
Preços recuam em importantes praças produtoras, mas consumo aquecido e Dia das Mães ajudam a sustentar o mercado; O destaque do boi gordo continua a ser o mercado com destino a exportação que remunera melhor, frente ao boi comum
O mercado físico do boi gordo vive um cenário de pressão nos preços, com queda em importantes estados produtores como Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Ao mesmo tempo, a demanda aquecida e as boas vendas de carne no varejo atuam como um contrapeso à tentativa dos frigoríficos de forçar desvalorizações nas negociações com os pecuaristas.
Segundo a consultoria Safras & Mercado, os frigoríficos estão com escalas de abate confortáveis e aproveitam para testar o mercado com ofertas abaixo da referência. Ainda assim, as escalas continuam avançando, demonstrando que há escoamento da produção.
Confira a média das cotações da arroba do boi gordo nesta terça-feira (6/5):
- São Paulo: R$ 318,75 (queda ante R$ 319,58 de ontem)
- Goiás: R$ 298,21 (ante R$ 299,11)
- Minas Gerais: R$ 303,53 (ante R$ 311,18)
- Mato Grosso do Sul: R$ 314,43 (ante R$ 320,34)
- Mato Grosso: R$ 318,04 (ligeira queda ante R$ 318,85)
Sete das 17 praças monitoradas pela Agrifatto apresentaram queda nas cotações, enquanto as demais mantiveram estabilidade. O preço do “boi comum” em São Paulo está em R$ 315/@, e o “boi-China” segue a R$ 325/@.
Frigoríficos resistem a pagar mais, mas consumo cresce
Apesar da tentativa de barganha, os frigoríficos enfrentam um obstáculo: a recuperação da demanda. A primeira quinzena de maio, tradicionalmente mais aquecida por conta da entrada de salários e das compras para o Dia das Mães, tem impulsionado as vendas no atacado e no varejo.
De acordo com a Agrifatto, as vendas de carne bovina foram fortes no último fim de semana, o que também se reflete no começo desta semana.
Mesmo assim, os frigoríficos mantêm escalas de abate em média de 9 dias úteis e seguem com postura cautelosa nas negociações.
Atacado mantém preços firmes
O mercado atacadista segue firme, especialmente com a aproximação do Dia das Mães. Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, a expectativa é de preços estáveis ou em leve alta para os principais cortes.
Atualmente, os valores praticados são:
- Quarto traseiro: R$ 25,00/kg
- Quarto dianteiro: R$ 20,50/kg
- Ponta de agulha: R$ 18,50/kg
As negociações com o setor atacadista previstas para a quinta-feira (8/5) devem ser favorecidas pela expectativa de boa reposição nas gôndolas do varejo, aproveitando o feriado do domingo seguinte.
Mercado futuro do boi gordo mostra otimismo
Na B3, os contratos futuros do boi gordo fecharam em alta na segunda-feira (5/5). O destaque foi o vencimento para julho/25, que terminou o pregão cotado a R$ 324,60/@, com valorização de 1,74% frente à sexta-feira anterior.
Esse movimento indica certa confiança do mercado em uma recuperação mais consolidada dos preços, amparada pela melhora na demanda e estabilidade do consumo interno.
Câmbio pressiona custos
O dólar comercial encerrou o dia em alta de 0,36%, cotado a R$ 5,7103 para venda. A moeda norte-americana chegou a oscilar entre R$ 5,6930 e R$ 5,7380, o que pressiona custos de importação e pode afetar a competitividade da carne brasileira no exterior.
O boi gordo segue travado entre a força da demanda doméstica e a tentativa dos frigoríficos de baixar as cotações. A disputa deve se intensificar nos próximos dias, mas eventos como o Dia das Mães podem dar fôlego aos preços, especialmente no atacado. Já no mercado futuro, o cenário é mais otimista, sugerindo possível reversão do ciclo de baixa nos próximos meses.
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