Boi gordo segue na corda bamba, mas preço fica estável; confira as cotações da arroba

Mercado físico do boi gordo resiste à pressão de frigoríficos, mas consumo interno fraco e maior oferta de animais mantêm cenário de incerteza

Apesar do aumento na oferta de boiadas e do enfraquecimento da demanda interna por carne bovina, os preços do boi gordo permaneceram estáveis nas principais praças do país nesta quinta-feira (15/5). Analistas de mercado alertam, no entanto, que essa estabilidade pode ser temporária, já que o setor frigorífico segue operando com escalas confortáveis e pressiona negativamente as cotações.

Segundo levantamento da Agrifatto, o boi gordo “comum” foi negociado a R$ 310/@ em São Paulo, enquanto o animal padrão-exportação (“boi-China”) alcançou R$ 320/@. A consultoria destacou que as indústrias atuam com cautela e compram apenas o necessário para manter escalas de abate entre 8 e 9 dias úteis.

A Scot Consultoria confirma esse panorama de estabilidade, mas destaca que muitos frigoríficos em São Paulo estão com escalas bem abastecidas. De acordo com seu levantamento, os preços na região paulista estão assim:

  • Boi gordo “comum”: R$ 313/@
  • Vaca gorda: R$ 277/@
  • Novilha gorda: R$ 295/@
  • Boi-China: R$ 317/@

⚠️ Todos os valores são brutos e com prazo.

Consumo interno perde fôlego

Mesmo com exportações de carne bovina in natura em alta na primeira quinzena de maio, o consumo interno segue desaquecido, principalmente na segunda metade do mês. Com isso, o atacado opera sob pressão, refletida em ajustes negativos e sustentação fraca nos preços da carne com osso e da desossada.

A maior oferta de animais, provocada pelo fim do período chuvoso e a consequente queda na qualidade das pastagens, também pressiona os preços para baixo. Muitos pecuaristas têm antecipado a venda de lotes ainda não totalmente terminados, reforçando a tendência de baixa no mercado da arroba.

Mercado futuro do boi gordo: oscilações indicam incerteza

No mercado futuro, os contratos do boi gordo mostraram variações mistas. O destaque negativo foi o contrato com vencimento em junho/25, que encerrou cotado a R$ 305,05/@, queda de 0,76% em relação ao dia anterior, segundo a Agrifatto.

Atacado e varejo travados

As vendas de carne com osso no atacado paulista praticamente pararam nesta semana. A carne desossada também apresentou queda no giro e nos preços, acumulando estoques e gerando atrasos de até dois dias nas descargas.

Com estoques parados, a devolução parcial de mercadorias aumentou significativamente, levando frigoríficos a expedir cargas sem destino definido, numa tentativa de liberar espaço nas câmaras frias.

Esse cenário resulta em queda moderada nos preços da carne com osso, inclusive para o setor industrial, com destaque para as charqueadas, que já sinalizam intenção de reduzir em R$ 1/kg o valor da ponta de agulha, segundo apuração da Agrifatto.

Produção animal cresce no 1º trimestre e reforça recuperação

Mesmo diante do cenário desafiador, os números do primeiro trimestre de 2025 indicam uma recuperação gradual da pecuária de corte:

  • O Brasil abateu 9,71 milhões de cabeças de bovinos sob inspeção oficial — alta de 3,8% em relação ao mesmo período de 2024.
  • O volume de carcaças bovinas chegou a 2,45 milhões de toneladas, crescimento de 1,6% na comparação anual, apesar de leve recuo trimestral.

Esses dados demonstram força do setor agropecuário, mesmo em meio a um ambiente de preços pressionados e consumo interno instável.


Resumo do mercado em 15/05/2025:

  • Boi gordo comum (SP): R$ 310 a R$ 313/@
  • Boi-China (SP): R$ 317 a R$ 320/@
  • Mercado futuro (junho/25): R$ 305,05/@
  • Consumo interno: em queda
  • Atacado: travado, estoques elevados
  • Produção de carne bovina (1º tri): +3,8% nos abates

O mercado do boi gordo segue em equilíbrio instável. Embora os preços estejam temporariamente firmes, os sinais de fragilidade seguem latentes, e a expectativa é de que a pressão baixista continue nas próximas semanas.

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