Boi gordo recuou 6,5% em setembro, mas promete disparada em outubro; veja os motivos

Analistas apontam retomada da valorização da arroba do boi gordo diante do fim das chuvas, demanda interna aquecida e exportações recordes

O mercado do boi gordo encerrou setembro sob forte pressão baixista, acumulando queda de até 6,5% nas principais praças pecuárias do país. No entanto, o cenário para outubro é de reação, impulsionado por fatores como aquecimento da demanda interna, exportações recordes, redução na oferta de animais e melhora nas margens dos frigoríficos.

Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, a maior presença de animais de parceria garantiu conforto nas escalas de abate, especialmente para os grandes frigoríficos, que encerraram o mês com programações entre 8 e 9 dias úteis. Contudo, esse equilíbrio deve se alterar nas próximas semanas, à medida que o mercado interno ganha fôlego e a oferta tende a diminuir.

Setembro de queda: retração do boi gordo nas principais praças

De acordo com dados avaliados pelas principais consultorias, os preços da arroba encerraram setembro com retração significativa em boa parte do país:

PraçaPreço (30/09)Variação Mensal
São PauloR$ 300,00-4,76%
GoiásR$ 290,00-6,45%
Minas GeraisR$ 290,00-4,92%
Mato GrossoR$ 295,00-6,35%
RondôniaR$ 273,00-4,21%
Mato Grosso do SulR$ 320,00+1,59%

O recuo mais expressivo foi observado em Goiás e Mato Grosso, refletindo a pressão das indústrias para reduzir custos de aquisição em um momento de estoques ainda confortáveis e fraca demanda no atacado.

No mercado de cortes, o dianteiro recuou 6,85%, cotado a R$ 17/kg, enquanto o traseiro subiu levemente para R$ 23/kg, segundo a mesma análise.

Outubro promete virada: fatores que sustentam a alta

Apesar do cenário de queda, analistas projetam valorização gradual da arroba em outubro. O coordenador da Scot Consultoria, Felipe Fabbri, explica que o último bimestre tende a trazer maior firmeza na demanda interna, com a entrada do 13º salário, criação de empregos temporários e festas de fim de ano, fatores que tradicionalmente impulsionam o consumo de carne bovina.

Além disso, a retomada das chuvas incentiva a rebrota das pastagens, levando o pecuarista a reter animais para ganho de peso — reduzindo a oferta imediata e fortalecendo as cotações.

No atacado, o ritmo das vendas já melhorou, e há perspectiva de reajustes positivos nos preços dos cortes, sinalizando recuperação nas margens industriais.

Exportações recordes reforçam sustentação dos preços

Outro pilar da esperada reação é o desempenho robusto das exportações. Segundo dados da Secex, o Brasil embarcou em setembro 294,7 mil toneladas de carne bovina in natura, com receita de US$ 1,65 bilhão — um aumento de 52,9% no valor médio diário em relação a setembro de 2024.

O zootecnista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, destaca que o país pode superar pela primeira vez a marca de 300 mil toneladas exportadas em um único mês, mesmo com a queda do dólar, que reduz as margens da indústria exportadora.

“A exportação segue com desempenho excepcional apesar do ‘tarifaço’ norte-americano”, ressalta Fabbri. “No curto prazo, a cotação física da arroba poderá subir, conforme já apontam os contratos futuros na B3”, complementa.

Boi gordo começa a reagir: preços firmes e tendência de alta

Os dados mais recentes indicam início de reação nas cotações. De acordo com a Safras & Mercado, estados como São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Tocantins já apresentam negociações acima da média de referência.

PraçaPreço Atual (03/10)Variação Diária
São PauloR$ 307,92+0,65%
GoiásR$ 292,32+0,86%
Minas GeraisR$ 290,29+0,30%
Mato Grosso do SulR$ 319,55+0,25%

O mercado futuro acompanha essa tendência: o contrato de outubro/25 fechou na B3 cotado a R$ 309,10/@, valorização de 0,7% no dia.

Segundo Iglesias, da Safras & Mercado, “o encurtamento das escalas de abate é o elemento-chave a ser considerado”, e a demanda interna deve puxar os preços para cima nas próximas semanas.

Fabbri reforça: “Com o início de mês, salários pagos e menor oferta de animais, há espaço para a arroba subir, sustentada também pela exportação e pelo câmbio mais favorável”.


📊 Resumo da conjuntura

  • Setembro: queda média de 6,5%; oferta confortável e atacado fraco;
  • Outubro: início de reação; demanda interna aquecendo e exportações recordes;
  • Tendência: valorização gradual da arroba, com foco nas praças de São Paulo, Goiás e Minas Gerais;
  • Risco: dólar baixo reduz margem de exportadores, mas não impede alta.

O mercado do boi gordo vive um momento de transição, deixando para trás a pressão baixista de setembro e abrindo espaço para valorização nas próximas semanas. Com demanda interna em recuperação, exportações em ritmo histórico e oferta controlada, o ciclo de alta tende a ganhar força e a arroba pode voltar a operar acima dos R$ 310, especialmente nas praças do Sudeste e Centro-Oeste.

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