Boi gordo segue firme a R$ 270/@ pressão da “entressafra”

Mercado físico do boi gordo segue em alta com pressão da entressafra e demanda intensa para o mercado externo e consumo interno. O ambiente de negócios volta a sugerir pela continuidade deste movimento no curto prazo.

O mercado físico do boi gordo no Brasil continua registrando elevação nos preços, conforme apontaram as principais consultorias que acompanham o mercado pecuário diariamente. Ainda segundo elas, o cenário é impulsionado pela oferta restrita – pressão de entressafra – e pela forte demanda tanto no mercado interno quanto nas exportações de carne bovina in natura.

Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, aponta que o ambiente de negócios indica a continuidade desse movimento no curto prazo. A oferta limitada de gado para abate tem encurtado as escalas de abate dos frigoríficos, criando um cenário de alta para o preço da arroba.

Em São Paulo, a Scot Consultoria divulgou que, no último levantamento, o boi gordo apresentou uma valorização de R$ 3/@, chegando a R$ 260/@. Já as fêmeas, como vacas e novilhas, também tiveram uma alta expressiva de R$ 5/@, atingindo R$ 240/@ e R$ 255/@, respectivamente. O “boi-China”, que atende às exigências do mercado chinês, mantém uma cotação diferenciada, valendo R$ 265/@, o que representa um ágio de R$ 5/@ sobre o boi comum.

No Mato Grosso do Sul, o cenário também é positivo, com a arroba do boi comum e do boi-China cotadas a R$ 270/@. A vaca gorda e a novilha são negociadas a R$ 245/@ e R$ 250/@, respectivamente, com escalas de abate alcançando cerca de cinco dias.

A Agrifatto, consultoria que acompanha o mercado em 17 praças brasileiras, destaca que 14 dessas regiões apresentaram valorização nas cotações, incluindo estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso, e Minas Gerais. A média de preço da arroba nessas localidades subiu para R$ 246,65/@, enquanto as escalas de abate permanecem curtas, com a média nacional de seis dias.

“Os frigoríficos enfrentam dificuldades em ampliar essas escalas, devido à demanda elevada, o que dá aos pecuaristas margem para negociar com preços mais elevados”, explicou a Agrifatto.

Preço médio da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país

  • São Paulo: R$ 269,00/@
  • Goiás: R$ 260,00/@
  • Minas Gerais: R$ 260,00/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 270,00/@
  • Mato Grosso: R$ 234,00/@

Mercado futuro e atacadista

No mercado futuro, o contrato do boi gordo com vencimento para outubro de 2024 na B3 está cotado a R$ 268,05/@, praticamente estável em relação à última sessão, com leve alta de 0,04%. A expectativa é que a entressafra intensifique a pressão sobre os preços no próximo mês, principalmente com a continuidade da oferta limitada.

No mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem firmes, com expectativa de alta no início de outubro, favorecida pela entrada dos salários e o aumento do consumo no varejo. No entanto, o analista Fernando Iglesias alerta para a possível perda de competitividade da carne bovina em relação às outras proteínas, como a carne de frango, que apresenta preços mais acessíveis. Atualmente, o quarto traseiro está cotado a R$ 19,90/kg, enquanto a ponta de agulha e o quarto dianteiro seguem em R$ 15,00/kg e R$ 15,15/kg, respectivamente.

O cenário reflete o equilíbrio instável entre oferta limitada e demanda aquecida, sugerindo que os pecuaristas devem continuar aproveitando as condições favoráveis para negociar com margens melhores. A alta nos preços é, portanto, um reflexo das pressões típicas da entressafra, e tudo indica que esse movimento de valorização se estenderá nas próximas semanas.

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