Demanda interna aquecida, exportações firmes e escalas curtas impedem queda nos preços; arroba do boi gordo já chega a R$ 327 em algumas regiões
O mercado do boi gordo iniciou a semana de 11 de novembro com valores firmes e tendência de alta em diversas regiões do Brasil, contrariando as expectativas de frigoríficos que buscavam pressionar por preços mais baixos. Mesmo diante de um cenário desafiador, os preços da arroba seguem sustentados por oferta restrita, consumo interno aquecido e ritmo forte de exportações.
Segundo Beatriz Bianque, analista da Datagro Pecuária, em entrevista ao Rural Notícias, as praças mais dependentes da alimentação a pasto estão com escalas de abate mais curtas, especialmente neste período de entressafra e transição das águas, o que limita a oferta de animais prontos para o abate e dá sustentação aos preços. Em São Paulo, por exemplo, a arroba gira em torno de R$ 321,94.
Já em estados onde os confinamentos ainda estão ativos, a disponibilidade é maior, mas o cenário ainda não é suficiente para derrubar os preços, em parte graças à relação de troca favorável entre boi e milho, que mantém o ritmo de terminação dos animais.
Frigoríficos enfrentam dificuldades com escalas curtas
Segundo análise da Agrifatto, os frigoríficos não têm conseguido reduzir os preços, operando com escalas médias de apenas sete dias úteis. “É uma tarefa árdua”, observam os analistas, destacando que houve leve aumento nos preços físicos nas praças do Maranhão e do Rio de Janeiro, enquanto nas demais regiões os valores se mantiveram estáveis.
A consultoria Safras & Mercado reforça essa avaliação, informando que, com ajustes nas escalas e maior concorrência por boiadas, frigoríficos estão sendo obrigados a pagar mais pela arroba em alguns estados. Os preços variam entre R$ 307,84 em Mato Grosso e R$ 327,16 no Mato Grosso do Sul.
Consumo interno e exportações aquecem o mercado
No front interno, o consumo de carne bovina apresenta sinais de melhora neste início de novembro, mesmo sem repetir o ritmo de alta de 2024. A proximidade das festas de fim de ano, com aumento da demanda por cortes de churrasco, deve reforçar essa tendência.
“O ambiente de negócios indica possibilidade de alta no curto prazo, impulsionada pelo décimo terceiro salário e pelas confraternizações de fim de ano”, avalia Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
Nas exportações, o desempenho da primeira semana de novembro foi considerado muito positivo, mesmo com incertezas sobre as relações sanitárias com a China. Ainda assim, a possível redução nos embarques para o país asiático devido ao Ano Novo Lunar pode elevar a oferta interna nas próximas semanas. Por outro lado, os Estados Unidos surgem como um mercado promissor, o que pode compensar eventuais perdas com a China.
Riscos e expectativas para o mercado do boi gordo
Em entrevista recente ao programa Mercado Pecuário, o economista Thiago Bernardino de Carvalho (Cepea/Esalq-USP) destacou que, embora o cenário atual seja mais estável, o histórico de 2024 — com quedas abruptas no valor da arroba após altas pontuais — ainda pesa no psicológico dos pecuaristas. A orientação, segundo ele, é de cautela e acompanhamento atento dos indicadores de mercado.
No mercado futuro, os contratos com vencimento em dezembro/25 fecharam o dia 11 de novembro cotados a R$ 321,15/@, com leve queda de 0,82%.
Resumo dos preços da arroba (11/11/2025):
- São Paulo: R$ 324,17
- Mato Grosso do Sul: R$ 327,16
- Goiás: R$ 319,82
- Minas Gerais: R$ 312,35
- Mato Grosso: R$ 307,84
Atacado bovino (por quilo):
- Quarto traseiro: R$ 25,00
- Quarto dianteiro: R$ 18,75
- Ponta de agulha: R$ 17,75
Mesmo diante da pressão dos frigoríficos, o mercado do boi gordo permanece firme, com viés de alta em importantes praças. As condições de oferta, consumo e exportação criam um cenário momentaneamente favorável ao pecuarista, embora mudanças no comércio com a China e a memória recente de volatilidade peçam atenção redobrada. O último bimestre de 2025 promete ser decisivo para definir o rumo do mercado da arroba.
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