salvaguardas chinesas sustentam preços firmes no mercado do boi gordo enquanto frigoríficos reduzem compras e aguardam decisão marcada para 26 de novembro

O mercado do boi gordo vive dias de tensão e pouca movimentação, apesar de manter a arroba acima dos R$ 325/@ em São Paulo nas categorias destinadas à exportação. A combinação de frigoríficos retraídos, pecuaristas firmes nas pedidas e a expectativa pela decisão da China sobre possíveis salvaguardas cria um ambiente de estabilidade forçada, no qual ninguém quer dar o primeiro passo.

A expectativa gira em torno do dia 26 de novembro, quando deve ser concluída, por parte do governo chinês, a investigação sobre o impacto das importações de carne bovina brasileira e de outros países. Até que a resposta saia – ou que haja a “quebra do silêncio” com algum sinal antecipado – o mercado segue praticamente paralisado.

Pecuaristas resistem e seguram a boiada, mesmo com pressão dos frigoríficos

Segundo análises da Agrifatto, há pouquíssimos negócios sendo fechados no mercado físico. As indústrias continuam tentando impor pressão baixista, mas os pecuaristas rejeitam ofertas abaixo das referências atuais. As escalas de abate permanecem curtas, em torno de 7 a 8 dias úteis na média nacional, cenário que denota pouca fluidez nas compras.

Um dos pilares dessa resistência é a melhora significativa das pastagens após as últimas chuvas, o que permite aos produtores reter o gado sem a necessidade imediata de venda — fator essencial para segurar a arroba. Além disso, frigoríficos exportadores vêm adotando estratégias de contenção, com redução temporária de compras e até férias coletivas em algumas plantas que dependem fortemente do mercado chinês.

China no centro das atenções e impacto direto na B3

Os rumores sobre possíveis salvaguardas impostas pela China criaram um ambiente altamente especulativo nos mercados futuro e físico. Segundo analistas da Safras & Mercado, qualquer sinal vindo de Pequim pode redefinir, em questão de horas, o comportamento dos preços.

No entanto, mesmo diante da incerteza, a confiança permanece: o contrato jan/25 fechou a R$ 323,65/@, leve alta no comparativo diário, mostrando que o mercado futuro trabalha com viés de sustentação.

Cotações do boi gordo seguem estáveis, mas movimento é de cautela

Os levantamentos da Scot Consultoria mostram que o boi-China permanece em R$ 325/@, enquanto o boi gordo comum gira em torno de R$ 320/@ em São Paulo. Já a média nacional apontada pela Agrifatto ficou em R$ 306,10/@ nas demais 16 praças monitoradas.

Preços do dia (Scot Consultoria):

  • Boi comum: R$ 320/@
  • Boi-China: R$ 325/@
  • Vaca gorda: R$ 302/@
  • Novilha: R$ 312/@

A manutenção dos preços elevados no mercado doméstico também é fortalecida pela demanda interna aquecida, impulsionada pelo 13º salário, festas de fim de ano e contratações temporárias.

Mesmo com oscilações, novembro supera outubro

Os dados da Datagro mostram que a cotação média de novembro ainda é 4,4% maior que a registrada em outubro, mesmo com quedas pontuais observadas nos últimos dias. A média parcial do mês está em R$ 321,10, frente aos R$ 307,41 do mês anterior.

Essas oscilações recentes são explicadas pela redução do volume de animais entregues, reflexo direto do retorno das chuvas, da retenção no pasto e do período de estação de monta — que costuma diminuir a oferta.

Tudo depende da China

O mercado do boi gordo opera em um equilíbrio delicado:
• pecuaristas seguram firme,
• frigoríficos limitam compras,
• e a China mantém todos em compasso de espera.

Com a arroba acima de R$ 325/@, o cenário atual é de estabilidade cautelosa, mas com forte potencial de mudança imediata dependendo da decisão chinesa. Até lá, o setor segue atento — e silencioso — aguardando o próximo movimento do principal cliente da carne brasileira.

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