
Mercado do boi gordo pelo país segue firme, principalmente, com oferta curta e exportações em ritmo acelerado, o que garante sustentação das cotações em importantes praças pecuárias.
O mercado do boi gordo atravessa setembro em um cenário de preços estáveis, mas sustentados por fatores estruturais que reforçam a perspectiva de valorização da arroba. A cotação média segue próxima de R$ 320/@ em São Paulo, especialmente no chamado “boi-China”, em meio a uma combinação de oferta restrita de animais prontos, consumo doméstico contido e exportações recordes de carne bovina.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, o boi comum no estado paulista está em R$ 315/@, a vaca em R$ 285/@ e a novilha gorda em R$ 303/@. Já o boi-China, padrão exigido para atender o mercado internacional, mantém-se firme em R$ 320/@.
Oferta limitada e impacto da seca
Pesquisadores do Cepea/Esalq explicam que a estiagem severa reduziu a disponibilidade de animais terminados a pasto, concentrando a comercialização em lotes de confinamento — em muitos casos vendidos via contrato a termo. Essa limitação na oferta ajuda a manter as cotações estáveis mesmo diante de um consumo interno mais retraído.
Para analistas do mercado físico, frigoríficos de grande porte ainda se beneficiam de escala de abate confortável, devido a contratos de parceria e confinamentos próprios. Esse cenário dá poder de barganha às indústrias, mas não derruba os preços do boi gordo graças ao suporte da demanda externa.
Exportações em ritmo recorde
O grande destaque do mercado é o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina, que atingiram 268,6 mil toneladas em agosto, um avanço de 23,5% em relação ao mesmo mês de 2024. Em receita, as vendas somaram US$ 1,5 bilhão, crescimento expressivo de 56% frente ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com dados da Secex, a média diária de embarques ficou em 12,7 mil toneladas, com preço médio de US$ 5.600 por tonelada. Trata-se do melhor resultado histórico para o mês de agosto, ficando pouco abaixo do recorde absoluto de julho, quando o Brasil exportou 276,9 mil toneladas.
Atacado reage e varejo acompanha
O mercado atacadista também registrou reajustes. O quarto traseiro foi cotado a R$ 24,00/kg, enquanto o dianteiro subiu para R$ 18,10/kg e a ponta de agulha para R$ 17,10/kg. Analistas apontam que a entrada dos salários no início do mês deve estimular a reposição entre atacado e varejo, fortalecendo ainda mais a sustentação das cotações.
Projeções e viés de alta
O histórico de setembro mostra que, entre 2010 e 2014, a arroba do boi gordo paulista subiu em 11 dos 15 anos analisados, com valorização média mensal de 3,5%. Se o mesmo padrão se repetir em 2025, o indicador B3 pode alcançar R$ 323,98/@ ainda neste mês. No cenário mais otimista, o valor pode superar os R$ 369/@, segundo análise de Raphael Galo, da Scot Consultoria.
Panorama do boi gordo nas praças pecuárias
As cotações médias nas principais regiões produtoras, segundo dados do mercado físico, foram:
- São Paulo: R$ 312,17/@
- Goiás: R$ 303,57/@
- Minas Gerais: R$ 299,12/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 319,66/@
- Mato Grosso: R$ 311,69/@
Mesmo com frigoríficos em posição confortável e consumo interno moderado, a combinação de oferta limitada e exportações em ritmo recorde mantém o mercado de boi gordo aquecido e com viés de alta. Para os próximos dias, o setor deve seguir atento ao câmbio, à reposição no atacado e ao comportamento das escalas de abate, que podem determinar se a arroba do boi gordo se consolidará acima dos R$ 320.
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