Boi gordo estaciona, mas viés de baixa segue firme, com frango invadindo o mercado interno

Mercado indica estabilidade nos preços do boi gordo nesta quarta, mas tendência segue negativa com frigoríficos retraídos, escalas curtas e consumo travado

O mercado do boi gordo apresentou estabilidade nas cotações nesta quarta-feira (21/5), após vários dias consecutivos de recuo nas principais praças pecuárias do país. Apesar disso, analistas apontam que o viés de baixa continua dominante, com frigoríficos operando com escalas curtas, pouca demanda e suspensão nas compras em alguns casos.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço da arroba do boi-China caiu R$ 2 e foi negociado a R$ 308/@ em São Paulo. O boi “comum” seguiu estável, cotado a R$ 306/@. Já a vaca gorda foi apurada a R$ 277/@ e a novilha a R$ 290/@, também em SP.

A Agrifatto confirma esse cenário, apontando que os preços do boi gordo se mantiveram estáveis nas 17 praças acompanhadas, com o boi “comum” a R$ 305/@ e o boi com padrão-exportação a R$ 315/@ nas negociações de balcão em São Paulo.

Oferta crescente e indústrias retraídas: mercado do boi gordo anda de lado

De acordo com os analistas da Agrifatto, o cenário de pressão permanece, sustentado por três fatores principais:

  1. Oferta crescente de animais terminados com o avanço da seca no Centro-Sul;
  2. Suspensão das compras por grandes frigoríficos, que ainda aguardam uma reorganização da demanda interna;
  3. Ritmo lento de negociação entre as indústrias menores, que também relutam em pagar mais por boiadas em meio à fragilidade do mercado.

A Scot Consultoria acrescenta que as escalas de abate das indústrias em São Paulo atendem, em média, a sete dias úteis, o que demonstra pouco apetite das plantas para ampliar a programação, reforçando a pressão sobre os preços pagos ao produtor.

Frango em excesso no mercado interno amplia dificuldade da carne bovina

Um fator novo e decisivo que ganhou força nesta semana é a invasão de carne de frango no mercado interno. A suspensão das exportações brasileiras do produto para países como a China — após um caso de gripe aviária no RS — deixou mais de 400 mil toneladas de frango disponíveis para o varejo nacional.

O resultado, segundo análise da Agrifatto, é um redirecionamento da demanda que pressiona o consumo de carne bovina, aumentando a concorrência e reduzindo o poder de barganha dos pecuaristas.

Com o mercado consumidor voltado para proteínas mais baratas, há risco iminente de recuo também nos preços da carne bovina no atacado, o que pode impactar diretamente as margens dos frigoríficos, já bastante comprimidas.

B3 reage com outubro em alta, mas clima é de cautela

Na contramão do mercado físico, os contratos futuros do boi gordo na B3 registraram alta nesta terça-feira (21). O contrato outubro/25 encerrou o dia em R$ 336,95/@, com valorização de 1,71%, segundo dados da própria bolsa.

Apesar do fôlego, analistas classificam o movimento como técnico, motivado por expectativas de melhora nas exportações e possível recomposição de preços mais à frente. Porém, a tendência de curto prazo segue pressionada pela conjuntura interna negativa.

Com boi gordo vendo arroba perto dos R$ 300, cenário exige atenção redobrada

Embora o preço da arroba em São Paulo ainda esteja acima dos R$ 300, a tendência de baixa segue firme, e a estabilidade observada hoje pode ser pontual. Com escalas curtas, frigoríficos comprando menos, excesso de frango no varejo e consumo travado, o produtor precisa atuar com cautela e monitorar os movimentos de forma mais cirúrgica.

A recomendação dos analistas é clara: avaliar o custo de manutenção dos animais, considerar opções de venda pontual e evitar negociar sob pressão. O mercado segue sensível e qualquer novo fato pode acelerar o recuo.

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