
Apesar da pressão dos frigoríficos e do avanço da safra, mercado do boi gordo resiste à queda, sustentado pelo forte desempenho das exportações brasileiras de carne bovina
O mercado físico do boi gordo continua apresentando resiliência nos preços, especialmente no segmento premium destinado à exportação. Mesmo diante da pressão das indústrias frigoríficas para reduzir os valores da arroba, as cotações seguem firmes, sustentadas pela forte demanda internacional e pela disputa entre compradores e vendedores no cenário interno. Exportações históricas garantem sustentação, confira abaixo!
Segundo dados da Agrifatto, o Brasil embarcou 286,16 mil toneladas de carne bovina in natura e industrializada em abril de 2025, o maior volume da história para o mês e o terceiro mês consecutivo de recordes mensais. O desempenho representa um avanço de 15,8% sobre abril de 2024, com receita total de US$ 1,22 bilhão, o que corresponde a um crescimento de 42% na comparação anual.
Esse ritmo acelerado de exportações — especialmente para a China e outros mercados asiáticos — tem sido determinante para a manutenção do preço da arroba do “boi-China” em R$ 325,00 nas principais praças. Já o boi comum é negociado em torno de R$ 315,00/@ em São Paulo, conforme dados da Agrifatto e da Scot Consultoria.
Indústria tenta baixar preços, mas sem sucesso
Apesar da ofensiva dos frigoríficos para baixar os preços — motivada pela chegada da segunda quinzena de maio, marcada por menor poder de compra do consumidor e maior oferta de boiadas de pasto —, a tentativa ainda não surtiu efeito prático. A maioria das praças monitoradas manteve as cotações estáveis nesta quinta-feira (8), com quedas pontuais em apenas três das 17 regiões avaliadas (AC, RJ e RO) .
A estabilidade das escalas de abate, que atendem em média a nove a dez dias úteis, também indica que a indústria não está desesperada por compras, mas o cenário ainda é de disputa por preços.
Atacado começa a sentir a retração do consumo
No mercado atacadista, os preços da carne começaram a recuar. O quarto traseiro caiu para R$ 24,00/kg, enquanto o quarto dianteiro ficou em R$ 19,50/kg e a ponta de agulha em R$ 18,00/kg . As charqueadas, inclusive, ofertam cortes com R$ 0,50/kg abaixo da média da semana anterior, o que sinaliza uma diminuição no ritmo de consumo do varejo, típica da segunda metade do mês .
Perspectivas para o valor do boi gordo
A tendência é que, com o avanço da seca e o aumento do abate de fêmeas, haja uma oferta crescente nas próximas semanas, o que pode gerar pressões adicionais sobre os preços. No entanto, a demanda externa aquecida ainda funciona como uma espécie de “colchão de proteção”, sustentando a rentabilidade do setor.
No mercado futuro, os contratos para o boi gordo na B3 refletem o clima de incerteza: o contrato para outubro/25 fechou a R$ 339,60/@ (+0,50%), enquanto o contrato de maio caiu para R$ 308,50/@ (–0,21%), mostrando volatilidade e expectativas divididas .
Resumo das cotações do “boi-China” (08/05/2025):
- São Paulo: R$ 325,00/@
- Mato Grosso do Sul e Mato Grosso: R$ 320,00/@
- Minas Gerais: R$ 305,00/@
- Goiás: R$ 305,00/@
- Tocantins e Pará: R$ 295,00/@
Mesmo diante de um ambiente interno desafiador, o mercado do boi gordo mostra força e estabilidade no início de maio, com destaque para o “boi-China”, cuja valorização se ancora na robustez das exportações. A disputa entre pressão de oferta e sustentação via comércio internacional define o atual momento do setor, que ainda promete capítulos decisivos nas próximas semanas.
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