
Mesmo com pressão dos frigoríficos, valores resistem e se mantêm firmes; exportações seguem como principal suporte ao mercado do boi gordo
O mercado físico do boi gordo encerrou a quinta-feira (25) com predominância de estabilidade nas cotações, contrariando as tentativas dos frigoríficos de reduzir os preços pagos ao produtor. Apesar do menor apelo ao consumo interno, os preços se mostram resistentes, sustentados principalmente pelo bom desempenho das exportações brasileiras de carne bovina.
De acordo com levantamento da Agrifatto, que monitora 17 praças pecuárias no país, apenas Goiás e Minas Gerais registraram leve alta nas cotações nesta quinta-feira. Nas demais regiões, o mercado manteve-se estável. Em São Paulo, o boi gordo foi negociado a R$ 310/@, sem ágio para o boi-China, enquanto nas outras praças a média nacional ficou em R$ 292,65/@.
Já os dados da Scot Consultoria indicam o boi comum a R$ 305/@ na praça paulista e o boi com padrão-China com ágio de R$ 3/@. A análise aponta que os grandes frigoríficos continuam amparados por contratos a termo e animais de confinamento próprio, o que reduz a necessidade de compras no mercado spot.
Exportações firmes e consumo interno fraco
Segundo a Agrifatto, a firmeza dos preços é explicada pelo ritmo forte das exportações, que compensam o consumo doméstico retraído. Com a última quinzena do mês marcada por menor poder aquisitivo da população, a demanda interna por carne bovina segue limitada. Ainda assim, os embarques ao exterior garantem suporte aos valores pagos ao pecuarista.
O analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, reforça que as exportações seguem sendo o principal ponto de sustentação do mercado, com resultados extremamente satisfatórios. Por outro lado, o mercado atacadista da carne bovina apresenta leve recuo, reflexo do baixo consumo no varejo.
Cotações regionais da arroba do boi gordo
Estado | Preço Atual (R$/@) | Variação |
---|---|---|
São Paulo | 304,08 | +0,33 |
Goiás | 286,79 | +0,18 |
Minas Gerais | 285,88 | +0,29 |
Mato Grosso do Sul | 319,89 | -0,25 |
Mato Grosso | 293,65 | +0,41 |
Atacado em leve queda, mas expectativa de melhora
O mercado atacadista enfrenta leve retração nos preços da carne bovina. O quarto traseiro foi cotado a R$ 23,00/kg (queda de R$ 0,35), o dianteiro a R$ 17,00/kg (queda de R$ 0,50) e a ponta de agulha apresentou alta de R$ 0,10, sendo negociada a R$ 16,50/kg.
Iglesias destaca que há expectativa de avanço na primeira quinzena de outubro, quando a entrada dos salários na economia tende a impulsionar a reposição ao longo da cadeia produtiva. Ainda assim, a carne de frango permanece mais competitiva, o que limita o espaço para valorização da carne bovina.
O dólar comercial encerrou o dia com alta de 0,72%, cotado a R$ 5,3655, o que ajuda a melhorar a rentabilidade das exportações de carne bovina e sustenta a firmeza dos preços pagos no mercado interno.
Mesmo diante de um cenário de consumo interno retraído e pressão dos frigoríficos, o pecuarista “trava a porteira” e mantém os preços da arroba estáveis, respaldado pelas exportações aquecidas e pela redução da oferta de animais terminados. A expectativa do mercado é de que a virada do mês e a reposição do varejo tragam fôlego ao consumo e possam influenciar altas pontuais nas próximas semanas.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.