
O mercado físico do boi gordo se destacou ao registrar um novo recorde na última semana: a arroba está sendo negociada a até R$ 350,00 em São Paulo. Os preços ainda terão alta? Frigoríficos vão deixar?
Após um longo período de dificuldades – período seguindo em 2022 e 2023 , o mercado de pecuária vive uma retomada expressiva desde junho de 2024, com reflexos claros nas cotações da arroba do boi gordo. A aceleração no mercado se dá pela conjugação de fatores como exportações recordes, escalas apertadas e a valorização do boi-China. Contudo, o cenário ainda é de incertezas sobre a continuidade dessa alta e a reação das indústrias frigoríficas. Boi gordo já bateu os R$ 350/@, mas preços ainda terão alta? Frigoríficos vão deixar?
O mercado físico do boi gordo se destacou ao registrar um novo recorde na última semana: a arroba está sendo negociada a até R$ 350,00 em São Paulo. Essa valorização representa uma alta importante para o setor, especialmente considerando as condições desafiadoras enfrentadas pelas indústrias frigoríficas para manter as escalas de abate.
Exportações e a retomada do mercado
Os números das exportações de carne bovina brasileira impressionam. Em outubro de 2024, o país registrou recorde histórico de 270,33 mil toneladas exportadas, gerando uma receita de US$ 1,26 bilhão, segundo a Agrifatto. Esse desempenho reflete uma demanda externa aquecida, com destaque para o mercado chinês, principal destino da carne bovina brasileira.
A valorização da carne exportada também contribuiu para esse cenário. Em outubro, o preço médio da carne bovina brasileira subiu 3,25%, alcançando US$ 4.660 por tonelada, o maior patamar desde julho de 2023. Em reais, a valorização foi ainda mais expressiva, com o preço médio chegando a R$ 26.237 por tonelada.
Preços da arroba do boi gordo nas principais praças
No mercado interno, a arroba do boi gordo segue em alta. Os preços médios na modalidade a prazo, atualizados para 14 de novembro, são os seguintes:
- São Paulo (Capital): R$ 339,42, alta de 2,8% em relação à semana anterior.
- Goiás (Goiânia): R$ 331,43, avanço de 3,5%.
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 329,41, aumento de 2,9%.
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 325,68, alta de 1,7%.
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 314,59, estável.
- Rondônia (Vilhena): R$ 305, inalterado.
Esses avanços refletem a baixa oferta de animais terminados e a postura agressiva dos frigoríficos no mercado.
A força do boi-China e a reação dos frigoríficos
Um dos motores do mercado é o boi-China, que registrou valorização de R$ 5/@, atingindo R$ 345/@ no estado de São Paulo. Esse padrão-exportação, caracterizado por animais mais jovens e com até 30 meses, tem garantido um ágio de R$ 5/@ em relação ao boi comum, atualmente negociado a R$ 340/@.
Ainda assim, as indústrias frigoríficas adotam estratégias para equilibrar suas operações, como a redução de dias de abate e diminuição da velocidade nas linhas de produção. Essas ações começaram a surtir efeito, com as escalas de abate ganhando fôlego, especialmente no Pará (7 dias úteis) e Rondônia (8 dias úteis).
Desafios no mercado interno
Embora as exportações tenham sustentado os preços, o mercado interno enfrenta limitações. A carne de frango, mais barata, tem ganhado competitividade, pressionando o consumo de carne bovina. Os cortes de traseiro, por exemplo, mantiveram o preço estável em R$ 24,00/kg, enquanto o dianteiro segue cotado a R$ 19,50/kg.
Escalas de abate: termômetro do mercado
As escalas de abate, atualmente apertadas, refletem o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado do boi gordo, favorecendo a alta nos preços da arroba. A média nacional é de 4 a 5 dias úteis, um nível crítico para atender à demanda industrial.
Regiões como Pará e Rondônia apresentaram recuperação, alcançando 7 e 8 dias úteis, respectivamente. Já Minas Gerais registrou recuo, com escalas reduzidas a 4 dias úteis. Essa compressão é causada pela baixa oferta de animais terminados e por estratégias dos frigoríficos, como redução no ritmo de produção.
Apesar de alguns avanços, o mercado nacional segue com escalas curtas, o que mantém a pressão de alta sobre os preços. O cenário das próximas semanas será decisivo para avaliar se haverá estabilização ou continuidade das dificuldades.
O que esperar para os próximos meses no mercado do boi gordo?
Analistas, como Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, apontam para um ambiente de negócios ainda favorável à alta no curto prazo, dado o cenário de escalas apertadas e demanda externa aquecida. Contudo, há dúvidas sobre a força do mercado interno para absorver essa alta e sobre até quando os frigoríficos sustentarão essa postura agressiva.
Conforme a Agrifatto, as perspectivas para o final de 2024 são de continuidade no movimento de valorização, com possibilidade de preços atingirem níveis não vistos desde 2022.
Conclusão
O mercado do boi gordo parece finalmente ter tirado o “freio de mão”, com exportações recordes e preços aquecidos. No entanto, os desafios no mercado interno e as estratégias das indústrias frigoríficas devem ser monitorados de perto. A pergunta que fica é: os preços continuarão acelerando ou os frigoríficos aplicarão o “freio” para ajustar o mercado? O próximo mês será decisivo para essa resposta.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Boi gordo segue em alta e futuro já ultrapassa R$ 337/@; veja as cotações
Exportações aquecidas e oferta restrita impulsionam preços no mercado físico e futuro do boi gordo
Continue Reading Boi gordo segue em alta e futuro já ultrapassa R$ 337/@; veja as cotações
Bioinsumos on farm: Produtores comemoram derrubada de vetos à Lei do Autocontrole
Decisão de derrubada de vetos à Lei do Autocontrole, garante isenção de registro para bioinsumos produzidos na fazenda e fortalece segurança jurídica no campo
Continue Reading Bioinsumos on farm: Produtores comemoram derrubada de vetos à Lei do Autocontrole
Linhas de crédito alternativas para o agro ganham força no mercado
A empresa é especialista em crédito rural para compra de imóvel rural, além de fomentar crédito para capital de giro das operações na propriedade, custeio agrícola e compra de gado; confira as condições.
Continue Reading Linhas de crédito alternativas para o agro ganham força no mercado
Haras Zopone bate recorde histórico de faturamento e consolida o maior leilão de Três Tambores do Brasil
Evento superou R$ 18,8 milhões em faturamento e alcançou média de R$ 340 mil por lote, com 92% de liquidez. Diogo Zopone, proprietário do Haras Zapone, celebrou o feito ao lado da equipe, amigos e parceiros do cavalo Quarto de Milha.
Picape Foton Tunland V9 4×4 Ultimate “da China” chega com preço até 20% abaixo da concorrência
Modelo Foton Tunland V9 4×4 Ultimate promete balançar o mercado das médias com garantia de 10 anos, sistema híbrido leve, interior luxuoso e preço até 20% abaixo da concorrência; veja os detalhes
STF autoriza desapropriação por crimes ambientais e produtores temem pela insegurança
Decisão do ministro Flávio Dino prevê desapropriação de terras onde houver desmatamento ou incêndios criminosos, com responsabilização dos proprietários. Advogada aponta riscos e incertezas para o setor produtivo